DOIS

4 1 0
                                    

Laila infox

  Laila odeio o cheiro de maconha e nicotina logo pela manhã, a deixa irritada e estressada, lhe dá ânsia e faz seu temperamento, já nada fácil de ser lidado, mais complicado ainda, ela não se considera uma pessoa difícil, é mais fácil culpar os outros pela sua raiva constante do que admitir que ela não é tão controlada quanto pensa.

  Fazia meses que seus surtos e ataques de pânico, condizentes diante de seu diagnóstico, haviam acontecido, ela estava feliz, extasiada com sua performance, adorava ganhar, e aquilo com certeza era uma grande vitória para ela, nem os bares tortos, os sussuros pelos corredores e as falas nojentas machistas escrotas e extremamente burras acabaram com sua alegria interna. Laila não tinha amigos para compartilhar esse momento, apenas uma exceção, estava nervosa para encontra lá logo e contar de seu progresso, procurava pelos corredores apenas para vê lá, sabia que não era uma boa ideia conversar com ela na escola, sob o olhar de todo mundo, mas mesmo esse pensamento não deixou sua energia positiva se esvair.

  Já havia se passado 25 minutos do intervalo e mesmo assim não achou quem tanto procurava, ela sabia que geralmente era mesmo difícil acha lá, mas mesmo assim algo estava estranho, ela poderia ter faltado ou passado o tempo livre com outro alguém, isso a deixou enraivecida, não gostava de pensar nela com outras pessoas, não em situações românticas e melosas, ou mesmo sexuais, era estranho e totalmente desconfortável.

  O sino finalmente tocou e ela correu ao seu armário, acabou esbarrando em um menino que estava chapado no corredor, ela o conhecia de vista, estavam na mesma sala, o sujeito acendia um beck toda manhã em baixo das escadas do campo de futebol, ele não fumava, tragava uma ou duas vezes quando alguém estava olhando, mas na maioria das vezes queimava tudo com o esqueiro, era um tremendo bobalhão, fingindo ser só mais um, que pena ela sentia dele, ainda mais quando ele fingia estar chapado no meio dos corredores, ainda mais naquele momento.

-Olha por onde anda idiota.- Ela disse enfurecida enquando empurrava ele pra que saísse de perto de seu armário.

-Opa gatinha foi mal, não foi minha intenção.- Ele se apoiou no armário e fingiu que estava tonto, idiota.

-Tanto faz só me dê licença.

-Como quiser vossa graças.- Jon saiu andando pelo corredor, em linha reta dessa vez, e foi pra sua sala.

Laila rapidamente abriu o armário e tirou de lá o material que queria, em meio seu estojo de canetas estava um papel, ela odiava desordem então rapidamente tirou do lugar errado, confusa de onde o colocar ela abriu para ler o conteúdo, pronta para jogar em alguma pasta de trabalhos e atividades antigos. Infelizmente não era o que imaginava.

Para Laila, minha amiga secreta.

Primeiro eu quero pedir perdão, essa amizade não devia ser secreta, voce foi uma das pessoas mais incríveis na minha vida durante os últimos meses, obrigada por me fazer ser eu mesma, por liberar o melhor e o pior de mim, infelizmente nem tudo foi um mar de rosas na minha vida, e eu estou extremamente envergonhada de não lhe ter contado nada, isso é um adeus, as coisas se complicaram demais e eu tive que ir, a dor tem de passar.

Isa

Ninguém gosta dos nerdsOnde histórias criam vida. Descubra agora