Capítulo três

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Lua

Eu termino de me arrumar e me sento no sofá da sala para esperar a Ana.

__ Onde vai? - Luana pergunta quando me vê.

__ Vou no shopping com a Ana – murmuro e minha irmã dá de ombros. Logo eu a escuto conversar com um dos homens com quem ela sai e tento não prestar na conversa suja que eles têm. Felizmente a Luana nunca trouxe os seus casos para a casa e isto me deixa aliviada.

Espero pela Ana por mais ou menos vinte minutos e sorrio quando escuto batidas na porta.

__ Eu já estou indo – digo para Luana e ela apenas faz um sinal com a mão já que está ocupada falando no telefone. Saio da minha casa e caminho até a Ana – Oi – digo baixo e vejo o menino que Ana conversava mais cedo.

__ Sou o Matheus – ele diz e sorrio educada.

__ Ele vai nos levar – Ana diz segurando a minha mão e caminhamos até um carro preto muito bonito. Eu fico olhando para cada detalhe da cidade já que raramente saio de casa. Sorrio em me sentir bem e livre – Iremos ao cinema e depois podemos ir na lanchonete que você gosta.

__ Eu prometo te pagar assim que...

__ Não pense nisso, estou fazendo de coração – balanço a cabeça, mas Ana sabe que me sinto incomodada quando ela paga algo por mim. E ela também sabe que eu não trabalho por causa do irmão dela.

Espanto o pensamento sobre o Iago e quero ao menos tentar me esquecer da existência dele enquanto me divirto com a minha amiga. Nós chegamos no shopping em poucos minutos e vamos direto para a sala de cinema. Sorrio como uma criança que acabou de ganhar o brinquedo favorito e passo ótimos momentos ao lado da Ana e do Matheus.

Após assistirmos o filme, nós caminhamos pelo shopping e também comemos na minha lanchonete preferida. Esta noite está realmente incrível!

__ Eu mal posso caminhar – murmuro andando até a saída e Ana ri.

__ É pra vocês – Matheus diz entregando uma sacola pra mim e pra Ana. Eu olho o que tem dentro e os meus olhos queimam de felicidade.

__ Muito obrigada – digo extremamente feliz e o dou um rápido abraço – Eu realmente adorei, obrigada – eu o agradeço e pego um pedaço de algodão doce. Há também balas e chocolates na sacola que com certeza irá melhorar os meus dias.

Nós três sentamos no banco do lado de fora do shopping e conversamos sobre a escola e também sobre os nossos desejos para a vida. Mesmo eu sabendo que no meu caso será um pouco difícil ter uma vida normal, sei que posso tentar convencer o Iago a me deixar ao menos ter um trabalho.

__ Podemos ir na minha casa jogar algum jogo de tabuleiro – Ana sugere e eu adoraria ir à casa dela se ela não fosse irmã do Iago.

__ Estou bastante cansada, mas vocês podem se divertir um pouco mais – digo sincera e Ana cora, só então eu entendo que minha fala foi de ambiguidade e isto me deixa muito sem graça – Eu não quis dizer que...

__ Relaxa, Lua – Matheus diz apertando o meu nariz e me encolho querendo me esconder por tanto constrangimento. Eu fico quieta na minha o restante da noite e quando sou deixada em minha casa, entro rapidamente e respiro aliviada em saber que estou sozinha.

Eu guardo os doces e subo até o meu quarto. Fecho a porta atrás de mim e acendo a luz. Tiro a minha blusa para ir tomar um rápido banho antes de deitar e antes mesmo de tirar a minha calça, eu grito de susto ao ver Iago em pé ao lado da janela.

Eu rapidamente me viro ficando de costas e tampo os meus seios cobertos pelo sutiã. O meu corpo inteiro treme de medo e toco na maçaneta para sair, mas a mão de Iago me impede e sou arremessada na cama como uma boneca de pano. Pego o travesseiro e me tampo enquanto me encolho contra a parede.

__ O que faz aqui? – pergunto em um sussurro e Iago apenas olha detalhadamente para o meu quarto. Não há nada demais aqui. As paredes são de cor nude e há uma pequena cama de solteiro e um guarda-roupa da cor branca.

Me assusto quando a minha blusa é jogada em minha frente e rapidamente eu a pego. Espero Iago focar a atenção em outra direção e então visto a blusa de qualquer maneira. Coro quando percebo o olhar sombrio de Iago em mim e encaro os meus pés.

__ Recebeu presente da minha irmã? – ele pergunta e assinto mentindo. Sei que se eu falar que a sacola com doces que ganhei é do Matheus, posso sofrer as consequências.

Iago dá passos em minha direção e segura forte em meu rosto me fazendo estremecer. Seguro a vontade de chorar e encaro sua blusa preta lisa.

__ Não, não foi a minha irmã que te deu – diz friamente e aperta mais forte o meu rosto – Que porra eu disse sobre se aproximar de outras pessoas? – o seu tom é raivoso e sua mão me solta me fazendo cair deitada na cama.

__ Eu fiz nada – sussurro com a voz embargada e engulo em seco ao notar o cheiro de cigarro e bebida.

__ Tentou seduzi-lo para se ver livre de mim? - sua voz estronda no ambiente e me encolho ainda mais quando o vejo socar a porta. Iago caminha em minha direção e aproxima os nossos rostos - Você nunca será livre, nunca! - suas palavras são amargas e não controlo as lágrimas. Isto faz Iago sorrir e me engasgo com um grito quando o vejo tirar o meu celular do seu bolso e o arremessar diversas vezes na parede até ficar em pedaços.

Não, ele não tem este direito!

Choro sentindo o meu peito apertar porque era o meu único meio de comunicação para saber da minha mãe. Eu não consigo e talvez nunca conseguirei comprar um celular independente do preço e marca, o Iago não tinha este direito!

__ Quero ver como fará para conversar com algum filho da puta! - ele esbraveja e joga um pedaço do celular em minha frente – O meu erro foi ser bom demais pra você - Iago diz me fazendo fechar os olhos e nem mesmo quero pensar no significado de suas palavras.

Eu jamais irei entender o motivo de ele metratar assim. Eu nunca fui próxima dele, nunca o insultei, xinguei ou magoei.Ele simplesmente me trata mal por querer agir assim. Iago é doente e louco, eeu temo realmente viver tudo o que ele planeja para a minha vida, porque nãotenho como escapar, não tenho para onde ir.

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