Grande erro

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POV JOSH BEAUCHAMP

Vocês já olharam para alguém, e pensaram, "Uau, deus deve me odiar"?
Porque ele gastou tanto tempo escrevendo uma vida perfeita para tantos, e para mim, parece que ele ficou com preguiça no meio do destino...

Eu tenho muitos traumas e limitações e falhas de personalidade, enquanto, o único defeito de muitos é ter uma vida perfeita, sem problemas...

Então...comecei a deixa-los assumir toda a responsabilidade, por tudo que há de errado comigo, eu sei que certa parte das coisas são culpa minha mas...não são exatamente culpa minha, pessoas confusas magoam pessoas incríveis, e pessoas sem brilho apagam toda a alegria de quem ainda tem um restinho de esperança na humanidade...então eu culpo a metafisica.

Meu pai apagou todo o brilho de viver que uma criança tem, ele criou uma criança assustada e preocupada, que virou um adolescente revoltado e pressionado, que virou um adulto amargo e sem um restinho de alegria.

Adultos descrentes criam crianças sem esperança, sem alegrias verdadeiras.

Eu cresci sem confiar totalmente no meu potencial, porque nunca era suficiente, nunca era bom, sempre tinha o que melhorar, então agora...por mais que provem que é possível, eu não consigo acreditar em mim mesmo.

Eu não sei no que acredito mais...mas é mais fácil pensar que deus cometeu um erro comigo, um grande erro, um grande abandono.

Minha intenção não era magoar a Gabrielly, jamais, mas se eu não acredito em mim mesmo, como ela pode acreditar? Se eu mesmo não ponho fé em mim, como alguém pode por?

Talvez eu realmente seja um caso perdido, talvez eu realmente seja um erro, talvez eu mereça tudo isso, talvez esse seja meu castigo.

Tudo o que ele disse passa pela minha cabeça, 24 horas por dia, afinal esse é o preço da fama muito cedo, deixar de lado sua vida para alegrar a vida de alguém.

Eu sinto tudo vindo a tona.
O que ele disse ronda meu coração e minha cabeça.

Só queria que uma vez na vida, ele tivesse acreditado em mim, queria que uma vez ele olhasse para mim...talvez agora eu acreditasse no meu potencial.

Eu sei que pela minha mãe eu devia tentar mas...o fantasma dele me prende dentro da minha cabeça.

É graças a ele que eu estou nessa merda de cadeira de rodas, é por ele não acreditar em mim, é por ele ter tirado toda a minha fé e esperança, toda minha esperança de andar de novo, de ser livre de novo

E com certeza é por culpa dele esse meu bloqueio...se ao menos eu tivesse uma motivação, uma alegria, algo que me fizesse ter esperança novamente...

Acordei com o sol da manhã invadindo meu quarto, o céu ainda estava alaranjado, indicando os primeiros raios do dia.

Olhei para o relógio que marcava 6 da manhã.

Sabe aquela inspiração do além que te da vontade de fazer tudo?

Então!

Fui para meu banheiro e tomei um banho gelado para acordar totalmente, vesti um short e uma regata, e fui para a academia da minha casa.

Antigamente adorava treinar, não sei o que tinha me feito parar, igual não sabia essa força repentina para voltar.

Talvez ver quão pessimista eu estava sendo e quanto magoei a cacheada que estava se esforçando para ser uma ótima profissional.

E lá fui eu, fazer musculação dos braços com os pesos, exercícios para o abdómen.

Fiquei horas treinando, e só me toquei, quando ouvi uma tosse falsa:

- Bom dia mãe - falei colocando o peso no lugar e olhando para minha mãe escorada na parede

Úrsula: o que é tudo isso?

- Não sei, só pensei muito de madrugada e acordei inspirado - falei tirando a camisa por estar soado

Úrsula: isso é ótimo, faz tempo que você não acorda assim

- Talvez uns sete anos - falei rindo e bebendo minha água - eu realmente não sei o que aconteceu, é igual aqueles picos de energia que dá de madrugada e você quer arrumar tudo

Úrsula : péssima comparação filho -ela diz rindo- tem problema você ficar sozinho hoje ?

- Não, não tem problema nenhum dona Úrsula - falei sorrindo - e não foi uma péssima comparação

Úrsula: ótimo. Por que a any não vem hoje -ela diz rindo- quer algo do mercado ?

