Capítulo 78

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Luara 🦋

Eu gritava, gritava pedindo pra Deus trazer ele de volta mas nada adiantava.

Eu olhava pra ele ali, jogado no chão sem vida e a única coisa que vinha na minha mente foi o tempo que perdemos, eu perdi tanto tempo longe dele por orgulho,por ego ferido,por não aceitar que ele era ser humano e tinha o direito de fazer algo errado e se arrepender.
Ele estava arrependido,estava sofrendo e me pedindo perdao, se eu soubesse que ele estava vivendo seus últimos dias de vida eu teria aproveitado o máximo.

Eu pedia pra ele acordar, dizia que perdoava ele, que viveríamos juntos de novo, como uma família,  que iríamos criar nosso filho juntos como ele queria,  mas nem isso fez ele voltar pra mim.

Eu juro, juro que se ele acordasse agora eu esqueceria tudo, tudo que passou.
Eu só ia viver nosso amor, nossa história.

Eu grudei no corpo frio dele e não queria mais soltar, a dor é dilacerante, é como se tivessem aberto meu peito e rancado meu coração com as mãos.
Eu balançava ele, chamava por ele, beijava ele e nada fazia ele acordar, abrir os olhos e sorrir pra mim de novo, o desespero tomava conta de mim, eu só queria voltar no tempo de aproveitar cada minuto perdido ao lado dele.

Dg avisou pra gente sair dali que tinha policiais se aproximando.

Luara: Não, eu não vou deixar ele aqui.

Dg: Não tem mais o que fazer por ele, aí é só o corpo, ele não tá mais aí, vamo embora que se esses merda vê tu aqui abracada nele vão levar tu e vão judia de tu.

Luara: NÃO-falei firme- eu não vou abandonar o corpo dele aqui, deixar pra eles pegar e fazer o que quiser, não vou-eu falava chorando, desesperada, abraçada no corpo ensanguentado dele.

Dg: Presta atenção aqui em mim- falou pegando meu rosto- tu tá carregando tua cria, a cria de vocês dois, se esses merda pega tu aqui com ele vão te leva embora, te estupra, faze as pior merda que tem com tu e depois te mata, tudo isso por tu se mulher de bandido, e não só um bandido qualquer, é o chefe do morro, frente de facção.
Pensa na cria de vocês que é a única coisa que resto do meu mano, eu também não queria deixa ele aqui, mais se nois fica vai se pior, ele não ia quere vê tu sofrendo.

Olhei pra ele concordando com tudo que ele disse, olhei pro meu amor ali no chão jogado mais uma vez, me abaixei, dei um último beijo nele , um abraço apertado.

Luara: Te amo pra sempre meu amor-falei no ouvido dele.

Levantei e senti o Dg e o Tarantino me tirar dali, estávamos quase no fim do beco quando ouvimos barulho de pessoas perto, eles agacharam tentando se esconder e me puxaram junto pro chão,  eu olhava por trás do muro.

Os policiais e uns jornalistas chegaram próximo do corpo dele, eles riam, riam como se aquilo fosse a piada mais engraçada do mundo, os jornalistas tiravam fotos , um dos policiais chutou o rosto dele, aquilo doeu em mim, foi quando chegou mais umas pessoas e abriram um saco preto no chão, pegaram o corpo dele e jogaram dentro de qualquer jeito, como se ele fosse um bicho morto.

Eu chorava em silêncio ali pra não ser ouvida, a pior dor do mundo.

Os policiais saíram junto dos jornalistas e os outros que chegaram depois pegaram ele e colocaram numa espécie de carrinho e tiraram dali.

Meu Deus nem um enterro digno vou poder fazer pra ele.
O que vou dizer pro meu filho quando ele perguntar onde o pai está enterrado,  quando ele quiser ver o túmulo do pai dele o que vou falar?

O desespero tomava conta de mim, entrei em estado de choque,Tarantino me balançava mas eu não reagia, sentia ele me balançar forte mas eu não saia do transe.

Por Nós (Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora