A sós (NSFW)

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O aroma era predominante até mesmo do outro lado da porta. Com uma abertura silenciosa, Liod pendurou sua mochila, colocando as chaves em cima da pequena mesa da entrada.

- Que fragrância esplendorosa... - respirou fundo para que pudesse tentar seu sentido. - Mi Rosa? - Indagou, indo em direção a cozinha.

Em questão de segundos, seu amado apontou na porta, vestindo seu pijama favorito juntamente com um avental e um pano de prato no ombro.

- Ayo! Chegou um pouco mais cedo? - Aproximou-se, plantando um selinho. - Ainda não deu tempo de terminar.


- Não há problemas, mi amore. - Sorriu. - O aroma estás fenomenal! Outrora, como foi teu dia?

- Ah foi muito bom! Fizemos uma pequena excursão na praça pra replantarmos algumas árvores. Acabamos ficando um pouco lá para que os alunos se divertissem um pouco.

- Parece-me fantástico!

- E foi! Como foi o seu?


- Deveras emocionante. Finalmente mi pessoa conseguira aproximar-se de outros funcionários. Quem sabes se consiguirei dominar algumas novas habilidades para ensinar na fundação?

- Ia ser de grande ajuda, além de algo totalmente novo que não seja só planta. Eles vão adorar.

Um breve silêncio pairou no ar enquanto sorriam olhando um para o outro.

- Além do mais, também fora intrigante devido a um certo ser que estás com vontade de algo, não és? - Aisen lentamente colocou as mãos nas nádegas do parceiro.

- Não vou perder uma oportunidade dessas.

- Nem mi. Já faz um tempo, não?

- Praticamente sim, acabamos ficando cansados demais e ainda tem o Délion que escuta do outro lado do mundo. - ironizou.

- É... Enfim, a noitada és nossa. Deixe-me ajudar-lhe com a louça para que não enrolemos. - Tentou entrar na cozinha, mas foi barrado.

- Não, não, não. Vai tomar um banho pra relaxar primeiro. Eu cuido daqui.

- Mas...

- Sem "mas". É meu dia de fazer tudo. Além do mais... - inclinou-se para ficar próximo aos ouvidos de Aisen e sussurrou: - Deve estar impregnado debaixo desse casaco.

- Oras, eu cheiro bem!

- Tem lá suas exceções. - Olhou torto.

- Tens certeza?

O dançarino desceu lentamente o zíper, dando uma leve sensualizando para provocar o parceiro. Ao perceber que o parceiro estava vidrado, o puxou para um abraço.

- Ainda pensas o mesmo?

- LIOD! Que horror, me solta, cê tá grudento! Urgh. - Tentava se soltar, mas era cada vez mais apertado. - Aisen!

- Nem estás tão ruim assim. - riu.

- Isso porque não tá no meu lugar, né.

Fazer seu parceiro ficar levemente incomodado era um de seus méritos favoritos. Achava fofo quando o elfo saia de seu estado pleno de tranquilidade, logo fazia algumas besteirinhas para tirar alguma fungada e risos. Claro, nunca exagerando para não ter que encarar um Wendigo furioso.

- Estás bem. Estás bem... - o soltou, indo para o corredor.

Jeong apenas o observava até que repentinamente, o platinado parou e virou-se.

- Não me amas assim? - fez biquinho, tentando provocar novamente.

- Amar eu amo, mas não ousa me encostar assim.

- Então não amas...

- Tenha dó, ô cubo de gelo. - Tacou o pano de prato. Aproveita e lava isso também.

- Tudo bem, "mamãe". - Voltou para seu curso, com um sorrisinho bobo no rosto.

Apenas mexia a cabeça em negação, pensando em quão brincalhão Liod era quando está carente. É um ótimo sinal e amava isso, mas em algumas situações era até exagerado. De toda forma, não há reclamações a não ser da quantidade de louça que havia pra lavar.

