Sara
Sou acordada pelo som do sinal tocando. Após quase cair da carteira de susto e limpar a—que nojo!—baba que escorria de minha boca, saio da sala me perguntando como meu professor de química não percebeu a química entre mim e meus sonhos no fundo da sala. Sorte?
Ando até meu armário no corredor e pego meus livros das próximas aulas. Torturantes aulas chatas. Por que não gosto de estudar? Eu deveria gostar de aprender, certo? Nah, odeio!
Me viro para ir ao banheiro e esbarro em alguém, derrubando todos os meus livros. Já ia pedir desculpa quando vi o rosto da fulana: Liza. Será possível que nunca vou me livrar dessa garota? Ela sempre—sempre!—consegue me irritar de uma maneira irritantemente irritante.
—Tinha que ser a desengonçada da Sara!—reclama a mimizenta.
—Ah, faça-me o favor e sai da minha frente, Liza!—Pego meus livros e saio de perto dela.
Ela resmunga algo em "mimizês" e deixo-a falando sozinha lá no corredor. Fale com as paredes nojenta!
Entro no banheiro com a esperança de ver meu rosto reluzir e mostrar beleza no espelho. Decepção. Minha cara de sono é perturbadora, estou parecendo uma múmia com essas olheiras super fundas e escuras e esse rosto de morto. Ninguém manda eu ter a madrugada como o horário de inspiração para minhas pinturas. O que posso fazer se simplesmente amo a madrugada?
Lavo o rosto tentando acordar ao máximo. Isso não resolve muito mas já da uma melhorada.
Depois de horas torturantes de aulas chatas, saio da escola—pulando de alegria—e vou para a cafeteria tomar um bom copo extra grande de café enquanto aguardo minha amiga Juliet chegar.
O celular apita anunciando uma nova mensagem de Juliet. Abro a mensagem e leio sua mensagem: "Já to indo pra cafeteria, me espera aí". Respondo: "Ok, to aqui"
Enquanto a espero fico observando as pessoas na cafeteria. Um homem conversa no celular com ar de sonhador. Deve ter começado a namorar a mulher de seus sonhos a pouco tempo. Sortudo! Uma mulher olha para a janela com esperança nos olhos, procurando alguém. Um encontro, talvez? A garçonete serve as mesas com seu jeito desleixado, servindo café e anotando pedidos.
Então noto algo estranho. Um homem com capuz preto do outro lado da rua me encara. Deus... É um maluco? Meus pelos se arrepiam da nuca até o corpo inteiro. A quanto tempo ele está lá? Olho novamente para ele e suas mãos fazem sinal para que eu vá até lá. Eu? Há, to indo! É ruim hein.
Ele continua fazendo o sinal com a mão. Mas que insistente! Fica meia hora lá, fazendo sinal. É aí que perco a paciência e vou até a porta—porque não sou louca de ir até la fora—e pergunto o que ele quer.
Ele mostra a boca por baixo do capuz e dá um sorriso assustador. Mas o que...?
O chão se abre e me vejo descendo por um túnel metálico e reluzente aos gritos. Mas que diabos é isso? Desço pelo que parece ser um minuto e vou parar em uma espécie de local secreto com computadores piscando, mapas com pontos vermelhos, armários metálicos com armas estranhas e o homem encapuzado na minha frente.
Me levanto e o encaro, morrendo de medo.
—Onde estou?—pergunto temendo a resposta.
Seja lá onde estou, acho que não quero saber.
—Olá—A voz dele é meio estranha, é fina, mas não tanto, e alegre— Bem-vinda ao seu QG, você será minha nova heroína!
Arregalo os olhos. De repente não estou mais com sono.
—QG?!—exclamo.—Heroína?! Eu não sou heroína! Nem consigo deixar de ser queimada no jogo de queimado nos primeiros 10 segundos!
Ele parece não se importar e checa o seu pulso, que parece ter um relógio.
—5, 4, 3, 2, 1.—Alguém cai do mesmo túnel.
Não acredito. LIZA?
—LIZA?—berro ao vê-la.
Ela se levanta arrumando seus cabelos loiros freneticamente, como se fosse a coisa mais importante do mundo.
—Explique isso já sua delinquente! Como diabos você me fez parar nessa espelunca?—ela aponta aquele dedo branquelo pra mim me acusando.
Reviro os olhos. Pelo amor! Nem nessa situação ela consegue usar um de seus neurônios!
—Bem-vinda ao seu QG—fala novamente o encapuzado.—Você será a minha outra heroína!
Ela olha o encapuzado de cima a baixo.
—Palhaçada viu! Quero ir embora.
O encapuzado não dá a mínima para ela e vai andando até uma porta metálica. Bem feito.
—Venham—ele fala.— Começaremos com os poderes.
Algo me diz que não vou gostar disso.
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Inimigas Unidas
HumorDuas garotas, Sara e Liza, se odeiam. Porém algo irá complicar a história dessas duas garotas: elas serão escolhidas para proteger a cidade de Low Hill, com poderes concedidos por um maluco que as escolheu para tal ato. Mas uma dúvida surge: o que s...