04. Como se fosse

1K 91 204
                                    

— Meninos, vocês podem dividir o quarto hoje? A Nini está passando mal, então deixamos ela com o quarto do Non. — Anuncia P'Aof, enquanto Nanon está pendurado nas costa do Ohm com a cabeça enterrada em seu pescoço, após uma série de brincadeiras da equipe após a cena, que os deixou com os lábios um tanto vermelhos. Eles já ocupam o mesmo espaço no chão, que mal vai fazer dividir a cama? Pensa, P'Aof dando as costas ao pessoal que estava na sala.

— Tranquilo P'Aof. Tudo certo, né? — Responde Ohm, olhando pra Nanon por cima do ombro para confirmar. Nanon assente e lhe dá um peteleco na têmpora direita. — Oey Non, isso doeu!

— Vocês dois, tratem de descansar, amanhã é o último dia aqui na praia! — Aof grita, já de outro ambiente, revirando os olhos para as brincadeiras dos dois, mas no fundo ele gostava de assistir as pirraças de todo dia.

Desde que leu a novel Behind the Scene, Aof escolheu Ohm e Nanon para os papéis principais. Ele realmente precisava que os dois aceitassem, mesmo que o próprio Ohm já houvesse dito que não faria BL novamente, por conta de alguns problemas que teve e por querer tentar coisas novas. E se for com o Nanon, você aceitaria? Aof lembra o brilho nos olhos do O. ao ouvir essas palavras de sua boca, e ele sabia que havia mudado a ideia do garoto assim que disse o nome do possível colega de cena. 

Lembra também, de quando estavam fazendo o workshop dos personagens, com os dois já presentes, e via que o O. ainda estava um pouco travado em relacão ao N. por achar que não era bom o suficiente para contracenar com o amigo. Aof os colocou juntos em uma salinha, e os fez confessar — um ao outro — tudo que sentiam um pelo outro. Os medos e receios, sim, mas principalmente a admiração mutua que escondiam por trás da pirraça e implicância.

Agora os dois estão completamente entregues à série e aos personagens, o que deixa o Aof feliz, mas um tanto preocupado. Ele sabe o que pode acontecer nas gravações, pois já viu acontecendo outras vezes. Pode ser bom, mas pode ser ruim. Fazer BL é facil, mas é sempre uma grande responsabilidade com aquelas vidas, e eles parecem tão felizes. Ele fecha os olhos, deitado em seu colchão, e espera que nada, nada pare os meninos.

Deitados no quarto, virados de costas um pro outro, Ohm e Nanon tentam dormir. Ohm está quase lá, apesar de ainda sentir espasmos na espinha ao lembra dos dedos apertados do N. em seu pescoço. O Nanon está pensativo e bem distante de dormir. Ele rola na cama e, assistindo Ohm respirar, pensa no Pat. Estou ficando louco.

— Ohm, está dormindo? — N. sussurra, e encosta a mão direita nas costas do outro, que pondera se fala algo ou finge dormir.

Hmmm. — Revela.

— Você está confortável, interpretando o Pat?

— Estou Non, você não está?

— Eu estou. É que, eu nunca interpretei um papel em que tivesse um casal tão intimo.

— Você pode... — respira fundo e continua. — você pode ser Pran comigo.

— Você já sabe, não é? Como eu fico quando assumo um papel. — Ohm assente e inclina o corpo em direção a Nanon.

— Não, não vire. — Ele o empurra de volta para o canto da cama e coloca sua mão sobre a barra da blusa do O., deixando que seus dedos adentrassem o lugar entre o tecido e a pele. — Eu imagino o que o Pran está sentindo. Eu sinto, sabe? Eu estou muito apegado ao Pran. E o Pran está muito apegado ao Pat. — Ohm engole seco ao escutar essas palavras, enquanto sente os dedos atrevidos percorrerem suas costas sob a blusa.

— O que o Pran sente agora, Non? — Pergunta com a voz entrecortada, hesitante, pois não sabe exatamente onde N. quer chegar.

— Ele quer ficar próximo do Pat. Mas está com medo. — Ohm olha para Nanon sobre os ombros, e vê seu rosto completamente tensionado. Ele se deita olhando para o teto, e o chama, abrindo espaço em seu abraço. Nanon se deita em seu peito. Volta a correr os dedos por baixo da blusa, agora mais contidos na altura do umbigo.

D E P O I S   | AU ONOnde histórias criam vida. Descubra agora