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Após bons momentos de refeição, com elogios e boas goladas de vinho tinto, se acomodaram no sofá da sala, enrolados em um cobertor para assistirem alguma série. Como um novo vício, Jeong se enterrou em um pote de sorvete de chocomenta que se deixasse, acabaria com ele de uma só vez.

- Mi pessoa podes pegar uma colherada? – Apenas pegou a colher da mão de seu parceiro, que estava prestes a colocar na boca. – Gracias.

- Ei! – Olhou relutantemente.

- Hm? – retirou o sorvete do talher, congelando-o como um cubinho de gelo.

- Agora que me dei conta... Se você tomar sorvete é canibalismo?

- Não? – dizia em um tom duvidoso enquanto mastigava o que era um sorvete.

- É, não faz sentido.

- Não faz mesmo. Tanto porque mi pessoas não és um mero doce gelado.

- Ui, olha ele todo se achando.

- Sou um sacolé. – Um sorriso malicioso estava estampado em sua feição.

- Ahn?

Passou alguns segundos olhando para o nada, tentando entender. Incrivelmente desta vez não captou a mensagem de primeira, apesar de ser a pessoa mais maliciosa da relação. Aisen arqueou uma sobrancelha.

- Ah não. – Jeong começou a rir desenfreado.

- Achas engraçado?

- Mô, me desculpa. – Falava enquanto quase chorava de rir. – É que... É que você dizendo coisa assim é outro nível sabe?

- Que nível?

- O de me fazer rir mas me deixar com vontade de experimentar. – Mordiscou o lábio inferior.

Jeong colocou o pote quase vazio na mesinha central e olhou profundamente nos olhos azuis. O contato visual atraiam seus rostos, existindo uma hesitação para apenas aumentar a vontade de fazer seus lábios se colarem. Mas pra que hesitar? Estão juntos há séculos mesmo, não é? Não havia motivos de vergonha ou impaciência porém prezavam sempre por um teor de romantismo quando se trata de "fazer amor".

As mãos gélidas deslizavam pelo tecido desprezado que cobriam ambos, até chegar nas coxas daquele que estava desesperado, apertando-as levemente. O singelo toque despertou uma faísca de êxtase, fazendo-os selar um beijo lento e apaixonado. Enquanto suas línguas dançavam em harmonia, o elfo começara a cariciar o pescoço, deslizando a correntinha de prata entre os dedos.

- Aisen... – suspirou perto do ouvido de seu parceiro, inspirando o ar ameno emanado. Isso significava uma coisa: – Mas já tá ficando excitado?

- És claro...Não quero apenas aperitivos, necessito do jantar e da sobremesa. – Disse um pouco envergonhado pela rapidez de seu "amigo".

- Que bom, porque eu também tô. – Levantou e fez um sinal para que abrisse um pouco as pernas. Dito e feito, apoiou os joelhos entre a abertura, levantando a blusa colada que Liod usava, espalhando beijos em todo seu peitoral para então finalmente ir em direção a trilha da felicidade.

Quanto mais chegava perto de sua calça, mais gelado o corpo se tornava. Era uma sensação boa e sem igual, algo que nunca imaginaria nem em sonhos eróticos antes de conhecer o seu "iceberg ambulante". Com uma olhada sensual, desfez o nó que segurava o moletom, tendo uma melhor noção do quanto essas "brincadeirinhas" o atiçava. O relevo estava mais que demarcado na boxer azul escuro, implorando por liberdade.

Da mesma forma que um pássaro fugiria de uma gaiola, o membro enrijecido do platinado saltou ao ter sua cueca abaixada. Com uma mão apoiando na coxa do parceiro e uma na base, plantou alguns beijinhos na glande.

- Mó, tu tá mais gelado que o normal. Tá tão na seca assim? – Disse, tirando sarro.

- Faz tempos que não fazemos algo assim...

- Fato. Então...isso quer dizer que hoje é sem as suas "etiquetas"?

- Mi rosa...– Sua face demonstrava um pouco de relutância sobre o pedido. Eram poucas as vezes que Liod extrapolava suas "boas maneiras".

