Capítulo 2

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     Marina


Eu e Elísia terminamos de organizar tudo para a minha festa e agora estamos mortas, tentando descobrir como iremos nos arrastar para o banho. Só meus pais mesmo para terem essa ideia doida de deixar o baile de formatura ser aqui em casa, com a minha festa de aniversário.

Eles vieram com aquela historinha de que seria uma festa só e que sairia mais barato, pois a gente não precisaria pagar a escola para ter a festa de formatura, enquanto eu só acho que não vale a pena ficar chorando por alguns gastos, afinal, quando morrermos vai ficar tudo por aqui mesmo.

Mas, nossa! Estou acabada por conta desses preparativos todos. Tudo o que preciso é de um banho revigorante.

— Fala, Thales! Que honra te receber em minha casa!

Escuto meu pai recebendo os convidados e meu coração falta pouco para sair pela boca, só por ouvir o nome do cidadão.

Calma, Marina! Ele deve ter vindo como convidado de alguém da escola. Nunca que ele viria para sua festa, nunquinha, falo comigo mesma, enquanto deixo a água refrescante do chuveiro clarear meus pensamentos e normalizar as batidas do meu coração.

— Marina do céu! Tem algo definitivamente errado! Não é possível, mas não é mesmo!

Ai, Elísia! Só podia ser ela para atrapalhar meu momento relaxante. Tem horas que minha amiga esquece o que significa invasão de privacidade.

— Oh, mulher! O que foi dessa vez? Não vai tomar seu banho e se arrumar não? — Questiono, sem ânimo algum.

— Eu já estou pronta, querida! Não fiquei enrolando igual a você. Mas acho melhor eu não contar, é melhor você mesma ver com seus próprios olhos.

— Ahaha, mas você vai contar! Chegou aqui toda esbaforida, atrapalhando meu momento relaxante, pra agora não contar? Pode ir falando — esbravejo, com uma gretinha da porta aberta.

Elísia põe as mãos para o alto:

— Aff! Ok, vou falar e sair correndo. Só não surta! Eu tenho certeza que o Thales não está namorando. Ele tá lá fora e não tem mulher nenhuma com ele. A não ser que... A não ser que ele jogue do outro lado e um daqueles meninos que você já teve uma queda também...

Será? Não, não pode ser! Eu ainda ficaria menos magoada se o que dizem por aí sobre ele fosse verdade, mas isso? Isso não. Definitivamente não!

— Tá aí ainda, Marina? — Elísia me tira do transe.

— To sim. Tô só tentando digerir essa possibilidade aqui na minha mente! Mas depois dessa, vou terminar meu banho logo.

*****

A festa vai rolando e minha mãe nota minha infelicidade de estar ali. Tudo o que eu queria era ir para meu quarto descansar um pouco. Para completar, a criatura passou várias vezes perto de mim, teve a coragem de olhar dentro dos meus olhos e não me dar nem um "oi". Já eu, fico olhando em direção ao portão a cada cinco minutos para ver se a namorada do bendito chega, só que ninguém aparece, fazendo-me acreditar na teoria criada por minha amiga.

— Marina! O que está acontecendo? Não vi você aproveitar a festa nem um pouco! — menciona minha mãe, incomodada com meu afastamento de todos.

Sem muito tempo para inventar alguma desculpa, digo a primeira coisa idiota que aparece na minha mente:

— Estou cansada, mãe! Ficar organizando tudo acabou comigo e não estou muito animada agora por conta do cansaço. Acho que vou entrar para relaxar um pouco e na hora do parabéns a senhora me chama — concluo, já levantando da cadeira que estou.

Começo a me mover pelo jardim, em direção à casa, quando de repente soa um apito na caixa de som. Aquele barulho típico de quando alguém vai se pronunciar no microfone. A curiosidade sempre falou mais alto na minha vida, então acabo paralisando para prestar atenção.

— Desculpa por atrapalhar a festa, pessoal, mas é que agora vai acontecer o momento mais especial, eu diria — Brian fala de um jeito imponente e eu não imaginava que ele fosse assim.

Apesar de já ter tido uma quedinha por ele, eu sempre o vira como um menino bobo e idiota, como a maioria dos garotos do primeiro ano, então me surpreendo de verdade ao ouvir sua pronúncia, de uma forma tão séria.

Pera aí! Como assim um garoto do primeiro ano pode se pronunciar na festa de formatura do terceiro ano? Essa escola deve ter perdido o papel das regras básicas, só pode.

— Mas não sou eu quem vai continuar com a palavra. Meu papel era só fazer a abertura incrível que vocês acabaram de ver — comenta, parecendo ler meus pensamentos, e fazendo a maioria das pessoas rirem com seu sarcasmo.

Para mim, isso fica cada vez mais estranho, ou eu que não sou normal.

— Vou chamar agora, ele! Ele, que chama a atenção por onde passa. Com vocês... Com a palavra, o famoso Tu, Tu, Tubarão!

Bufo em frustração, ao mesmo tempo em que ouço o alvoroço das garotas presentes. A cada segundo que passa, me arrependo ainda mais dessa festa estar sendo aqui.

Por que não fui para meu quarto enquanto pude?, questiono-me mentalmente, ao mesmo tempo em que penso no que esse cara tem de tão importante para dizer numa formatura de Ensino Médio...

— Marina, sua surda! Não tá ouvindo não? — Elísia aparece no meu campo de visão e grita ao mesmo tempo em que me sacode, dando-me um baita susto.

Quando volto para a Terra, só escuto um coro gritando meu nome, e alguns assobios, mas não entendo nada e, ao ver minha cara de interrogação, Elísia diz, atropelando as palavras e me puxando:

— O Thales tá te chamando lá no palco.

Minhas pernas travam e, em seguida, ficam igual gelatina, ainda mais quando meus olhos enxergam um enorme buquê de lírios coloridos.

Tento me mover, mas simplesmente não consigo. Acho que, na verdade, só estou de pé ainda porque minha amiga me segura. Definitivamente, só pode ter algo de errado acontecendo.

Por um triz degustação (Livro Disponível na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora