O Encontro Perfeito - Emisue

01.

Pov Emily.

Querido diário, terminei de maratonar The Vampire Diaries e percebi que colocar pra fora tudo o que sente através da escrita é muito bom, eu já faço isso através da poesia, mas decidi que nem só de versos e estrofes se vive uma poeta e, sim, eu sou uma poeta.

Uma poeta que o mundo nunca viu, a não ser os 16 seguidores do meu perfil de poesia no Instagram, obviamente ninguém sabe que sou eu. Meu pai me mataria se descobrisse que um de seus filhos é um escritor, na mente maléfica daquele homem, escritor não tem futuro, pelo menos não os de hoje em dia.

Meu pai praticamente me forçou a cursar música, sempre disse que pelo menos para isso eu tenho talento. Edward não é um homem ruim como muitos acham, ele me apoia em absolutamente tudo, menos na escrita.

Tenho dois irmãos: Austin e Lavinia. Austin como meu irmão mais velho, deveria ser o cabeça dos irmãos, mas a Lavinia, ou Vinnie gosta de ser chamada, que é, minha irmã caçula tem mais cabeça que Austin e eu juntos.

Vinnie tem vinte anos e cursa moda. Graças ao papai, ela conseguiu um estágio na Vogue logo no primeiro semestre — injusto com os outros? Eu sei — e está lá até hoje, ela acabou virando uma das maiores desenhistas daquela firma, ouso dizer que virou a melhor. Eu tenho muito orgulho dela!

Austin foi induzido pelo papai a cursar direito, ele nunca quis isso, mas pra falar a verdade ele nunca quis nada. Até hoje age como um adolescente, sendo que o princeso estava no auge de seus 24 anos. Semana passada ele resolveu que irá ingressar na política, papais ficou tão orgulhoso que já está preparando a candidatura.

Mamãe é dona de casa, não que papai a tenha obrigado a isso, pelo contrário, ele queria que ela alcançasse todos os seus sonhos, só que ela diz que seu sonho sempre foi cuidar de uma família, ficar em casa para apoiar os filhos e o marido. Às vezes eu acho que ela vive no século errado.

No meio desse rolê todo ainda tem o George. George é o melhor amigo dos Dickinsibs desde, sei lá, sempre?! Ele e Austin se conheceram no jardim de infância e desde então o George está conosco. Ele e Vinnie são tipo os pais do Squad.

Eu? Bom, eu só queria não ter toda essa fama. Queria ser só uma garota de vinte e dois anos que pode sair e se divertir a vontade, pode namorar sabendo que a pessoa não está interessada em mim só pra ter visibilidade. Isso seria pedir muito? Esbarrar com alguém um dia e a gente se apaixonar quase que de imediato, termos um primeiro encontro incrível e depois construir uma vida inteira?

Ok, Emily, acho que você está sonhando demais. Isso que dá assistir todas essas baboseiras que a Jane te obriga a ver. Por falar em Jane, ela é a minha melhor amiga da vida, me apoia em todas as minhas loucuras, da mesma forma que apoio ela. Inclusive, ela que me fez assistir The Vampire Diaries, a série é muito boa, seria bem melhor se a protagonista não fosse uma songa monga, mas nem tudo são flores.

Diário, eu tenho que ir agora, acho que a Jane chegou e a gente combinou de assistir The Originals, só vou assistir porque ela prometeu que não tem nenhuma versão chata da Elena lá. Enfim, até a próxima diário.

Ps: Ainda não sei como tem que terminar a página, não falaram isso na série.

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— OW? GAROTA? — Jane estala os dedos na minha frente.

— Ai garota, que susto — digo despertando do transe.

— Você tá bem? O Klaus acabou de fazer uma chacina e você não disse nada e você sempre dá pulinhos de alegria quando ele faz isso.

— Sabe o que é? — a olho cabisbaixa — eu tô aí vendo o Elijah e a Hayley né...

— Rum

— E eu queria ter isso, sabe? Não essa loucura toda, mas o amor puro e genuíno. Acho que ninguém nunca vai me amar pelo que eu realmente sou, sempre me desejam por conta da fama, eu já estou cansada de mulheres que só querem me levar pra cama. Isso é exaustivo.

— Ei, princesa — ela toca em meu queijo e me faz olhá-la — isso é péssimo mas eu tenho uma ideia.

— Tem? — olho esperançosa.

— Você vai me deixar falar sem me interromper e só depois me diz o que acha, ok?!

— okay?!

— Então, tem um site — arqueio as sobrancelhas — calma, tem um site onde você não revela nada além do seu primeiro nome e a idade. Você vai conversar com as pessoas até julgar necessário um primeiro encontro, mas aí vem a melhor parte: no encontro vocês não vão se ver.

— Que?

— Sem interrupções, já disse — me encara — vocês irão sentar na mesma mesa mas terá uma parede dividindo a mesa, tudo o que você vai ver e ouvir é a região onde estarão os pratos e as mãos e, óbvio, a voz uma da outra. O que acha?!

— Ai Jan, sei não hein. E se descobrirem quem eu sou?

— você vai contar?

— eu não.

— então não tem problema né, anta. Você pode ter vários encontros com essa pessoa até decidir mostrar o seu rosto. A graça é justamente uma não saber da outra.

— e como você sabe que eu não estou a procura de um rapaz?

— Porque você é mais gay que eu, Emi. Vem vamos criar logo esse perfil.

Me puxa pelo braço até o notebook e então começa a fazer meu perfil.

— qual o user?

— @eupoeta

— o mesmo daquele seu insta, sério?

— sério, vai.

— ok, ok... descrição?

— não era só o nome e a idade?

— ok, eu faço. — começa a digitar e murmurar — Emily, 22, poeta e apaixonada por pets e natureza.

— só isso?

— tenho culpa de vocês ter uma vida mixuruca?

— auch — coloco a mão no peito fingindo dor — publica logo isso antes que eu desista.

Ela lança meu perfil e depois voltamos a maratonar a série.

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