- Ah, vai mó. Nem um pouco? – Lambia o pênis gélido enquanto dava um olhar pidão.

- De tal maneira és difícil de existir resistência. – Acariciou as bochechas do seu pedinte. – Imaginar tu chupando meu pau és algo que me deixas com mais vontade de te foder. – Sorriu, vendo o brilho de gratidão nas íris esverdeadas.

- É assim que se fala!

Com um aumento do nível de excitação no ar, Jeong abocanhou o membro, fazendo movimentos de vai e vem, intercalando com lambidas, beijos e carícias manuais. Suspiros eram ouvidos conforme seu amado lhe masturbava, obrigando-o a segurar nas pequenas tranças bem feitas, empurrando a cabeça para que toda a estrutura entrasse na boca do parceiro. Leves tapinhas foram desferidos na sua coxa, indicando para que soltasse.

- Uff... – Jeong respirava fundo, limpando o fio de salivaque escapava de seus lábios. - Pela erva daninha, jurei que eu iria precisar de um RCP.

- Pardon, mi pessoa estás um tanto quanto animada.

- Liod, não precisa de desculpas. 710 anos de casados e preciso repetir toda vez... – Sentou-se no colo virado para ele, causando atrito entre as ereções. – Isso é sexo. Sabe que pode fazer o que quiser, falar o que tiver vontade e pedir também. Mô, meu corpo é seu.

- És um costume. Outrora, não irás tirar suas vestimentas? Necessito apreciar cada canto de tu corpo.

- Como desejar.

Ambos tiraram as roupas que restavam, tacando-as no chão. Aisen observava o elfo de ponta a ponta com um ar romântico, embora sua aura exalava uma ambição de querer fode-lo de toda forma possível. Eram tantas alternativas que agradecia aos céus que são entidades imortais.

- Irás querer "daquela" maneira também?

- Da melhor forma possível.

- Necessitas de palavra de segurança?

- Não vai precisar. Vai com tudo, garotão. – Chupou dois dedos de forma sensual, para que usasse sua saliva, ou melhor: sua seiva como um lubrificante.

Brincou um pouco em sua entrada e em contraste, enfiou-os com força, já fazendo movimentos de tesoura. Jeong soltou um leve gemido, partindo para um contra ataque, dando chupões marcantes no pescoço pálido.

- Alguém vai ter que usar cachecol amanhã... – cantarolou.

- E dois indivíduos irão dormir até a hora vespertina, pois eles irão aproveitar a noite e madrugada inteira. – emendou.

- Tá animado assim mesmo depois de um dia de trabalho?

- Si! E ainda quererei que faça comigo o modo que tu tanto gostas. - E como seria?

- Desta forma. – Levantou-se e abruptamente, empurrou-o com força no sofá, o imobilizando de quatro. O movimento brusco provocou um gemido e uma leve risada de prazer.

- E aí você faz o que? – Perguntou, fingindo inocência.

- Lhe meto com vontade, sem piedade. – Encaixou a pontinha na entrada que tanto esperava por um hóspede e deu uma forte estocada.

- Argh... – mordeu a almofada, sentindo a dor prazerosa da invasão sem festejos.

Segurando no quadril daquele que estava em posição passiva, continuou a se mexer de forma furiosa, exatamente do jeito que Wasen adorava quando estava sedento por uma noitada sexual. Gemidos começavam a ecoar de ambas as partes e não se importavam se as paredes tinham ouvidos.

- A-aisen... – murmurava abafadamente.

- Não estois a te escutar. – Retirou o membro pulsante para que seu amado pudesse virar.

- Me fode com mais força... – Encarou-o profundamente para que Liod entendesse o recado.

- Como quiser, mi amore.

Na volta de seus movimentos de estocadas violentas, colocou suas mãos em volta do pescoço de Jeong, apertando um pouco. Era um pouco bizarro lembrar que descobriu esse fetiche após quase ter matado seu parceiro por conta de manipulação. Porém, das lembranças ruins, ainda dá para salvar aquilo que nos convém.

