11| Cold Water

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Eu queria entender qual a lógica do meu cérebro em me fazer ficar mais nervosa a cada apresentação que faço aqui, quando o natural seria que meu nervosismo diminuísse a cada performance, e não o contrário.

Caminho de um lado para o outro da sala, correndo risco de abrir um buraco no chão de tantas vezes que passei pelo mesmo trecho do piso. Eu não devia mesmo ter recusado o convite de Chan para buscar mais garrafas de água junto com ele.

Agora sofre sozinha, linda.

Ouço meu celular vibrando em cima da mesa e o pego imediatamente. Vejo o nome de minha irmã no visor e solto uma risada abafada. Às vezes me esqueço de que salvei o seu contato como Maria Joaquina, já que ela sempre detestou o fato da personagem da novela infantil ter o mesmo primeiro nome que ela.

Acho bom que vocês dois arrasem, porque os outros candidatos foram muito bem — ela diz assim que atendo.

— Ah, obrigada! — ironizo — Me tranquilizou muito saber disso.

Só liguei pra saber como você tá, baby — suspiro. — Parece que não muito bem.

— Acertou — ouço sua risada fraca do outro lado da linha.

Você é melhor que todos eles, pode acreditar. Sabe que não sou de puxar seu saco, se tô falando é porque é verdade. Você vai se sair bem.

— Obrigada, Ma — me sinto um pouco aliviada ao ouvir a fala da garota. — Depois me diz o que achou do meu look e de Chan. Beijos.

Como assi...?

Desligo o celular antes de responder sua pergunta e o jogo sem muito cuidado dentro da bolsa. Se ele já sobreviveu a uma queda extraordinária como no dia que conheci Christopher, vai sobreviver a isso também.

Me largo em cima do mesmo sofá creme e fecho os olhos tentando mentalizar apenas coisas boas. Eu não era pessimista assim antigamente, sempre pensei positivo em qualquer situação que fosse, mas os acontecimentos recentes em minha vida me transformaram nessa pessoa pobre no quesito otimismo.

Nos demais quesitos eu já era pobre antes.

— Se a derrota tivesse uma cara, com certeza seria essa — Chan ri, entrando na sala com algumas garrafinhas de água nas mãos.

— E ainda diz que é meu amigo — resmungo e me contorço no sofá. — Me dá uma dessas, por favor.

Ele lança o objeto da onde estava e eu o apanho com um pouco de dificuldade. Tomo um pouco do líquido e tampo a garrafa em seguida.

— Vem! — o moreno se aproxima, me puxando pelo braço para levantar do sofá, mas eu sequer me movo — Vamos, Maya, levanta!

— Me deixa sofrer em paz, Chan! — me debato e puxo o braço com força, fazendo o garoto cair por cima de mim no sofá.

Arregalo os olhos o vendo tão perto daquela forma, seus braços apoiados um de cada lado da minha cabeça e o rosto tão próximo ao meu que pude sentir o cheiro de seu hálito fresco batendo sobre minha pele.

— Não deixo — ele me olha profundamente antes de continuar. — Você não vai sofrer sozinha.

E mais uma vez ele me atingiu em cheio.

Apenas o encaro de volta, incapaz de formular uma única frase para respondê-lo.

Não vou dizer que nunca pensei em Chan assim, com o rosto praticamente colado ao meu e nossas respirações colidindo uma na outra. Pra falar a verdade, esse pensamento tem passado pela minha cabeça muito mais do que deveria, e, não, eu não me orgulho nada disso.

I Want You ☆ Bang ChanOnde histórias criam vida. Descubra agora