Whillem

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Silêncio. Ele sempre gostara do silêncio, desde criança. Não que ele fosse um adulto, nem um jovem era,na inocência dos seus 6 anos.
Whillem brincava no seu quarto, no ponto mais alto da Torre Sul do castelo de senhor seu pai e senhora sua mãe. Era um dos maiores quartos do castelo, o que o fazia sentir seguro durante as noites escuras do Inverno.
De repente, ouviu a voz dos guardas do portão, lá embaixo.
Levantou-se num salto, sentido a excitação em todos os seus músculos. Olhou pela janela de seu quarto e viu o portão a ser descido e a carroça senhorial entrar no pátio do castelo.
As lágrimas vieram-lhe aos olhos devido à emoção.
- O pai chegou ! , gritou ele. O pai chegou !
E saiu a correr do quarto atravessando a correr os corredores desertos da sua Torre, por entre gritos e lágrimas de alegria. O senhor seu pai finalmente voltara da campanha que durava há já 11 ciclos lunares. Quase um ano sem ver o senhor seu pai.
O senhor seu pai era senhor do castelo da Beira Leste, um dos maiores castelos do Reino, no entanto ele sempre dissera não ter sido feito para os assuntos do Reino, recolha de impostos e para os problemas de seu povo. Senhor seu pai dissera que um homem por vezes tinha que fazer aquilo que devia e não o que queria.
   O senhor seu pai sempre dissera que preferia o som do aço num campo de batalha, ao som nasalado do seu conselheiro financeiro,e depois ria-se. Como ele tivera saudades so seu riso.
Whillem ouvira dizer que o povo o chamava de imprudente em ir nessas campanhas que poucam utilidade tinham, para além de fazer o senhor seu pai esquecer as suas funções de senhor e reviver os tempos de juventude, em que era apenas um aventureiro, em busca de uma boa história para contar.
A última campanha em que ele partira fora a mais longa em muito tempo, e muito criticada pelos conselheiros, devido aos problemas que a Provincía do Leste vivia. O povo chamava imprudente ao senhor seu pai e tolo nas suas costas.
Mas nada disso importava agora. Ele voltara da viagem. Whillem corria movido pela adrenalina. Desceu a torre e atravessou a correr o Pátio de Aço onde os mais velhos lutavam com espadas de aço. Passou por Vilma, a mulher do ferreiro que se encontrava no alpendre da loja do seu marido a sacudir os tapetes cheios de pó.
-Meu senhor, disse ela, com uma ligeira vénia, enquanto ele passava por ela a correr a toda a velocidade.
Passou por muitos outros conhecidos mas não teve tempo de lhes prestar atenção tal era a sua excitação.
Chegou ao pátio onde se encontrava a maior parte da população do castelo aglomerada como formigas.
Whillem atravessou a multidão furando por entre a população á força do cotovelo, ajudando-se da sua baixa estatura. No centro da praça, ao lado da Fonte de Cyrion, encontrava-se a carroça senhorial, puxada por dois magnifícos garanhões brancos e a descer as escadas estava o senhor seu pai, num manto de pele de castor sobre o gibão azul con detalhes dourados das cores da Família. A senhora minha mãe abraçou-o assim que ele desceu as escada, apertando-se, com lágrimas das saudades sem notícias durante quase um ano.
O seu irmão Henry e a sua irmã Helen foram as seguintes a ser abraçadas pelos braços musculosos do pai.
Whillem furou pela multidão com um vigor renovado enquanto via o senhor seu pai erguer a cabeça do ombro de Helen, varrendo o pátio com o olhar em busca do membro em falta da família.
Então, os seus olhos cruzaram-se e o pai soltou uma exclamação e se abaixou tomando o filho mais novo nos braços.

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