Conforme se beijavam, mordiam, arranhavam, abraçavam e brincavam, os altos gemidos circulavam pela casa. Invertiam os papéis, trocavam de posições, "níveis" e até mesmo utilizavam do resto do sorvete derretido. Não sabiam nem contar quantas rodadas fizeram, apenas sabiam apreciar cada momento sem se preocupar com mais nada.

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Depois do longo tempo de diversão, desmontaram no sofá, visualizando a bagunça que fizeram na sala de estar.

- Isso...Foi incrível. – suspirava de cansaço.

- Tens toda a razão. – Retirou as tranças que estavam recaídas sobre o rosto do homem que amava. – A senhora Kirai não se importas mesmo de deixarmos nosso petiz com tal senhoria?

- Nah, minha mãe adora cuidar do Délion quando pode e ele ama se empanturrar com as coisas que a vó faz.

- Ah, que bom. – Deu um pequeno sorriso, evitando olhar para Jeong.

- O que foi, mô? – preocupou-se.

- Não és nada, apenas os arranhões em mi costa. Estão formigando um pouco.

- Vou pegar um creme, ok? – Tentou levantar, mas sentiu um toque gélido lhe impedindo.

- Não precisas, mi pessoa estás bem.

O elfo observou bem sua expressão e como alguém que o conhecia há séculos, sabia que havia algo errado.

- Não é isso, não é?

- É...

- O que aconteceu? – Com o polegar, acariciava a bochecha corada, esperando por uma resposta.

- Posso lhe questionar algo? Não és tão no clima, porém me veio a reflexão da mesma. – Após receber um sinal que "sim" com a cabeça, continuou: - Mi Rosa, apesar de não termos tanto tempo a sós...tu pensas na possibilidade de... Sabe, outras crianças?

- Nossa... Eu... – Procurava as palavras, mas as perdiam no ar por conta de um assunto sensível.

- Não sei, apenas me veio em mente. Como deves ser a sensação de um casal em que há a possibilidade de gerar uma vida? Ou a sensação de ver um petiz crescer, desde quando era apenas um mero ser pequenino até alguém desenvolvido com responsabilidade própria?

- Sinceramente, fazia um tempo que tava repensando no assunto.

- Sério?

- Uhum...Mas sabe que infelizmente não poderia ser biológico meu ou seu, né?

- Mi pessoa sabes, não quereriamos que a criança sofresse com a maldição e mi não poderias contribuir.

- Mas nada impede de adotarmos, não é?

- Espera, estás realmente cogitando?

- Porque não estaria?

O platinado o abraçou fortemente, dando risadas sinceras.

- Ainda não creio. Já lhe disse que amo tanto que não sei colocar o quanto em uma escala?

- Hmmm, talvez enquanto você me comia, mas de forma diferente.

- Abestado.

- Eu também lhe amo da mesma forma, cubinho de gelo atacado por vontade paternal.

- Tu tambem estás.

- Eu sei, só gosto de reforçar e imaginar como seria você lidando com um bebê. Um neném cuidando de outro. – riu.

- Oras, não és justo. Tu és basicamente "o pai" de quase tudo natural, tens mais experiência!

- E eu posso te ensinar. Só falta a "cobaia". - Ironizou.

- Que horror, até pareces que estás a querer fazer teus experimentos com a criança.

- Só se for a experiência de ver você como um pai coruja. E falando em coruja... Vamo dormir eu tô exausto e com o quadril doendo. – Se alongou antes de voltar na sua posição da conchinha. – Vamos estudar e ver onde podemos encontrar o que queremos.

- Tu és quem manda, mi amore...– Beijou a nuca de seu parceiro. – Buenas noites ou melhor, buenos días.

- Bom dia pra você também...

Assim, quando a noite já estava virando dia, adormeceram ali, abraçados e exaustos, com novas expectativas para a vida.

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⏰ Última atualização: Apr 14, 2022 ⏰

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