O estranho discípulo do Grão-Mestre

Capítulo 30: Em outro lugar

A noite estava fria o suficiente para ter o ar puro do inverno. As nuvens eram escassas, só às vezes apareciam e cobriam o céu cheio de cicatrizes ou a lua cheia e brilhante.

A máscara de marfim refletia o luar de forma não natural, dando-lhe a aparência de brilhar ligeiramente.

De onde havia sido empurrado um pouco para cima, um par de lábios vermelhos podia ser visto, vagarosamente sugando um cachimbo de aparência estranha e exalando uma fumaça branca que rodopiava para o céu. A mão que afastava o cachimbo dos lábios parou um pouco, depois retomou o movimento enquanto o homem suspirava.

"Nie", alguém gritou em uma nota chorosa, a voz ecoando longe considerando que eles estavam em uma floresta.

O homem, Nie, inclinou a cabeça e virou para a direita. A máscara não tinha espaço aberto para os olhos e os cobria completamente, mas o homem se comportava como podia ver. O pelo branco que estava preso à máscara se espalhou por toda a cabeça, cobrindo-a. Quando não se olhava de perto o suficiente, ele parecia um monstro sem rosto com cabelos brancos ondulados.

O corpo abaixo também estava completamente coberto. Luvas brancas foram puxadas sobre as mãos, desaparecendo entre o que parecia ser várias camadas de roupas, um roupão marrom escuro mais largo sobre um top mais apertado de mangas compridas. A calça larga terminava em um par de botas de cano alto com pelo branco. Ao todo, nem um único pedaço de pele podia ser visto, exceto o pedaço de pele que estava aparecendo abaixo da máscara.

Com um leve golpe, a máscara se moveu no lugar, escondendo o último pedaço de pele assim que algo saltou da floresta.

A enorme fera parecida com um lobo sacudiu seu pelo cinza e preto, folhas caindo. Chifres curvos cercavam sua cabeça como uma coroa e uma cauda de escorpião se movia em suas costas. A besta não era nada além de músculos sob o pelo comprido. Tinha uma estrutura grosseira parecendo espinhos, tornando a aparência geral não menos ameaçadora.

Os olhos turquesa estavam brilhando ao luar enquanto a fera mudava, até que um homem estava em seu lugar. Com a pele escura e o cabelo bagunçado, ele não parecia tão intimidador quanto antes. Ele era alto e magro, com seus fortes braços musculosos aparecendo sob suas roupas.

O homem cambaleou para frente, seus passos inseguros. Quando ele alcançou Nie, ele se deixou cair no chão e colocou sua cabeça nos joelhos de Nie.

Nie levantou a mão que não segurava o cachimbo ainda em chamas e tentou empurrar a cabeça para longe, mas a pessoa resistiu e colocou seus braços fortes ao redor das pernas. O aperto dele se apertou fortemente; forte o suficiente para quebrar os ossos de um humano, mas Nie não mostrou nenhuma reação além de continuar empurrando teimosamente.

"Nie, eu não estou me sentindo bem," o homem reclamou em voz alta. "Eu estou tonto. Eu estou com dor de cabeça."

"Espero que você esteja ciente de que vir aqui não fará nada além de piorar as coisas," Nie respondeu calmamente. Sua voz era como um sussurro fugaz, frio e arrepiante. Havia um som hipnótico nele, como ouvir uma fada cantar.

O homem ganiu novamente, sua voz muito mais áspera tendo algo como o rosnado de um lobo. "Não, eu tenho que ficar aqui. Há algo estranho com minha cabeça, mas é por isso que preciso saber ainda mais."

"É proibido, criança," Nie insistiu, mas sua mão parou de tentar empurrá-lo. Ele a puxou de volta depois de um momento de imobilidade, descansando-a contra seu estômago. O cachimbo brilhou levemente enquanto ele batia nele com o dedo enluvado.

"Não me chame de criança. Eu disse para você me chamar de 'Wu'." Wu levantou a cabeça, colocando o queixo nos joelhos de Nie e olhando para a máscara vazia. Na verdade, chamá-lo de 'criança' não era surpreendente. Quem sabia quantos anos Nie tinha? Todo mundo era provavelmente uma criança em seus olhos. Todos neste mundo, pelo menos.