Capítulo 1

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     Marina


Eu sempre fui muito centrada nos estudos e nunca fui uma pessoa dada a namoro escondido, nem a festas com coisas ilícitas. Porém não tenho como controlar meu coração e, infelizmente, ele sempre gostou dos "carinhas errados". Primeiro foi o Matheus, do segundo ano do ensino médio; depois foi o Brian, do primeiro ano. Mas quem meu coração sempre amou mesmo, em segredo, foi o Thales. O apelido dele é Tubarão, mas acho melhor você nem querer saber o motivo de chamarem ele assim.

A única pessoa que sabe desse amor que sempre nutri por ele é minha melhor amiga, Elísia. Coitada, desde o primeiro ano do ensino médio me ouvindo falar desse cara como se ele fosse mudar de comportamento um dia e ser meu namorado.

Mas eu não acredito em tudo o que falam dele por aí. Eu nem conheço o homem de perto para saber o que ele realmente faz ou deixa de fazer, então não posso falar nada. Nem do Matheus e do Brian eu posso falar, pois apesar de ouvi-los comentando pelos cantos sobre as festas que frequentam, eu bem sei que homens têm mania de aumentar a história.

— Marina! Adivinha quem está ali na Praça Quinze? — Elísia chega, já esbaforida, me contando os babados. Tá pra nascer mulher mais fofoqueira que ela.

— Não sei, né, sua doida? Não estava lá na praça pra ver!

— Nossa! Você tá tão seca, o que houve?

— Nada, estou normal, ué!

— Nem vem, dona Marina Barros! Eu te conheço, não é de hoje, para saber que tem algo pegando aí. Então vamos lá pra dentro agora mesmo e a senhorita vai me contar tudo.

Sem opção, concordo com a cabeça e caminho pela varanda, em direção à porta da minha casa. Realmente tem algo me incomodando e deixando chateada, mas não estou com vontade de compartilhar com minha melhor amiga o que está me deixando mal. Ao menos não agora. No entanto, como sei que ela vai me perturbar até me tirar do sério para que eu conte, é melhor falar logo. Ao menos meus pais não estão em casa no momento, caso contrário a vergonha seria ainda maior, pois eles descobririam algo tão importante de uma forma desengonçada.

— O Thales tá namorando! — Jogo assim, na lata mesmo. Quem sabe falando alto entra na minha cabeça, de uma vez por todas, que eu não vou ter minha vez com ele?

Elísia fica de boca aberta por alguns segundos, esperando que eu desminta, mas não tem nada para desmentir. Então, quando ela percebe que não vou falar mais nada, me abraça e fala suavemente, olhando em meus olhos:

— Bom, não sei nem por onde começar! — Elísia faz uma pausa, provavelmente tentando organizar os pensamentos. — Isso até que é bom, pois mostra que ele não é como falam por aí, só tem os amigos errados mesmo. Porém, isso com certeza te abalou.

— É, estou abalada, mas, apesar de tudo, estou bem. No fundo, eu torcia para que ele assumisse um compromisso com alguém, mesmo que eu não fosse essa pessoa — respondo, com um dar de ombros e a cabeça baixa.

— Vem cá: como você ficou sabendo que ele tá namorando? — Elísia pergunta de repente, parecendo ignorar minhas últimas palavras.

— Eu vi no Instagram dele — retruco, assoprando o ar com toda força que consigo exercer no momento.

— Mas, amiga, tem algo de errado. O Thales tá ali na praça com o grupinho dele, inclusive o Matheus e o Brian. Você acha que, se fosse verdade, ele estaria com os amiguinhos dele em pleno sábado à tarde?

— Eu sei lá, Elísia! Talvez ele vá encontrar a namorada depois?

— Pode ser, mas isso tá me cheirando mal. E você, mocinha, apesar de visivelmente abalada, está muito calma para o meu gosto. Pode me contar. Estou aqui e, da mesma forma que seu segredo foi mantido até agora, vai continuar sendo mantido até eu morrer.

Por um triz degustação (Livro Disponível na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora