《 20 Anos Depois 》
*{CORTE SUPERIOR}*
_[Ellise Broker]_
Logo pela manhã pude ouvir o barulho de uma carruagem parando na nossa porta, foi até uma surpresa, são raras as vezes que alguém vem nos visitar. Ainda mais alguém que possua uma carruagem.
Me levantei devagar indo em direção a janela, todo cuidado era necessário para não acordar minha irmã que dormia no mesmo quarto que eu e também não queria chamar atenção de quem estivesse parado na nossa porta, era apenas...uma pequena curiosidade saber quem estava ali. Não consegui ver muita coisa, apenas o cocheiro entregando uma carta ao meu pai, não pude ver o brasão que estava na carruagem, mas se eu esperasse alguns momentos poderia descer e olhar o brasão na carta.
¤Demorou para aquela carruagem sair da nossa porta, tempo o suficiente pra eu trocar minhas vestes para algo mais apresentável. Assim que ouvi o barulho da carruagem se arrastando para longe, desci as escadas, prendi meu cabelo com uma fita e fui até meu pai.
~ Bom dia papai - Dei um beijo em sua bochecha e uma rápida olhada na carta em sua mão, era uma carta vinda do rei...
~ Bom dia Ellise, você dormiu bem? - Ele não tirava os olhos da carta, mas também não abria ela. Minha curiosidade estava me corroendo, mas não me arriscaria levar um sermão ao perguntar sobre o que era, poderia ver ela depois.
~ Até que sim, não tive mais problemas para dormir, a um tempo.
~ Fico feliz em saber disso.
~ O senhor parece bastante concentrado...Aconteceu algo?
~ É sobre a coroação do novo rei, teremos que ir. E espero que você não faça como na festa do príncipe. - Ele falou enfim tirando os olhos da carta e os direcionando para mim.
~ A culpa não foi minha...primeiro que eu não acho o príncipe Mikhail adequado para ser rei, ele é inconsequente, incoerente e totalmente inadequado.
~ Bom...não a nada que possa fazer Ellise, até porque ele é o único na linhagem. E eu quero, quero não, eu exijo que pelo menos uma única vez você não exponha suas opiniões entre os nobres, ainda mais na frente do novo rei. Isso é importante...a gente já não tem quase nada...é uma chance da gente ser reerguer e trazer algo bom para o povo.
~ E como o senhor acha que essa coroação vai trazer algo bom para o povo? E a gente se reerguer com a coroação?
~ Não me faça várias perguntas, já tenho muito o que pensar e resolver. Você já foi fazer seus deveres?
~ Não... - Me retirei da sala aonde meu pai estava e fui para os fundos encher um balde.
Não entendi o que ele quis dizer, acho que ele tem esperanças que o povo ganhe algo com a nova coroação, duvido muito que a gente va ganhar algo com isso. A nobreza pouco se importa conosco...digo, talvez a gente devesse ter esperanças, mas ainda assim é burrice pensar tão alto. Fui retirada dos meus pensamentos com o barulho do balde batendo na água que estava no fundo do poço.
¤
Assim que acabo de fazer meu deveres e tomar um bom e longo banho, resolvo sair um pouco. Ando até a casa da Mary, uma das poucas pessoas que posso chamar de amigos, não vi ela lá. A julgar pelo dia, ela provavelmente está no centro. Estava quase indo embora quando ouço alguém me chamar, Ryan, ele estava descendo de uma árvore.
~ Sabia que roubar frutos da casa da vizinha é um crime? Eu poderia lhe denunciar para a guarda real. - Abro um sorriso quando ele ri.
~ Deve haver algum engano milady, essa casa é minha.
~ Sei.... - Começo a rir junto com ele e logo lhe dou um abraço apertado.- Estou pensando seriamente em ir lá no centro.
~ Para que?
~ Pra achar a Mary, hoje ela está lá lembra? Sem falar que você pode pagar o pedaço de queijo que me deve. - Encaro ele
~ Senhora acho que você está me confundindo com alguém...nem te conheço...o que é queijo? - Ele ri novamente quando eu bato em seu braço. - Eu poderia lhe levar em meu cavalo, porém, não tô com muita vontade de ir até o centro.
~ Me diga quando você está com vontade de fazer alguma coisa - andamos até a casa dele.
