Break the wall - Drarry

Parte três

Harry ficou surpreso em ter uma boa noite de sono, a satisfação de ter tido bons momentos lhe trazendo um dormir leve e revigorante. O primeiro dia do ano havia sido deveras surpreendente. Passou uma agradável tarde em companhia de alguém, no mínimo, inusitado, e descobriu um outro lado de Draco, um lado que nem cogitara que o sonserino possuía.

O grifinório se levantou vagarosamente da cama ao acordar, esticando todo o corpo como um gato, esfregando os olhos de maneira preguiçosa antes de rumar para o banheiro e fazer sua higiene matinal. Tentando parecer um pouquinho mais apresentável para encarar os poucos bruxos que ficaram no castelo, o moreno vestiu um dos inúmeros suéteres que ganhou da Sra. Weasley, uma calça quente e tênis, pois não planejava sair do castelo naquele dia.

Quando adentrou o Salão Principal, Potter buscou certo loiro na mesa da Sonserina quase que inconscientemente, mas ele não estava presente: devia ter tomado o café antes, já que estava quase no final da refeição, ou talvez nem apareceu, visto que andava meio recluso por ficar sem os amigos no recesso.

O moreno suspirou pensando no que faria naquele dia livre; os amigos apenas retornariam no domingo para a volta das aulas na segunda, e ainda era sexta... Tinha ainda dois dias livres e um desânimo em fazer qualquer tarefa escolar passada para o pequeno recesso.

Retornou para a Torre da Grifinória, controlando-se o máximo que conseguiu para não pegar o Mapa do Maroto, mas lá estava ele, tendo outro déjà vu ao abrir o objeto mágico e buscar o balãozinho indicando onde Draco Malfoy estava.

O sonserino estava sereno num canto isolado da biblioteca. Havia vários livros empilhados na mesa, e ele fazia anotações num pergaminho enquanto folheava um grosso volume de Poções Avançadas.

Draco percebeu quando alguém se aproximou, mas ignorou a presença até que ele bufou e jogou o material em cima da mesa de maneira desleixada. O loiro ergueu os olhos prateados, encarando mortalmente o ser que ousava atrapalhar seu momento de estudo, porém sua expressão se suavizou ao encontrar olhos verdes por trás de óculos redondos e o dono deles se sentando na cadeira livre.

— Potter, o que está fazendo? — A voz arrastada, mesmo demonstrando irritação, atingiu Harry, porém este disfarçou, dando de ombros.

— Estudando!? — ele respondeu, entretanto havia um tom de dúvida na fala do grifinório, que fez o sonserino arquear uma sobrancelha. Harry passou rapidamente os olhos sobre os livros do outro, tentando contornar a situação. — Preciso fazer a tarefa do Slug e aparentemente você pegou todos os livros sobre o assunto...

O loiro empalideceu por um momento antes de um leve rubor lhe tomar as bochechas. Ele desviou o olhar para os livros e resmungou algo que o moreno não compreendeu, o que lhe causou um breve riso.

— Imaginei que ninguém viria fazer a tarefa no recesso, então peguei todos os livros que achei sobre o assunto e reuni aqui... — explicou, fazendo uma careta em seguida.

— Exagerado como a Mione — Potter comentou, agitando a cabeça enquanto retirava os materiais de estudo da mochila.

— Vou encarar como um elogio, já que a Granger é de longe a mais inteligente de vocês — Malfoy replicou sem encará-lo, voltando a escrever a sua própria tarefa. Por isso, não viu o sorriso pequeno do grifinório, que sentiu certa satisfação em ver o outro falando da amiga de maneira quase cordial.

Ele pegou um dos livros e folheou-o procurando a poção que deveria citar no trabalho. E seguiram os dois assim, concentrados em suas próprias redações, mas juntos, o que causou estranhamento até em Madame Pince, que olhava a cena desconfiada.

Draco finalmente relaxou a postura quando se deu por satisfeito com a conclusão de seu texto. Ele ergueu os olhos para Harry, que ia do livro para o pergaminho com uma expressão incomodada e confusa. O loiro quase riu do outro; ele sabia sobre a incapacidade do grifinório de ser bom em Poções, mas também sabia que aquele era um NIEM exigido para ingressar na Academia de Aurores, profissão óbvia que Potter seguiria após concluir a escola.