Coringa
Estava resolvendo uns problemas na boca, sobre um assalto, e de repente eu ouvi barulhos de tiro e rojão pro alto.
O Cabelinho entra correndo na minha sala gritando, falando que estão invadindo o morro e que estão atrás da minha cabeça
Cabelinho: anda caralho estão invadindo o morro e querem tua cabeça, não sai daqui, não sai daqui, que nós vai resolver isso - falou pegando algumas armas que estavam no armário
Coringa- qual foi porra, quem que tá invadindo caralho?
Cabelinho- CV caralho, não sai daqu,i Coringa. To te falando a real, eles estão subindo com toda força
Passei a mão na cabeça não sabendo o que eu poderia fazer. Se eu vou ajudar a minha favela ou se eu fico aqui.
Minha favela é mais importante e comigo morto vai ser foda, porém eu aqui parado também vai ser foda
Coringa- não vou deixar a minha favela assim não, eu vou lutar - fui pegar uma arma e o Cabelinho apontou a glock dele pra mim - qual foi caralho, abaixa essa porra, tá louco?
Cabelinho- to falando sério, Kevin. Não vou deixar você sair daqui, não vou perder mais um irmão pra essa vida
Coringa- tá me tirando? eu sei o que eu tô fazendo, não nasci ontem não. Sei no que tô me metendo
ouvi meu rádio tocando, peguei-o e ouvi um menor desesperado
- pegaram a mina, pegaram a mina, pegaram a mina que estava na rua
meu coração logo disparou pensando nela, se pegaram ela eu vou fazer um inferno na vida deles
Coringa- quem que pegaram, porra? fala direito nesse caralho
- pegaram a Thaina, Coringa. A mina tinha acabado de sair do trampo, os manos pegaram ela e colocaram no carro
Coringa- e por que que vocês não fizeram nada, porra?
olhei pro Cabelinho que já tinha abaixado a arma, ele respirou fundo passando a mão na cabeça e concordou acenando.
Peguei minhas armas, meu colete e sai da boca a caminho da guerra pra recuperar minha mulher
se acontecer alguma coisa com ela, eu vou até o inferno pra achar o culpado e vou fazer o dobro
entrei em uma casa e a dona se assustou entrando no quarto. subi na laje e fui por ali descendo o morro até chegar na barreira e ver o VG com Thaina do lado, ele passou a mão pelo rosto dela com a cabeça em seu pescoço, enquanto ela se desesperava tentando se soltar
me subiu uma raiva que eu nunca tinha sentido antes, eu pensei em atirar mas podia acertá-la. vi quando ele foi entrar no carro e peguei meu rádio acionando o Cabelinho pra ele trazer o carro para que possamos segui-los
assim que o carro deles saiu o Cabelinho chegou e eu subi mandando ele acelerar. Alguns carros foram para o morro deles e o VG seguiu em um caminho que eu não conhecia, parando em uma casa caindo aos pedaços, no meio do nada
eu estava putão, sem saber o que fazer, me culpando pra caralho e me perguntando o que a filha da puta estava fazendo na rua no meio do tiroteio e o pior, por que o VG pegou ela?
Cabelinho- não faz nada que se arrependa, você sabe muito bem o motivo que ela tá aqui
Coringa- não pesa minha mente agora, porra, eu não faço a menor ideia do porque ele pegou ela
Cabelinho- sabe sim, Coringa, tu não conhece a Tata de agora não
respirei fundo passando a mão no meu rosto e lembrando de tudo o que nós vivemos juntos e do motivo de eu ter me afastado dela, era exatamente por isso que eu caí na ameaça da filha da puta
o Cabelinho parou o carro mais afastado, mandei ele chamar reforços e sai do veículo indo em direção À casa.
Fomos em silêncio até a porta da residência, ela não tinha nada, nem móveis nem nada, estava um nojo
fomos subindo a escada e eu pude ouvir a Thaina gritar "não", comecei a correr e abri uma porta na bicuda me deparando com o filha da puta do VG apontando uma arma pra ela.
atirei duas vezes na perna dele por instinto fazendo com que ele caísse pra fora da cama onde estava com a Tata
Coringa- fica de olho nesse filho da puta, se ele se mexer atira
fui em direção a Thaina que estava com a roupa rasgada e chorando em cima de uma cama nojenta. Eu abracei ela que me abraçou de volta, chorando e soluçando muito
Tata- me tira daqui... - falou com a voz embargada sem se soltar de mim
Coringa- desculpa, desculpa. isso nunca mais vai acontecer com você - falei pegando ela no colo - eu vou te tirar daqui, preta
fui descendo as escadas com ela vendo os caras subindo e entrando no quarto.
Coloquei a Thaina dentro do carro que agarrou sua perna ainda chorando muito e eu senti uma parada ruinzona no coração. Mandei o Cabelinho levar o filho da puta pra tortura, que depois eu aparecia lá e avisei que era pra ele fazê-lo sofrer
Liguei o carro e fui em silêncio até o morro com a Tata chorando, agora bem baixinho, ainda agarrada nas pernas. Subi o morro pra minha casa vendo pelo caminho várias mães chorando com o filho morto no chão, mor parada.
estacionei o carro e saí pegando a Tata no colo e levando ela pra dentro de casa
Coringa- eu faço o que você quiser, é só me dizer. Eu vou te levar ao médico tá bom? você tá machucada?
Tata- eu só quero ficar sozinha - falou bem baixinho agarrando meu pescoço, ainda soluçando. O pior de tudo é que eu tô perdido e não sei o que fazer pra ajudar ela, só quero que ela fique confortável e bem
Coringa- eu vou te levar pro meu quarto e vou chamar alguma mina que tu confie pra te ajudar a tomar banho enquanto eu vou comprar uns bagulhos pra tu comer, jaé?
Tata- eu só quero ficar sozinha - respirei fundo pensando no que eu ia fazer enquanto eu subia a escada com ela. Abri a porta do meu quarto entrando e colocando-a na cama, que não quis soltar meu pescoço
Coringa- eu não vou chamar ninguém, eu te ajudo. prometo que fico de fora do banheiro e o que você precisar eu entro, tu descansa e quando acordar a gente vai no médico, tá bom? - falei calmo passando a mão pelo cabelo dela, ela assentiu e eu a peguei no colo de novo levando ao o banheiro
ajudei a Tata tirar a roupa, que começou a chorar mais alto. deixei ela, relutante, no banheiro sozinha e enquanto esperava no lado de fora. Ela terminou de tomar banho saindo de toalha do banheiro, peguei uma roupa minha entregando À ela que se vestiu e deitou na minha cama
Coringa- quer que eu chame alguém? vou pegar alguma coisa pra você comer - falei olhando pra ela que também me olhava com os olhos vermelhos e inchados
Tata- deita comigo, por favor... - falou baixinho. Eu deitei com ela um pouco afastado, não sabendo o que fazer, por que afinal eu não sabia o que ela passou com o desgraçado la.
Thaina se aproximou de mim me abraçando e eu retribui sentindo ela molhar minha camisa de lágrimas. Demorou mais ou menos uma hora até a respiração dela ficar suave e eu a sentir dormindo
eu só conseguia pensar na pior morte pro VG que vem assombrando nossa vida a muito tempo
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