Morag Flanders não via sua loja tão cheia há meses!
Estava bastante empolgada. Os moradores curiosos haviam invadido sua loja assim que souberam da visita da "forasteira". Seus olhos estavam dilatados de tanta empolgação e suas bochechas gorduchas rosadas pelo esforço de ir e vir atendendo a todos.
_O que foi mesmo que ela comprou? – quis saber uma.
_Ela conversou alguma coisa com você? – outra pergunta.
_Disse quanto tempo vai ficar? _Rosie que era corretora de imóveis logo se interessou.
_Calma meninas! – falava apoiando-se na escada que lhe dava suporte para apanhar mercadorias nas prateleiras mais altas Já mostrei a vocês a nova coleção de perfumes? Acho que ela chegou a provar um ou dois...
Em algum lugar entre Hilary e Haven...
Joan passava mais tempo ali sentada ultimamente do que podia perceber; mas a noção de tempo agora já não fazia tanta diferença para ela ali entre as árvores. O céu se tingia de alaranjado anunciando que logo chegaria o fim do dia e essa era a sua deixa para tomar o cainho de volta. Só ficaria mais alguns minutos...Era tão difícil para ela chegar, quanto era partir. Estava dividida: uma pequena parte queria enfim aceitar e pôr um ponto final, apesar da dor. Outra lutava e se revoltava dentro dela gritando que não podia ser...Durante muito tempo havia se recusado a acreditar que o perdera, mas a prova real estava bem ali a sua frente: uma lápide perdida numa cidade distante com o seu nome. O nome que jurara amar e honrar.
_Porque Tom? Porque teve que ser assim? Me diga como fazer para aceitar que seu coração não bate mais se, mesmo depois de tanto tempo ainda te sinto aqui comigo?
Arredores da cidade...
Thomas dirigia para casa depois de passar na casa de seus pais e cumprir a promessa que fizera a mãe de almoçar com ela. Seu pai não estava mais entre eles, mas Nélia fazia questão de preservar os almoços de domingo.
Tudo estava como sempre, até que começou sentir aquela estranha inquietação outra vez... seu irmão dizia ser uma espécie de estresse pós traumático, mas ele não conseguia entender por que tinha essas coisas... Quando isso acontecia, preferia ficar em seu canto sem incomodar ninguém, já havia dado trabalho demais a sua família... Às vezes sentia como se lhe faltasse um pedaço e isso não tinha nada a ver com sua condição física, suas cicatrizes.
Sua mãe atribuía isso a sua "solteirice" e dizia que, quando se cassasse se sentiria melhor. Claro que poderia àquela altura da vida ter escolhido uma entre as muitas pretendentes que a mãe tentava empurrar para ele. Tanto ela quanto suas cunhadas sempre apareciam com "amigas" ou "conhecidas" para lhe apresentar; mas não conseguia realmente se ligar a ninguém. Claro que tinha seus pequenos casos, encontros, mas nada sério. Talvez seu irmão no fim estivesse certo e ele realmente temesse ser rejeitado por causa das cicatrizes...mas todas as mulheres com quem saíra eram da região sabiam como elas tinham sido conseguidas e, de certa forma, o tratavam até mesmo com respeito. Não. Tinha que ser outra coisa.
Talvez a frustração por ter perdido a chance de brilhar nas quadras devido ao acidente realmente o incomodasse, mesmo que ele achasse que não...Talvez no fundo ser somente o treinador não fosse o bastante para ele... Seria isso? Mas ele realmente gostava do seu trabalho e nunca foi o tipo de cara muito apegado ao passado. Se considerava um cara prático.
Pensando nisso, decidiu parar de ficar perdendo seu tempo com esses pensamentos sem sentido e chamar Derek para tomar umas cervejas; estava precisando só se distrair e logo voltaria a ser o velho Tommy de sempre. Foi quando a viu saindo da trilha...Era bonita, um pouco magra demais para seu gosto, mas bonita. Mesmo de longe, notou as marcas de lágrimas e as olheiras...alguma coisa muito ruim havia acontecido com aquela mulher e ele não precisava ser um gênio para saber disso.
_ Oi! - ele cumprimentou parando perto dela com o carro – Indo para o hotel? - pergunta tentando parecer casual - Te dou uma carona, é caminho. – se ofereceu , mas no minuto seguinte se arrependeu ao ver que ela olhava para ele aterrorizada. Será que ela estava pensando mal dele? – Desculpe! Sei que você é hospede da Nancy porque por aqui todo mundo se conhece...Sou Thomas, moro aqui mesmo na cidade e sou treinador do... Moça? Alguma coisa errada?
Ele precisou agir bem rápido porque, enquanto falava, tentando se apresentar e não parecer um maníaco abordando-a ali no meio da estrada, ela ficou ainda mais pálida e caiu desmaiada.
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O RIVAL NO ESPELHO (Degustação)
RomanceROMANCE / SEDUTOR / SEGUNDAS CHANCES NO AMOR / SUSPENSE POLICIAL Joan precisava fazer as pazes com seu passado. Após anos de sofrimento e solidão, ela havia descoberto que o terrível acidente que destruíra seus sonhos não havia sido um acidente e qu...