Capítulo 2

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Albert Herrera

  Peguei o café e sentei numa das mesas ao lado da janela olhando para a forte chuva que caía na Cidade do México. A cafeteria não estava cheia, além de mim, tinha mais outras três pessoas numa mesa conversando e rindo.

  Desviei os olhos e encarei o céu nublado e frio. Tomei um gole do meu café quente e fechei os olhos pedindo, ou melhor, implorando para Deus para que hoje, Alfonso me deixasse ficar no apartamento junto com ele.

  Um mês.

  Um mês que ele estava trancado e sozinho no apartamento. Bebendo, fumando e se machucando. Ele não comia, não dormia, não tomava banho, não falava com ninguém e não via nem a própria luz do sol.

  Senti meus olhos encherem de lágrimas mais uma vez naquela semana. O meu irmão estava definhando a cada dia, a última vez que me deixou vê-lo tinha perdido pelo menos sete quilos.

  Alfonso, o meu irmão, estava acabado fisicamente e completamente destruído psicologicamente e tudo o que eu conseguia fazer era: nada. Todas as vezes que tentamos vê-lo, falar com ele ou ajuda-lo ele gritava e nos expulsava do apartamento completamente fora de si.

  Isso acontecia comigo, Anna, Brayan, Alfredo os amigos dele, Alexandra e até mesmo com Ruth. Desde que soubemos da tragédia, todos nós estávamos no México tentando ajuda-lo, tentando ser seu apoio, mas ninguém conseguia salva-lo da escuridão na qual se encontrava.

  Derramei uma lágrima ao me lembrar de Anahi. Ainda não tinha caído a ficha que ela estava morta. A linda mulher doce e gentil, a noiva do meu irmão, minha cunhada e a mulher pela qual meu irmão é louco estava... morta.

  Senti outra pontada em meu coração.

  Eu tinha sido o primeiro a saber da tragédia, fiquei em choque quando o gerente do hotel que meu irmão estava no Estados Unidos me ligou contando o quê tinha acontecido e implorando para que eu fosse até lá resgatar meu irmão.

  Alfonso tinha enlouquecido.

  Ele destruiu o quarto inteiro aos gritos e choro, bateu em todos que tentavam para-lo e destruiu a metade do hotel num ataque de fúria por conta da bebida, precisou que o médico que o tinha atendido, quando soube da notícia e desmaiou, desse umas três doses de calmante na veia dele.

  Quatro seguranças do hotel o segurou, enquanto o médico aplicava as doses o fazendo dormir na hora. Quando cheguei no Estados Unidos, soube com mais detalhes de tudo o quê aconteceu.

  O avião onde minha cunhada estava indo para o Estados Unidos caiu numa das pequenas cidades de Nicarágua, ela ainda estava viva quando pegou um barco para ir até a capital de Nicarágua, quando o barco explodiu.

  Matando ela e todos que estavam no barco. Eu que cuidei de todos os transmites legais, eu que recebi as cinzas da minha cunhada dentro de um vaso e as cinzas do professor dela.

  Manuel Velasco tinha pegado carona no avião dela, ele teve problemas com a passagem e a mesma ofereceu a carona,  já que ele também ia para o Estados Unidos à trabalho. O mesmo aceitou e viajaram juntos, caíram juntos, pegaram o barco juntos e morreram juntos.

  Meu Deus!

  Que tragédia!

  Quando apareci com o vaso Alfonso surtou de novo, aos gritos dizia que não era a Anahi, que ela estava viva, que ela estava bem. Ele precisou ser dopado novamente.

  Quando chegamos ao México, todos o esperava no apartamento, até nossa mãe, mas ele teve outra crise e quebrou todo o apartamento, tudo foi jogado e ele expulsou todos.

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