Despertei, olhei ao redor, ela já ocupava meu espaço, ela coube dentro, adentro de mim. Ouvi seus passos, ela cantarolou em minha pele com seu cheiro adocicado dos beijos, estes que deixou, que os semeou.
Assim, por mim, ela quis, ela fica, ela tem parada, mas não como trem em estação, sua trilha tem ladrilha, pintadas da cor que ela quer, e se revelam em cada descida.
Eu, tão cheia de mim e vazia de si, estou aqui, tão perto do pouco, do tanto que lê-la, ouvi-la, mantê-la mais próxima do que tenho de melhor, do pior, do que importa.
E as fotos que deixou fizeram saudade, maldade.
Guardei os retratos do lambuzo dos beijos, dos bocejos de sono, dos movimentos do acordar, mas eu a vi partir, ir sem mim. Me cativou, ensinou a te querer, e sem querer eu te quis, me fiz sua, me vi nua. Quando cai em si, estava eu tão próxima da sua falta, da asa quebrada que me vi cair, a queda da ausência, dos fantasmas da sua voz, do perder um pouco de nós.
Mas há pouco a vi entrar, se ajustar, se endireitar pra ficar, ficar por aqui. Entra, porque não tem mais volta, somos o agora, seguimos a nossa história entre dois corpos, duas almas, e em cada palma está escrito, tudo tem, tudo bem.
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