- Meus ci...não pensando bem, não quero nada e...eu acho que magoei a soares ontem...passa o endereço dela

Úrsula: acho que não foi só você querido

- Não importa quem foi, passa o endereço da Soares

Úrsula: sim senhor, mandão-ela diz rindo e me passando o endereço- eu te amo filho

- Eu também te amo e, manda prepararem o carro e o motorista, vou sair

Úrsula : pode deixar querido

- Obrigado mãe - falei sorrindo

Uma coisa minha mãe me ensinou, se magoou seus amigos, peça desculpa, bom...ta certo que ela não é minha amiga mas, o conselho vale.

Voltei para meu quarto, tomei outro banho, vesti uma calça preta, uma camisa da mesma cor, um Jordan azul e um óculos escuros.

Arrumei meu cabelo e passei meu perfume.

- É Joshua, até que você ainda é bonitinho- falei sozinho me encarando no espelho e ligando o automático da cadeira de rodas.

Segui meu caminho até a garagem, encontrando meu motorista me esperando ao lado da minha Porsche:

- Bom dia Bailey, hoje vamos para a casa da senhorita Soares, mas vamos passar na floricultura, dizem que um bom pedido de desculpas deve ter flores

Bailey: bom dia Josh -ele diz sorrindo- claro, que flores está pensando em levar ?

- Não sei, o que me recomenda?

Bailey: peônias, são lindas

- Ótimo, então vamos levar um buquê de peônias para ela- falei sentando no banco de trás do carro.

Bailey: o senhor está diferente

- Diferente...diferente como?

Bailey: com um brilho que não tinha antes

- Eu sei, acordei estranho, acho que os pensamentos da madrugada mexeram comigo - falei rindo

Bailey: eu lembro quando éramos pequenos, o senhor vivia acordado de madrugada olhando as estrelas

- Não entendi a referência de eu acordar quando éramos pequenos, para ver as estrelas, qual a relação com o assunto de agora? - perguntei confuso

Para contextualizar, bailey é filho do motorista com a cozinheira da minha família, e crescemos juntos, como irmãos.

Bailey: você tinha o mesmo brilho de agora

- Bailey, crianças são inocentes, não sabem a droga que esse mundo pode ser, e definitivamente eu não sou mais inocente, meu querido pai fez o favor de estragar então...não estraga meu humor, colega

Bailey: então vamos pra floricultura chefinho

Concordei com a cabeça, fechando a porta do carro e colocando meu cinto.

(...)

Assim que o carro estacionou em frente a um apartamento em Quebec, Bailey abriu a porta para mim, e colocou minha cadeira ao meu lado, onde com ajuda dos meus braços, sentei na mesma, indo em direção ao interfone:

- Bom dia, me chamo Joshua Beauchamp, e gostaria de saber  se sou permitido a subir no apartamento da senhorita Soares

Xxx: ah.. claro, pode subir -diz uma voz feminina-

- Obrigado - falei pegando o buquê das mãos de bailey - fique aqui- falei entrando no prédio.

Peguei o elevador com cuidado, e dei graças a deus por não existirem apenas escadas aqui.

Esperei o elevador abrir suas portas no andar da cacheada, e sai com cuidado, com o modo automático da cadeira, indo até a porta dela, e tocando a campainha:

Momentos depois, um senhor com um pouco mais de setenta anos apareceu na porta

Xxx: quem é você ?

- Olá, eu sou o paciente da senhorita Gabrielly

Xxx: minha neta não é nem formada

Xxx: vem vovô, eu cuido disso

Estranhei a fala do senhor, mas logo vi uma mulher de cabelos morenos e lisos:

- Ah, oi, a Any mora nesse apartamento?

Xxx: mora sim, pode entrar Josh

- Obrigado - falei sorrindo, colocando o buquê no meu colo e empurrando minha cadeira para dentro do apartamento

Xxx: a any não está muito bem hoje, mas eu vou chamá-la

- Não quero atrapalhar, se quiser eu posso voltar depois

Xxx: imagine, e não ligue pro nosso avô, o alzaimer não ajuda muito

- Ah...sinto muito...bom, se puder dar essas flores para ela

Xxx: você mesmo pode entregar

- Já que insiste...

A morena foi chamar a prima, quando o senhorzinho sentou do meu lado

Xxx: o senhor é namorado da minha anyzinha ?

- Eu? Namorado da any?- perguntei rindo simpático- definitivamente não

Xxx: e porque não ?

- porque eu a conheço a três dias, não posso amar ninguém assim tão rápido

Xxx: ela é tão pequena

- Bom, se compararmos aos meus, 1,78 de altura, com certeza ela é- falei rindo- mas e o senhor, como se chama?

