𝙱𝚘𝚊𝚛𝚍 𝙶𝚊𝚖𝚎𝚜 - 𝚂𝚎𝚞𝚗𝚐𝙲𝚑𝚊𝚗

Adolescência

SeungMin e Chris dedicaram-se com paciência e determinação para ensinar a Han e Changbin as habilidades essenciais para sobreviverem e prosperarem. Desde pequenos, os meninos mostraram curiosidade inata e energia incontrolável, o que exigiu dos dois deuses uma atenção constante e um repertório infinito de maneiras de explicar o mundo. Ensinar a pescar, por exemplo, não foi apenas uma lição prática, mas uma experiência em conexão com a natureza. SeungMin mostrou como o rio era vivo e pulsava como um coração, explicando a importância de respeitar cada peixe, cada criatura e cada planta. Enquanto isso, Chris, de maneira prática, orientava Han e Changbin a usarem redes e anzóis feitos com recursos naturais. Os meninos, entre risos e quedas na água, aprenderam aos poucos a arte da paciência e da observação.

Quando chegou o momento de aprender a caçar, Chris foi o mais firme, apesar de seu jeito mais abobalhado que sempre tiraca gargalhada das crianças. Ele ensinou-os a mover-se silenciosamente, a entender o rastro dos animais e a nunca desperdiçar o que a natureza lhes oferecia. SeungMin, ao lado deles, complementava as lições, instruindo-os a usar a pele dos animais para roupas e mantos, adaptando-se às mudanças climáticas e a cuidar de seus pertences como parte de si mesmos. Essas tarefas, inicialmente frustrantes para os meninos, foram se tornando rotina, e cada nova conquista — uma peça de roupa costurada, uma armadilha bem-feita — era celebrada como um rito de passagem.

Ao longo dos anos, SeungMin e Chris perceberam que ensinar ia além das técnicas de sobrevivência. Era sobre a construção de confiança e a criação de um senso de propósito. Eles tinham que ser pais, guias e amigos, e aprenderam, junto com Han e Changbin, o valor de proteger e nutrir uma jornada tão complexa quanto a criação de um mundo. Cada ensinamento carregava um pouco de quem eram, e enquanto os meninos cresciam, os deuses sentiam-se cada vez mais imbuídos do amor e da admiração por aqueles jovens, que começavam a desenvolver suas próprias visões sobre o mundo.

Com a adolescência, Han e Changbin começaram a questionar as regras e os métodos que SeungMin e Chris haviam cuidadosamente estabelecido. A curiosidade que antes os aproximava agora os empurrava para longe, tornando o aprendizado uma fonte constante de atrito. Changbin, o mais impulsivo, começava a questionar a necessidade de certos ensinamentos, enquanto Han, mais introspectivo, sentia um desejo crescente de explorar o mundo além das fronteiras seguras que SeungMin e Chris haviam estabelecido.

- Por que a gente tem que fazer tudo do jeito que vocês querem? Vocês nem ouvem nossas ideias! Esse negócio de caçar, de viver do jeito de vocês... quem disse que é o certo? - Changbin disse, cruzando os braços firmemente, recostado sobre uma das árvores enquanto revira os olhos. 

Seungmin suspira, tentando manter a calma: - Porque é assim que sempre foi. O que vocês acham que vão ganhar correndo para o mundo sem saber o que tem lá fora?

Han encara Chris e SeungMin com um olhar desafiador, apesar de ainda tímido: - Talvez a gente queira descobrir por nós mesmos. Estamos cansados de vocês decidirem tudo! Vocês nem confiam na gente, né?

- Confiar? Claro que confiamos, mas vocês ainda têm tanto a aprender. O mundo é grande e cheio de perigos. Não entendem que fazemos isso para proteger vocês? - Chris toma partida de repente, apesar de no fundo entender a vontade dos meninos. Afinal, ele ja foi adolescente também. 

Changbin então levanta a voz, os olhos cheios de desafio: - Talvez eu prefira o perigo a ficar preso aqui para sempre! A gente nunca pediu para serem nossos pais... vocês que decidiram isso!

As palavras do rapaz fizeram tanto Chris quanto Seungmin ficarem paralizados. O sonho de ambos era ser pais. Mas nunca haviam pensando em ouvir essas palavras um dia. O conflito se estendia, cada lado preso em suas convicções. SeungMin e Chris sentiam que estavam perdendo os jovens que criaram, enquanto Han e Changbin ansiavam por independência e identidade própria. A cada discussão, ficava mais claro que os meninos não eram mais as crianças obedientes de antes, e que os deuses precisariam adaptar-se à nova fase de suas vidas.