Quando a última carta foi consumida e virou cinzas, escutei o som da madeira sendo partida sobre a influência do calor, protestando para que ele parasse de consumir cada fibra sua mais ele estava ocupado demais brigando com o vento que soprava da janela aberta.
Muito além disso pude escutar uma voz doce bem lá no fundo do meu ser como se estivesse me chamando e no entanto permaneci ali, deitado no tapete empoeirada com os olhos fechados e imóvel.
Não sei quanto tempo fiquei ali desejando que o fogo tivesse levado muito mais do que levou, limitei-me a deixar que apenas uma lágrima rolasse pelo o meu rosto antes de se misturar com a sujeira do tapete.
Assim como eu havia me rendido parecia que o vento tinha ganhado a batalha, o frio fez um calafrio subir pela minha espinha, percebi que tinha esquecido dessa sensação e parece que no final esse é o único lugar onde sou bem vindo.
Um formigamento quase inexistente se fez presente em minha bochecha como se alguém tivesse apagado com o polegar o caminho molhado que a lágrima deixou, foi tão rápido que quase nem senti. Talvez eu estivesse começando a ser atormentando pelos os antigos fantasmas que a muito não apareciam.
Quando finalmente abrir meus olhos fui recebido pela escuridão a única luz que tinha ali era a claridade fraca da lua, mas ela não chegava até mim.
Sabia que não estava sozinho naquele cômodo, do outro lado da sala observei aquela figura mascarada pela escuridão sentada no chão com as costas encostada na parede enquanto me devolvia o mesmo olhar com o qual eu a observava, dei passos calculados em sua direção e me sentei ao seu lado, absorvi o seu cheiro que era como uma droga na qual eu estava extremamente viciado e para minha desgraça não tinha tratamento no mundo que fosse capaz de me curar.
A pele do meu braço encostou levemente na sua e tudo em mim extremamente com breve contato, não disse nada pois o silêncio era a única coisa que me impedia de quebrar por completo bem ali em sua frente.
Não sei ao certo quantos minutos se passaram sem que se quer uma palavra fosse dita até que o tom tranquilo mais com uma nota de tristeza cortou o silêncio e foi como um martelo quebrando o vidro, sentir os cacos perfurarem minha pele ao ponto de atravessarem minha alma e a última coisa que ela disse antes de me deixar soou como um murmúrio distante, mas que sem dúvidas séria algo que eu nunca esqueceria.
— Eu também te amo.
Fim?
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O Amor Amou o Ódio e ele Aprendeu a Amar (Concluído)
Short StoryVocê já se perguntou de onde vem os sentimentos? Talvez do coração, más como se ele só é um órgão que bombeia sangue para manter o nosso corpo vivo, como ele poderia ter algum sentimento, talvez os sentimentos surgem da alma ou, na verdade eles são...