Xxx: Peter , e o senhor como chama

- Me chamo Joshua, mas pode chamar de Josh, e...eu trouxe essas flores para a Any

Peter: oh peônias, ela ama, são as preferidas da mãe dela também

- Ah...a mãe dela...é...bom, o senhor acha que ela me perdoaria com flores?

Peter: sim, a minha solzinho ama flores

- Eu também gosto...acho que dão um ar doce para o ambiente...

Peter: você sabe quando minha filha chega ? Ela sempre trás docinho para as meninas

- Ela...bom...ela vai atrasar hoje, mas se você quiser...- falei tirando uma barrinha de chocolate do bolso- pode ficar com essa, só não coma tudo de uma vez

Peter: oh, obrigado -ele diz pegando e sorrindo- você é muito gentil

- Nem todos falam isso...geralmente eu sou o "arrogante"- falei rindo

Peter: promete vir me ver mais vezes ? É bom conversar com um homem as vezes, minhas netas, minha filha e minha esposa me deixam maluco

Soltei uma risada pela forma como ele falou, mas sentindo uma pontada de tristeza por saber a realidade da história:

- Pode deixar vovô Peter, eu venho mais vezes, se a Any deixar, Claro

Peter: ela é uma criança, não precisa deixar nada -ele diz rindo- mas e você meu jovem ? O que aconteceu com você ?

- Uma criança de vinte poucos anos- falei rindo- bom...se refere as minhas pernas?

Peter: isso, caso não for incômodo contar

- tudo bem...bom...quando eu andava...eu era ator na emissora do meu pai, e, digamos que ele não fazia bem para minha saúde mental, ele era muito rígido, e punha muita pressão, até um dia, eu perder um papel importante, pelos olhos dele, claro, então, ele começou a brigar comigo, disse que tinha vergonha de mim, que eu nunca fazia nada certo, e que eu tinha muito o que melhorar, que eu era ingrato por tudo de bom e do melhor que ele me deu, então...eu gritei que queria que ele tivesse morrido, que não queria ser filho dele, e que desejava sumir, disse que o odiava...então, dirigi feito um maluco para a primeira balada que lembrava, me embebedei, me droguei, fiquei com uma mulher desconhecida, e quando estava voltando para casa...um caminhão desgovernado entrou na frente do carro, não consegui desviar...bom, resultou em um coma de quatro anos e isso

Peter : meu Deus -ele diz assustado com a mão na boca- promete pro vovô que você não vai mais fazer isso

  Dei um sorriso pela forma fofa e carinhosa, que aquele senhor que vi pela primeira vez, me tratava:

- Sabe vovô...as vezes, nós jovens cometemos erros, e está tudo bem, alguns erros são mais graves que outros, mas eles refletem quão bagunçados nós estamos por dentro, e as vezes, nossas almas suplicam por socorro...mas as vezes nosso grito de socorro é silencioso, e nem todos percebem..as vezes, só queremos sentir algo, qualquer coisa, apenas para nos sentirmos vivos porque...a morte não acontece quando nossos corações param, mas sim...quando nos perdemos da nossa essência, quando esquecemos nossas memórias, as vezes...nossa alma morre antes do nosso corpo...talvez seja por isso que nós jovens fazemos merda, as vezes só queremos estar vivos, por alguns minutos, porque sabemos que quando chegarmos em casa, vamos estar mortos e vazios por dentro

Peter : o vovô nunca vai deixar você ficar assim tá ?

- Ah se eu tivesse te conhecido antes vovô...- falei baixinho sorrindo com os olhos cheios de lágrimas

Any: Josh ? O que faz aqui ?

Peter: Priscila, isso é jeito de falar com o amiguinho da sua filha ?

- Deixa comigo vovô...Any, é, eu...bom, isso é para você - falei secando os olhos e entregando o buquê

Any: a obrigada -ela diz pegando o buquê e soltando um suspiro - desculpe papai, eu vou conversar com o Josh enquanto a desnaturada da sua neta não vem

Concordei com a cabeça, ligando o automático da cadeira de rodas:

- Vamos conversar em outro lugar, sim? Até daqui a pouco vovô - falei dando um beijo na testa dele e sorrindo

Any: desculpe por isso -ela diz fechando a porta da varanda depois que eu passo por ela -

- Seu avô é um homem incrível sabia? Não devia pedir desculpas, aliás, desculpas do que?

Any: sobre o Priscila, e sobre todo o resto que eu não sei o que ele falou

- Tudo o que falamos foi sobre o acidente any, e não devia pedir desculpas por algo que você não tem controle

Any: ele não sabe mais quem eu sou..

