CAPÍTULO 1

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Falar já vi que você sabe, e dançar? - Ele me puxa pra pista, após algumas taças de vinhos. Eu sabia que despertava desejo nele, e aproveitei para provocá-lo. Eu não sabia nem o mínimo sobre aquele homem. Mas senti que estava bem conduzida. Eu não sabia quem ele era, os lugares onde morou e o que fez da vida até chegar ali, no American's Bar, naquele dia, horário e ano. O que eu fiz, pra chegar ali também? Livre arbítrio ou destino? Coincidência do acaso ou predestinação nós dois ali?

Rimos, conversamos e.. óbvio né, nos provocamos. Engraçado aquela sensação que eu tive, de parecer que já nos conhecíamos a muito tempo. Parecia que já éramos íntimos, de certa maneira. Soube que ele fazia programas, hesitei ao máximo, mas ao pensar melhor...ele mostrava querer. E mostrava que queria muito. Olhou com vontade. Com desejo. Com uma fome sensual e sexual. Fingi que não percebi, mas eu captava cada olhada que vinha em minha direção. O bar estava fechando e veio o convite para estendermos a noite.

- Vamos sair daqui? - Oliver perguntou e eu cogitei recusar, mas a bebedeira ajudou, aumentando a minha vontade de me perder noite a dentro com ele.

- Não sei...E se você sumir amanhã? - Brinco entre os passos da dança.

- Você me encontra indo buscar nosso café da manhã. O hotel onde estou ficando é umas 3 ruas pra cima. Vamos. - Quem quer que seja, sabe um pouco sobre domínio. Eu o segui.

***

Outro dia li uma frase que dizia 'todos querem viver no topo da montanha, mas nem todos estão dispostos a escala-la'. Transar é como fazer trilha. O trajeto é mais interessante que a vista ao final dele. O verdadeiro orgasmo está na sedução do preparo. A vista é do caralho bem antes de ter chegado ao topo dela.

Apesar da minha timidez e de toda aquela situação, afinal, era a primeira vez que eu havia contratado alguém para fazer o serviço, entramos naquele quarto e exploramos todo canto que havia ali. Sozinhos, o beijo veio quente, forte e intenso. Uma mistura de vinho tinto com um sabor inundado de desejo. O sabor da boca era - assim como a conversa dele - sedutora. A postura. O olhar. A voz. Cada movimento do corpo.

- E o meu presente? - aquela voz sussurra em meu ouvido perguntando.
Permaneço quieta e, ainda olhando pra ele, abro o zíper de sua calça. Me ajoelho e ele dá um sorrisinho de canto e segura forte em meus cabelos.

- É a minha vez agora. - Ele determina.

Ele me jogou na cama. Me olhava com desejo, tirando a roupa sem desviar o olhar de mim. Aquele homem, com aqueles músculos começa a beijar meu pescoço me causando arrepio, foi descendo a meu ventre, dentre minhas coxas e para todo o meu corpo. Quando eu demonstrava que estava gostando, ele parava. Me fazendo enlouquecer e me deixando ainda mais em êxtase. Me arrancou gemidos e eu levei a mão em seus cabelos, mexendo meu quadril e me contorcendo toda.
Sua mão aperta levemente meu pescoço e eu deixo que seu toque reverbere até dentro de mim, onde mora a minha vontade que meu corpo seja inteirinho dele. Só por essa noite. Sinto sua língua, e não somente nossos lábios estão molhados. Nos quartos ao lado é possível ouvir sons. Sons de prazer. Desejo. De corpos que se fundem em uma coisa só. É isso o que ele fez - sutilmente - me consumiu. Exatamente como imaginei que seria.

Eu não quero me gabar, mas eu estava com uma puta visão privilegiada, eu no alto, cavalgando com ele suspirando de olhos fechados e nós dois, em um sincronismo perfeito. Ele tinha o ritmo inigualável. Havia calor envolvido, muito calor. O tempo todo estamos conectados visualmente.

- Para. Vou gozar.

Eu não parei. Aumentei ainda mais a intensidade dos movimentos. Os dois ofegantes e na mesma sintonia. Um gostinho de "quero mais" era perceptível, tanto em mim quanto nele. O corpo ainda estava quente. Havia calor envolvido, muito calor.

Chegamos no topo da montanha. Ofegantes e suados. Vimos a paisagem final. Era visualmente impactante igualmente o caminho percorrido até ela.

NOITE PASSADAOnde histórias criam vida. Descubra agora