Ryan me ajudou a subir em cima do cavalo e se sentou atrás de mim. Embora ele seja meu melhor amigo, fico sem saber o que sinto realmente por ele, digo...ele é um amigo maravilhoso, não tem nada de errado não ao meu ver, mas não sei...
¤
O centro estava cheio, muito mais que o normal, acho que todos ganharam a carta da coroação...desperdício de tempo e poderiam estar gastando dinheiro com algo que realmente fosse importante. Não foi difícil achar a Mary, ela sempre vai na mesma loja de flores, aproveitando que estava no centro resolvi comprar algumas frutas e verduras com o pouco dinheiro que me restava.
~ Você não vai comprar algo para usar na coroação? - Mary para ao meu lado segurando uma das sacolas.
~ Não vejo nenhuma necessidade, ainda tenho bons vestidos e acessórios. Então posso usa-los - ajeito uma sacola em meus braços para que as frutas não caiam no chão.
~ Farei um vestido para você!
~ Não...Mary, agradeço de coração, mas não tenho moedas para lhe pagar, e antes que você fale que irá me dar de presente...nem pensar. - Olho para ela e dou um breve sorriso.
~ Mas porque? Eu nunca fiz um vestido para você, e eu não me importo que seja de graça!
~ Mary, este é seu trabalho. É com isso que você ajuda a sua mãe, eu não quero nada de graça, se for pra você fazer um vestido para mim, quero ter o prazer de lhe pagar, talvez até mais que o necessário.
~ Você pode me pagar depois, assim não será de graça, o que acha? - Diz pegando uma das minhas mãos. - Ellise, sei que a nossa situação no momento não é das melhores, e tanto a minha família quanto a sua está lutando para poder ter as coisas. Porém você é minha única amiga, sem você eu seria solitária, e talvez só teria o Ryan e olhe pra ele...- Olho pro Ryan que estava conversando com umas três camponesas. - Não é criticando, mas pobrezinho... - Deixo uma risada escapar.
~ Tá bom...eu deixo, mas irei pagar, nem que seja com favores, temos um acordo?
~ Sim! - Ela sorri - Mais tarde passe na minha casa.
《 3 Dias Depois 》
Estávamos jantando, eu, meu pai e Eleonor, minha irmã mais nova de 12 anos. Isabel parecia bem distraída, comia enquanto brincava com as verduras.
~ O presunto tava com bom preço? - Meu pai pergunta enquanto olha para o pedaço de presunto em cima da mesa.
~ Não, foi presente do padeiro.
~Presente? Porque ele lhe daria um presente? O filho dele se casou primavera passada, então não vejo motivos...você fez algum favor ou ajudou em algo?
~ Não...ele me ofereceu um emprego de ajudante na padaria, não vi porque negar, então ele me deu o presunto. - Vejo Isabel sorrir e retribuo o sorriso.
~ Então teremos moedas para comprar coisas novas? - Ela pergunta sorrindo.
~ Bom, no início teremos que focar na comida e no problema com o telhado, talvez comprar novos móveis se juntarmos bastante moedas...mas sim, teremos.
~ Acho que meu emprego nos ajuda bastante, e quem ajudará com os deveres da casa? - Ele estava me olhando.
~ Papai...são 25 moedas a cada dois dias, isso porque o padeiro sabe o quanto precisamos. Com o tempo se eu me esforçar pode passar a ser 30 moedas, vai nos ajudar pai, desde que a mamãe morreu nos tivemos muita dificuldade. Isabel pode acordar cedo comigo e me ajudar com os deveres, o filho do vizinho irá me levar e me trazer, já que ele é nosso vizinho.
~ Tudo bem...
Já esperava que ele não fosse gostar tanto da notícia, porém irá nos ajudar tanto. Eu iria ele deixando ou não, tenho que pensar na nossa situação, em minha irmã...em mim, e ele nunca poderá impedir isso.
Continua...
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_In the heart of the court
RomanceO Reino de Fallen, foi dividido em 5 cortes: Corte Superior, Corte do Alto Clero, Corte Imperial, Corte Padrão e Corte Inferior. Mesmo com a divisão justa dos territórios os reis muitas vezes brigavam entre si, e assim rivalidades foram surgindo co...