capítulo único

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GREEN

[...]

O começo sempre é lindo, quase tão doce quanto mel, mas então a situação foge do meu controle. E eu me perco.

Sempre dizia minha consciência que um mar pode ter rosas, mas que nelas também habitam espinhos. Cuidado, você pode se furar, e vai sangrar e sangrar.

Você me magoava e magoava.
Enquanto isso eu chorava e chorava.

Mas depois estava tudo bem. Sem perceber eu aceitava menos do que eu merecia. O razoável, o mínimo, o tanto faz.

Alarmes soavam, mas meu coração me condenava.

Lágrimas a deslizar, tristeza a se esgueirar pelos meus poros.

Eu era o paciente, o que amava.
Você era o tanto faz, o que me desmoronava.

A esperança berrava, a mente brigava, o coração palpitava, o amor alucinava. E lá eu ficava, perdido entre incertezas e certezas da minha mente.

Mas então tudo voltava a ficar bem, mas sem eu notar, havia uma contagem regressiva e eu sentia tudo definhar.

"Você está bem?"

Era uma pergunta simples, com uma variedade de respostas. Eu poderia tagarelar sobre tudo o que estava a perfurar meu ser, sobre toda a angústia, medo, arrependimentos, culpa, dor. Tantas coisas que flutuavam em minha mente, eram realmente muitas, então era mais simplório eu dizer que estava tudo bem.

É o que todos querem ouvir.

Tão fácil de ouvir e tão difícil de ser dito, sentia minha garganta sendo perfurada pelas palavras engasgadas. Era mais fácil fingir para os outros que estava tudo bem do que para mim mesmo.

Você me ensinou a navegar em um barco solitário em meio a um mar bravo. Onde as ondas fingem calmaria e logo se aproxima uma tempestade. Aprenda a nadar com urgência, porque ninguém irá até o fundo do mar te resgatar.

Aprendi a viver na ansiedade, no tremor. A calmaria me assusta. Viver na sombra, sem ser visto realmente.

Aprendi a acreditar que mesmo você falando mal de mim, não importava, a culpa da situação ainda era minha.

Vivendo no obscuro da sua companhia.

Você era uma áurea tenebrosa disfarçada de boazinha. Enquanto eu era uma áurea afligida, sem ter aprendido a brilhar.

Entretanto, chegou o dia que você tanto temia: eu aprendi a voar. Enxerguei que poderia brilhar mais sem carregar o peso da sua companhia.

Então eu saí. Era o começo, porém já era muito. Era uma constante inconsistência.

Me perguntava se eu era tão insuficiente para ser deixado para trás tão facilmente. Substituível ao ponto de não parecer fazer a mínima falta.

Tão desinteressante e insuficiente ao ponto de ninguém ficar. Eu era um tolo, realmente. Só queria sumir.

Só que aos poucos eu fui percebendo a clareza que a sua distância me trazia. Você não me amava o bastante para lutar e tampouco era alguém merecedor dos meus sentimentos.

Você era uma pessoa ruim, não uma pessoa com atitudes ruins.

Na sua instabilidade eu morria sem perceber. Compensava seus inúmeros erros com as migalhas que foram me dadas.

Aos pouquinhos eu vou vendo que sou tudo sem você. E agradeço por ter ido embora, porque agora eu posso ser feliz sem ter ao meu lado alguém que não se importa com ninguém além de si mesmo.

Eu sou igual a uma pequenina planta, se você der sol e água – amor e carinho – ela vai florescer. Bem aos pouquinhos. Entretanto, para isso tem que saber cultivar. Não adianta reclamar depois que a plantinha for embora.

E assim eu vou caminhando, vivendo, aprendendo a ser feliz. Renovando o amor, aquele amor tão lindo que há entre mim e eu.

[...]

O que acharam da história? Espero que tenham gostado.

Compartilhem com os amigos e até a próxima

GREEN: entre mim e euOnde histórias criam vida. Descubra agora