Capítulo 2

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Eu estava correndo com todas as minhas forças, eu precisava encontrá-lo antes dele partir, se ele partisse antes de saber que eu o amava nunca me perdoaria. Mas para piorar o cenário, uma chuva forte atingiu a cidade naquele momento, nem por isso eu parei, faltava pouco tempo para o trem dele partir e sem tempo para lamentar.

Eu conheci Jazz há muitos anos quando ainda estávamos no colegial, eu o via de longe sempre tímido e introspectivo sempre no fundo da sala, na biblioteca ou nas aulas de poesia. Eu tentava mapear todos os seus passos ou suas rotinas, mas nunca cheguei de fato a conversar com ele, o que mais havia me chamado atenção eram as suas sardas pelo corpo todo que eram muito perceptíveis, aquilo me encantava.

Mas teve uma vez que aquele tímido aluno acabou sendo o centro das atenções, ele teve que ser o protagonista de uma peça já que o menino que iria interpretá-lo ficou doente de última hora, mesmo Jazz não sendo do grupo de teatro era de conhecimento do professor que ele sabia todas as falas por ser sua peça favorita.

Ele implorou para não ir, mas não foi ouvido. Quando ele subiu ao palco naquela apresentação ele estava a coisa mais linda do mundo, usando roupas medievais que combinavam com sua cor, mas como eu falei, Jazz era tímido, muito tímido e obrigar uma pessoa assim sem qualquer preparo não daria certo, seu corpo congelou em frente às diversas pessoas, seus grandes olhos de gude olhavam em volta de modo vago pela plateia talvez à procura de algo, mas nada foi encontrado.

Um valentão da escola fez algum comentário idiota que fizeram todos rirem e desse modo com lágrimas nos olhos Jazz saiu correndo do palco. Não tinha nada a ver comigo se eu não quisesse, mas fui procurá-lo e quando eu já iria desistir o vi debaixo da arquibancada.

-Jazz?

Ele se assustou.

-Quem é você?

-Calma, eu só vim ver como você está.

Ele fungava, notava-se que seus olhos estavam vermelhos.

-Não liga pro JP ele é um acéfalo do caralho.

-Mas o que ele disse é verdade.

-É claro que não é.

Eu me aproximei de onde ele estava.

-Posso me sentar aqui?

Ele assentiu.

-O JP só sabe falar sobre as inseguranças das pessoas à sua volta, porque ele tem medo das pessoas saberem suas fraquezas. Ele é só um valentão que não vai ser ninguém na vida, não se preocupe.

-Ele sabe tocar direitinho onde dói.

Eu estendi estendi um papel para ele.

-Toma.

-Obrigado.

-Eu acho você lindo.

Ele riu ainda fungando o nariz.

-Você só está falando isso por causa do que ele falou, não precisa dizer isso só pra fazer eu me sentir bem.

-Eu não estou mentindo, é sério, há um tempo eu estou te vendo pela escola e é sem dúvidas muito lindo.

Ele riu novamente.

-Obrigado então.

Eu gostei de ouvi-lo rir.

Passei minha mão pelo seu rosto para tirar a mecha de cabelo que estava na frente. Com esse gesto seus olhos vieram em minha direção, eles também eram lindos, pareciam gude. Ficamos alguns instantes nos olhando, fui aproximando meus lábios dos seus e rapidamente lhe roubei um beijo.

O tempo nos fez assimOnde histórias criam vida. Descubra agora