chapter 2: jeongguk

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Taehyung foi para o depósito pela segunda vez naquela noite. Já era tarde quando ele saiu da empresa, e agora mais ainda. Yoona provavelmente já estava dormindo, o que o deixou mais relaxado para trabalhar. Ela não precisava se preocupar com aquelas coisas ou mesmo com seus problemas atuais, deveria continuar feliz como era. Isso o lembrava um pouco do irmão dela, a quem ele sentia tanta falta.

Suspirou pesadamente, fechando a porta assim que adentrou seu ambiente de trabalho. A iluminação era forte, o fez piscar os olhos várias vezes enquanto tentava se acostumar com ela. EO permanecia no mesmo lugar, inanimado. Taehyung procurou um tecido grande para cobri-lo, não desejando que ele tivesse algum tipo de poeira sobre ele, mesmo que o ambiente fosse limpo. Ele só era precavido agora.

Depois de fazer isso, ele foi até o grande armário de vidro que fez especialmente para Jeongguk. Era impossível ver do lado de fora o que estava dentro - porque Taehyung não queria ver.

Ele abriu a porta, deixando que a luz de fora adentrasse aquele ambiente. Seu coração bateu tão forte que ele quase sentiu como se fosse a primeira vez. Suas mãos tremeram um pouco quando ele inclinou o corpo para frente, tentando alcançar o sensor que se localizava na bochecha do androide. Ele deixou que sua palma tocasse a pele artificial, observando com os olhos vidrados quando os olhos de Jeongguk lentamente se abriram.

Os olhos piscaram lentamente, reativando seus funcionamentos. Taehyung engoliu em seco, se afastando novamente enquanto tirava sua mão do rosto macio.

- Oi - Taehyung disse, cheio de ansiedade. Fazia um ano, afinal.

- Oi, Tae. Você demorou.

Taehyung sentiu os dedos tremerem, seu coração acelerando de fato. A mesma voz. O som da gravação era levemente perceptível, mas ele aprendeu a ignorar com o tempo.

- Desculpe, estive ocupado ultimamente. Vou precisar da sua ajuda agora, tudo bem?

Jeongguk piscou os olhos várias vezes, pensando, ou melhor, analisando o banco de dados. Taehyung sentiu algo dentro dele se partir enquanto o observava. Ele sentia falta do verdadeiro Jungkook, tanta que qualquer coisa que o lembrasse dele era suficiente para fazê-lo desejar ficar perto.

- Tudo bem - Jeongguk respondeu, sua voz nunca se esvaindo através dos comandos na qual Taehyung a manteve salva. Ele levou a mão em direção a do androide e a segurou, puxando-a enquanto dizia um "caminhe comigo". Jeongguk o fez de forma lenta, aos poucos acostumando-se aos movimentos novamente após tanto tempo parado. Taehyung o guiou até a mesa de aço, sentando-o em uma cadeira do lado contrário de EO. Quando os olhos de Jeongguk percorreram o ambiente, Taehyung ficou feliz por ter deixado Enter One coberto. De alguma forma, a ideia de substituir era incômoda, e ele não queria que Jeongguk entendesse isso - mesmo que fosse obvio que ele era um robô e isso não passaria em seus comandos.

- Vou ter que fazer uns ajustes em você agora, tudo bem? Deve terminar em alguns dias já que tenho todos os códigos prontos. Sei que você não vai me decepcionar nesse sentido, também sei que não deveria ter deixado você sozinho por muito tempo... - Taehyung divagou. Sua cabeça estava girando um pouco quando ele tocou a bochecha de Jeongguk, do lado contrário ao sensor. - Sinto muito mesmo, não vou fazer isso nunca mais, tudo bem?

Jeongguk demorou em sua resposta, analisando. Sua mão se levantou então, e Taehyung ficou sem ar por um instante. Jeongguk não levantaria porque seu comando era ficar sentado, então Taehyung se agachou um pouco para que seu rosto ficasse na altura do androide. Ele aproximou o rosto da mão, então, suspirando aliviado com o toque. Ele sabia que não havia nada além de uma mão artificial fria pelo local em que estava guardado, mas ele jurou ter sentido o calor do verdadeiro Jungkook. Sua mente lhe pregava peças as vezes, e esse também foi um dos motivos dele decidir trancafiar o androide Jeongguk por tanto tempo.

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