Coleta Em Plaga Urbana
No dia seguinte, depois de o Primeiro Sol surgir timidamente no céu, com ainda seus raios fracos de luz, os grupos que irá fazer a coleta começou a arrumar algumas coisas para a ida até as plagas urbanas de Azdak, e muito antes de todos arrumarem o que levariam, eu já havia ajeitado as minhas, coisas poucas: uma mochila pequena para carregar objetos pequenos achados e um cantil com água.
Eu não sabia ao certo quanto tempo duraria a nossa ida até lá — e pensar nisso me deixava inquieta —, mas sei que sempre depende das coisas que são encontradas. Ninguém pode voltar de mãos vazias.
Enquanto todos se ajeitavam em outro setor, eu fico observando o céu ainda com as luminazis brilhando fracamente, quase apagadas.
Me encontro em um dos pátios superiores à beira de uma abertura que dá a visão para o país-cidade, daqui de cima vejo todas as plagas em sua extensidade e suas construções em tamanhos minúsculos, inclusive — muito ao longe — o prédio da Ôtipse que se diferencia de todos os outros em Azdak, o único com estrutura suspensa, com mais outras duas que o ladeia, mas que se mantém no solo.
A vista a frente também mostra imensidões de árvores em suas folhas laranjas e amarelas, uma parte do lago bem a direita que fica de frente ao Terreno, e, quase imperceptível, ao longe, alguns galpões abandonados.
A brisa do vento sopra em meu rosto incansavelmente, enquanto me mantenho encostada à parede.
No momento, eu pensava no sentimento que me invadira mais cedo. Estava apreensiva e ansiosa, cheguei a pensar que estaria passando mal, mas eu sabia que aquilo era apenas um sentimento que queria me fazer refém de mim mesma e eu não poderia deixar que isso acontecesse.
Não posso deixar nada me atrapalhar nem tirar meu foco, digo a mim mesma.
Oi, tudo bem? — Jarkata surge de repente. Quase tenho um susto com sua chegada repentina. — Me disseram que você estaria aqui.
— Estou bem. — Dou um sorriso.
O cabelo de Jarkata está preso em duas tranças laterais, ela veste uma blusa de mangas longas na cor verde, uma calça cheia de bolsos e um par de botas gastas.
— Tome. — Jarkata tira um punhal de um dos bolsos e estende para mim. — Você pode precisar em algum momento.
Recebo e enfio na lateral da minha bota.
— Agora vamos, todos já estão prontos para a partida.
— Certo.
Seguimos para outro espaço onde todo o restante estão reunidos, eu e Jarkata nos juntamos ao grupo que fomos designadas.
— ... dessa vez eu estarei monitorando cada passo de vocês, não esqueçam disso. — Falava Avasthrud quando chegamos no outro pátio. — Quanto aos líderes de setores, já sabem o que tem que fazer, e ao restante tragam o máximo de coisas que conseguirem. — ele dá um clique na tela que segura e estende para que possamos ver: — "01T" — o que mostra que estamos no primeiro tempo do dia e no primeiro ciclo do Sol — O máximo de tempo que terão é 04T, ou seja, no quinto tempo todos tem que estar de volta, entendido?
— Mas, Avas, por que dessa vez não temos tempo ilimitado? — pergunta Idus líder do setor de reforma.
— Diante de algumas analises, foi notado algumas irresponsabilidades e situações desagradáveis, então, por isso resolvi limitar o tempo. — explicou o homem.
Todos concordam e responde que sim.
— Mas, e se não conseguimos encontrar nada de valor? — pergunta uma mulher próxima a mim.
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Os Celestiais
Ciencia FicciónSINOPSE: Carregando um passado conturbado consigo, Miralah, para seu próprio bem, permitiu-se abdicar toda sua fortuna e vida para fugir em busca de liberdade - após a morte do seus pais -, no intuito de se livrar do que lhe fazia mal. Agora, depo...