Capítulo 4

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  Senti uma água em meu rosto, abri os olhos vendo a claridade do dia e percebi que a jangada não se movimentava mais, levantei um pouco o rosto vendo que estávamos na beira de uma praia.

  Meu Deus!

  Olhei ao redor vendo que tínhamos parado numa ilha. A jangada nos trouxe direto para a beira da praia, colidindo com a areia branca. Balancei Velasco que dormia ao meu lado.

— Velasco acorda... Manuel acorda... Por Deus, acorde, estamos à salvo. - Sorri olhando a ilha.

— O quê? - Abriu os olhos e levantou a cabeça -  Não acredito!

— Sim. Estamos à salvo! - Levantei tirando o colete.

— Não tinha essa ilha quando dormi... - Também levantou tirando o colete.

  Encarei o céu sorrindo.

  Obrigada Deus! Muito obrigada!

— Isso é um milagre! - Sorri - Posso ver árvores frutíferas daqui.

  Colocamos nossos pés na areia e andamos pela praia.

— Frutas, ou seja comida, mas ainda falta à água - Olhou ao redor - Precisamos de um local que tenha bastante correnteza, se bebermos água do mar vamos morrer por desidratação e se bebermos outra água que não seja de uma correnteza, e não ferve-la antes, morreremos por intoxicação.

— Talvez lá para dentro tenha algum rio com correnteza. - Apontei para dentro da ilha. Onde tinha milhares de árvores e matos ao redor.

  Mas assim que começamos a andar em direção à ela, paralisamos vendo alguns indígenas saindo de trás dos matos com lanças e flechas se aproximando. Eram seis deles, pintados de vermelho e preto no rosto e quase pelados, a única coisa que os cobria era uma espécie de saia.

  Engoli em seco.

  Velasco ficou na minha frente me empurrando para trás.

— Fique atrás de mim Anahi e não esboce nenhuma reação. - Murmurou.

  Os indígenas não tinha cara muito boas, e se aproximaram fazendo um círculo em nossa volta apontando as lanças e as flechas em nossa direção.

  Um deles falou algo olhando para nós dois, mas não conseguimos entender. Era uma língua estranha, a própria língua deles.

  Então, uma mulher loira de olhos azuis gritou na mesma língua deles enquanto saia da mesma direção que eles saíram e andava em nossa direção. Ao lado dela estava um homem alto, loiro e de olhos azuis, eles estavam vestidos, a mulher com short jens e camiseta branca, e o homem de bermuda e camiseta preta.

  O mesmo indígena que tinha falado com a gente, respondeu à mulher. Os dois se aproximaram entrando no círculo e nos encarando.

— Quem são vocês? - Falaram em inglês.

— Sofremos um acidente de barco e apenas nós dois sobrevivemos, graças à aquela jangada - Apontou para a nossa jangada na beira do mar - Estamos um dia e meio à deriva, e hoje chegamos aqui.

  A mulher voltou a falar na língua dos indígenas e na mesma hora eles abaixaram as armas.

  Suspirei aliviada.

— Vocês devem estar morrendo de fome e cede - Falou preocupada - Aqui vocês estão à salvos e seguros.

  O homem ao lado dela apenas observava.

— Quem são vocês? - Velasco ainda me protegia e eu estava completamente agarrada a ele.

  Quando ela abriu a boca para responder, o homem ao lado dela se apressou e falou pela primeira vez me olhando.

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