- Deve doer muito...eu sinto muito...bom, vim ver como você estava e...te pedir desculpas por ontem

Any: estou péssima, desculpa por não ir trabalhar, sou uma péssima fisioterapeuta

- Não acho que você seja, eu até fiz academia hoje e bom, se eu estou aqui...

Any: se você está aqui ?

- Foi graças a sua fala ontem, por mais dura que tenha sido

Any: que fala ?

- Se eu quero ser digno de pena eterna, e definitivamente não quero

Any: fico feliz de ouvir isso -ela diz dando um leve sorriso -

- Me desculpa desacreditar no seu trabalho, me desculpa ser tão pessimista

Any: está tudo bem...

- Posso abraçar você? Sua cara está de quem precisa de um abraço

Any: você ? Querendo me abraçar ?

- Não se acostuma Soares, é só hoje - falei rindo

Any: eu aceito o abraço..

- Bom, então, se não for pedir muito, pode se abaixar? Ainda não consigo abraçar alguém decentemente - falei rindo

Any: é claro -ela diz rindo e se abaixando do meu lado-

Sorri e abracei a mesma, senti um arrepio na coluna, mas ignorei:

- Quer me contar o que você tem?

Any: meu avô não lembra quem eu sou, me confunde com a minha mãe morta e ninguém confia no meu trabalho -ela diz rindo-

- Me desculpa por isso e...eu posso tentar pagar um tratamento para ele, para retardar a doença

Any: não precisa… eu e a Sabina já tentamos algumas coisas… agora é tratamento por remédios

- Bom então...o que te resta é, tomar uma boa dose de sorvete, aceita?

Any: ah não.. eu não quero lhe ocupar..

- Gabrielly eu te ocupo das 10 da manhã até as 22 da noite, o que são alguns minutos comendo sorvete?

Any: com uma condição

- Qual condição?

Any: eu pago

- Nem pensar Gabrielly, eu pago

Any: Joshua, eu pago ou nada feito

- Certo Gabrielly, então você paga- falei rindo

Any: ótimo -ela diz sorrindo e olhando as flores, e logo depois fazendo uma cara de assustada e me olhando-

- O que aconteceu? Eu fiz algo errado?

Any: o que você disse que fez hoje de manhã ?

- Academia, por quê?

Any: você foi na academia ? -ela diz sorrindo- me fala que tá com dor

- Bom, é uma dor chatinha já que não treino a anos, mas nada que eu já não esteja acostumado

Any: você tá com dor no quadril ?

- Estou com dor no tronco todo, treinei abdómen e braços

Any: você tá sentindo a coluna?

- Estou, achei natural já que sempre sentia essa dor nos treinos

Any: puta merda Josh-ela diz soltando o buquê e pulando em comemoração-

- o que foi isso? - falei rindo vendo a mesma pular que nem uma criança

Any: isso é maravilhoso -ela diz me dando um beijo na bochecha e voltando a pular

Eu ria igual uma criança, ria da animação dela e mais ainda do beijo na bochecha.

Definitivamente ela era uma garota de ouro, mesmo estando mal, estava pulando e sorrindo pela conquista que nem se quer era dela.

Any: você tem noção o quanto isso é importante ?

- Acho que tenho Soares, eu acho que tenho- falei rindo vendo a mesma fazer uma dancinha da vitória vergonhosamente fofa

Any: eu tô orgulhosa de você, muito

- Obrigado Soares, e eu prometo que se tiver essa disposição todos os dias, irei fazer academia todos os dias, aliás...se quiser pode treinar comigo, quem sabe você não está em estágio de crescimento e não cresce mais alguma coisa - falei rindo

Any: ei, desde quando minha altura entrou em pauta ?

- Desde que, se você quer me ver surfando, você vai ter que andar com um cara de 1,78 de altura - falei rindo da cara dela

Any: não me importo, vem, vamos tomar sorvete para comemorar

- Achei que fosse para te alegrar - falei rindo saindo da varanda dela.

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Notas da autora: foi isso espero que tenham gostado, me digam o que estão achando da interação deles, desculpem qualquer erro e, aguardem, logo logo virá uma peça de um quebra cabeça que ficará pronto alguns capítulos a frente.

Vou ver se posto um cap extra hoje ou não, mas até segunda ordem, 4/4

Beijinhos doces, Milla <3

17 / 04 / 2022

Amarelo, a fórmula da felicidade - beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora