Marília
Quando pisei meus pés em Trancoso, senti imediatamente a energia incrível que emanava naquele lugar. Nunca tinha vindo aqui apesar da vontade, mas se tem uma coisa que eu amo é a paz que o mar me traz, e só ele para tranquilizar o nervosismo que eu tô sentindo.
Eu queria me convencer que o nervosismo todo era pelo fato do meu amigo/irmão estar casando, ou pela surpresa da notícia que eu seria madrinha. Até tentei recusar porque não me achava tão importante para tal papel, mas Juliano falou em alto e bom som: "Os dois irmãos da Mohana serão padrinhos e os meus dois irmãos também, você e Henrique."
Juliano era incrível comigo, sempre foi. Até mesmo quando eu decidi me afastar do Henrique e consequentemente dele também, ele continuou mantendo contato, sempre se fazendo presente em momentos importantes.
Ok. Certo. Agora tenho um problema.
Ele vai estar lá.
Era tudo que eu pensava.
Eu não quero vê-lo, me sinto bem com a bolha em que criei durante esses anos para não ter notícias suas, e o fato dele ser tão discreto ajudava muito.
Mas hoje? hoje seria inevitável não encontrá-lo no casamento da sua pessoa favorita no mundo.
Secretamente desejo saber como ele está, se ainda tá com a barba como da última vez, se o seu sorriso que eu amava ou ainda amo, continua o mesmo. Quero saber se ele seguiu sua vida como eu fui incapaz de seguir depois do estrago que o nosso amor mal resolvido deixou no meu coração. Minha vida parecia estagnada desde aquele maldito dia... Tudo bem que eu tive alguns amores depois, amores rasos, daqueles que não deixam saudade, deixam apenas a lembrança e a certeza de que não eram grandes o bastante para ocupar o vazio que ele tinha deixado.
Nada de sentimentos.
Nada de corações quebrados.Esse era meu mantra.
Tentava esconder meu nervosismo enquanto faziam meu cabelo e me maquiavam. Depois que elas terminaram, me olhei no espelho com o vestido azul escuro - cor que a noiva havia escolhido.
Eu estava bonita.
Extremamente bonita.
Parecia até que aquela produção toda escondia minhas inseguranças, eu preferia assim. Não quero me sentir fraca e vulnerável como se não tivesse superado.Saio da pousada rumo ao local que aconteceria a cerimônia. Seria em uma espécie da jardim.
Fico um pouco assustada com a quantidade de pessoas, cumprimento alguns colegas e me sinto encantada como absolutamente tudo me lembrava a Mohana e o Juliano.
Céus! Como eu estava feliz por eles. Eram realmente o amor da vida um do outro, daqueles amores que você só encontra uma vez na vida.
— Finalmente você chegou. Você está radiante. — uma mulher de cabelo escuro segura meu braço. Acredito que seja a cerimonialista. — Tá atrasada, madrinha. — sorri sem graça.
Devo admitir que demorei na pousada para adiar o que me esperava. Isso era patético.
— Cadê seu namorado? — ela questiona, me assustando. — Ele precisa entrar com você.