O Casamento Arranjado

Aquele Que A Filha Dança

       Jongin olhava para Seolhyun com descontentamento. A alfa estava com seus cinco anos de idade e tinha dito a todos que gostaria de ser dançarina. No início ele não se importava em ver a filha dançando até sem música no meio da casa, mas agora ele se importava aos montes.

       A mesma estava dançando no quintal, seus irmãos estavam juntos próximos mas em uma discussão totalmente diferente dos seus pensamentos e se consistia em quem mandava em quem. Ele se divertia muito e até desviava dos pensamentos da filha mais velha ao ver os filhos mais novos discutirem sobre quem mandava em quem fazendo alegações.

– Eu sou o alfa aqui – Jisung falava para HaSeul.

– Eu nasci primeiro que você – HaSeul rebatia.

– Amadores – Eunjin riu.

       E logo os três entravam mais a fundo na discussão até Seolhyun fazê-los parar dizendo que tinha nascido primeiro e que deveriam ficar quietos pois ela era a alfa e a mais velha dos quatro.

        As vezes Jongin entrava nessa discussão e fazia o quarteto calar a boca só pra ter que calar a boca também pois os maridos entravam e no final quem ganhava era Kyungsoo, o mais velho de todos ali e ômega.

       Jongin gostava bastante da riqueza de palavras dos filhos e do talento pessoal de cada um, exceto por Seolhyun.

       Ele tinha que admitir que a filha dançava muito bem, mas não queria ver a mesma nesse ramo e, se fosse falar pros maridos levaria umas belíssimas broncas, principalmente do Do que já tinha deixado claro que seus filhos fariam oque eles mesmos escolhessem.

       Aquela luta interna seria difícil de aceitar e não gostava de coisas difíceis fora da dança, ainda mais se uma de suas filhas iria querer fazer e já estava fazendo até aulas de balé com seu melhor amigo Hoseok. Obviamente o beta não sabia que era contra a filha dançar e se soubesse levaria esporro deste também.

       Saiu dos pensamentos ao sentir o toque suave de uma mão em seu ombro e olhou pra trás vendo Kyungsoo o olhando com preocupação. Olhou novamente pra frente, nenhuma das crianças estavam mais no quintal, suspirou movendo o canto da boca.

– Amor, você tá bem? – A voz do Do soou melodiosa e Jongin só quis chorar.

        Chorar pelo sofrimento que a filha teria de enfrentar futuramente.

       Nos cantos dos seus olhos já sentia lágrimas tomando de conta e fechou os olhos concordando com a pergunta feita. De repente já não sentia mais a mão do Do no seu ombro, mas abriu os olhos ao sentir o peso do ômega em seu colo. Se viu surpreso.

– Amor, tá me preocupando – Kyungsoo falou baixo acariciando seu rosto. – Me diga oque foi e tentarei te ajudar, sim?

       Jongin não disse nada, não naquele momento. Ele se permitiu chorar sendo abraçado pelo marido, sentindo -se um péssimo appa não querer ver a filha seguindo seus sonhos. Foi cessando o choro aos poucos e quando parou continuou recebendo carinho do ômega e tomou coragem para falar.

– Ela vai sofrer, Soo. Se ela seguir por esse caminho vai ser muito doloroso. Eu não vou conseguir ver ela mal por causa de gente ruim – confessou.

– Ah meu amor – Kyungsoo beijou sua testa. – Ela ainda é uma criança e pode mudar de ideia com o passar dos anos, mas é importante que você apoie ela, independente de gostar ou não – Kyungsoo acariciou sua bochecha com o polegar. – Sabia que ela vem com frequência perguntar pra mim e pro Bae se você gosta dela? – Jongin ergueu a sobrancelha assustado.

       Ele não fazia a mínima ideia disso.

– Pelo jeito não – Kyungsoo tinha um sorriso no rosto, mas não era de felicidade. – Você pensa tanto que os outros podem humilhar ela e não apoiarem que você deixa de apoia-la. Diz pra mim oque você faz quando ela dança balé na sua frente e ela te pergunta se você gostou? – Jongin não ia responder, ele sabia muito bem oque fazia e era virar a cara pra qualquer lugar que não fosse a mesma. – Apoie-a agora Kai. Ela vai ter que passar por dificuldades, todos nós passamos e todos sobrevivemos, ficamos mais fortes e agora sabemos como lidar com apertos. Quando ela precisar vamos estar aqui pra ela, torcendo e ensinando – Kyungsoo disse calmo.

– Eu sou um grande idiota – comentou.

– Ensinando e aprendendo – Kyungsoo sorriu gentil. – Vamos entrar? Estamos te esperando pra jantar, ou vai ficar aqui e pensar um pouco mais?

– Vou pensar um pouco mais – disse e Kyungsoo segurou seu rosto com as duas mãos selando seus lábios.