Walter

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Walter acompanhou os filhos até á sala comum na Torre Central, por entre risos e brincadeiras motivadas pelas saudades.
Ele sentia-se revigorado da longa cavalgada das Terras do Norte, atravessando o Vale Negro no centro do continente, Rohyan, até a sua cidade vassala de Pedra de Mar, a partir de onde percorreu o caminho até ao seu castelo na carrroça senhorial.
Passaram pela Praça de Aço, por entre vénias desajeitadas do filho corcunda do ferreiro, Hygor. Subiram as escadas da Torre Central enquanto o seu filho mais novo contava as suas aventuras no jardim interior do castelo e imitava o som que ele fazia, soando depois uma garalhada comum.
Chegados á sala comum sentaram-se no sofá de couro forrado com veludo, em frente de uma lareira aconchegadora. Só agora se apercebia das saudades que sentia da sua casa, da sua família.
- Trouxe-vos presentes, disse eu com um sorriso nos lábios, mas primeiro têm de responder a uma adivinha.
Todos viraram os olhos para ele, com os olhos a brilhar. Walter propunha sempre uma adivinha antes de oferecer algo aos filhos. Deste modo percebiam que os presentes não se ganham sem esforço, por mais pequeno que seja.
- Então aqui vai. "Todas as damas me querem, à cabeça me dão valor, eu mordo e não tenho dentes, ferro sem ser pescador. O que sou eu ?".
Sorri enquanto via as caras pensativas dos seu filhos. Era um enigma díficil bem sabia, tinha lhe sido por um comerciante que encontrara numa taverna, perto de Forte Gelado. Perguntara se sua senhoria gostava de uma boa adivinha. Ele consentira, ansioso por um teste mental depois de tanto esforço físico. Ele dissera-lhe a adivinha e a todos os seus companheiros de armas e nenhum deles conseguiu descobrir a resposta, mesmo depois do sol nascer no dia seguinte.
   Walter admitira ser um enigma desafiafor, mas não estava decidido a desistir. Dormiu sobre o assunto, no melhor quarto que a estalajadeira lhe pudera oferecer. Tentara várias soluções mas todas respondiam apenas a uma parte do mistério, e não ao todo.
   Na manhã seguinte descobrira a resposta, enquanto olhava para uma jovem de cabelo vermelho, que usava um manto também ele vermelho , segurado por um simples alfinete de ouro. E aí soube a verdade.
   O seu filho, Henry, e a sua filha, Helen, tentaram várias soluções, desde "coroa" a "espada", apenas, Whillem, o mais novo, não falava, olhando apenas para a lareira a crepitar, com um ar pensativo.                 
   Passado algum tempo e várias tentativas por parte dos mais velhos, Whillem levantou a cabeça com as costas muito direitas e de seguida olhou para a sua mãe, para o sítio onde se encontrava o seu alfinete em forma de uma flor azul com detalhes a ouro.
   - Um alfinete, disse ele em voz baixa. Um alfinete ! Disse, mais alto para que todos pudessem ouvir.
  

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