Cap 5

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Desde então, tudo mudou radicalmente, as semanas passaram e estava sendo incrível Jessie morar conosco, não me importava de dividir o meu quarto com ela, Michelle e Peter desapareceram, achamos que eles saíram da cidade, do estado ou até do país, mas isso não era um problema. Cate ainda não tinha recuperado sua memória, cada dia que se passava ela descobria um mundo novo, no começo foi difícil ela entender que somos a família dela, pra ela éramos desconhecidos, mas agora ela está melhorando, já está chamando a minha mãe de mamãe, o meu pai não faz questão de estar presente na recuperação dela, então ela chama ele de Tio, o que é bem estranho, antes, mesmo que meu pai não prestasse muita atenção em Cate, ela tinha o maior amor por ele, ele só a ignorava, meu pai realmente não merece a família que tem. Ah, Phenny e eu conversamos todos os dias, cada dia que passa gosto mais dela, ela é adorável. 

Era domingo, acordei cedo aquele dia, não era nem 6 da manhã ainda, me sentei na cadeira de balanço da varanda enquanto tomava meu chá, adorava os dias frios, podia passar o dia todo com um cobertor enrolado no corpo, podia tomar café e chá o dia inteiro. Logo meus pensamentos foram parar na noite anterior.

- O que você tá fazendo?

Encontrei Jessie com meu celular na mão. Na mesma hora ela desligou e colocou na escrivaninha.

- Nada, estava olhando as horas. 

Ela estava pálida e engolindo seco.

- Por que estava olhando as horas no meu celular quando o seu tá na sua mão?

Fui me aproximando e peguei meu celular, quando abri mensagens, li

"Boa noite, minha linda. Amanhã de manhã eu te ligo pra ouvir sua voz."

"Não poderei falar amanhã de manhã"

Logo meu celular apitou e Phenny respondeu: "Tudo bem. Beijos."

Olhei pra Jessie sem esboçar reação.

- Por que respondeu isso? Eu vou poder sim falar amanhã de manhã.

- Cass, você já teve uma experiência assim e...

- Não, Jessie, não é a mesma coisa, a Phenny não é o Aaron, ok? Eu entendo sua preocupação comigo, mas eu cresci, eu mudei, sei o que tenho que fazer, não preciso de você cuidando de mim como se fosse a minha mãe. Já estou cansada disso.

- Cass...

- Você passou dos limites, você não tem esse direito, pegar meu celular e responder mensagens por mim? Isso não se faz, eu respeito seu espaço e você respeita o meu, não teremos problemas. 

Não deixei ela falar mais nada, dei as costas e saí do quarto, minha mãe vinha na direção.

- O que foi isso? Estavam discutindo?

- Não, mãe, tá tudo bem. Vou sair.

- Onde você vai?

- Não importa.

Desci as escadas e saí pela porta, segui pela rua escura e vazia, cheguei na praça que de dia costuma ser sempre alegre, famílias passeando com cães e fazendo piquenique no gramado, mas a noite fica um lugar morto, resolvi ficar ali mesmo, estava ótimo pra mim.

- Os guardas podem te ver.

Um garoto surgiu na escuridão e se sentou ao meu lado.

- Não estou fazendo nada de errado, diga isso a si mesmo.

Falei pelo fato dele estar fumando dois cigarros de uma só vez.

- Ah, que falta de educação, você quer um?

Eu ri e disse: Não, obrigada, não fumo.

- Não fuma ou nunca fumou?

Ele trouxe o cigarro pra perto da minha boca e eu acabei segurando, mas pelo lado onde queimava, joguei no chão rapidamente e chupei meu dedo.

Aquele garoto ousou em rir de mim, gargalhar da minha desgraça. 

- O que você tá rindo? Isso é culpa sua.

Falei brava.

- Isso responde a minha pergunta, você nunca fumou.

- Ah, jura que você percebeu isso? 

Revirei os olhos e ele foi tirando outro cigarro da carteira, acendeu pra mim e dessa vez encaixou o lado certo entre os meus dedos.

- Puxa, inspira e solta.

Fiz uma tentativa e acabei tossindo muito quando a fumaça saiu pelo meu nariz.

Um tempo depois, depois das explicações e tentativas, consegui tragar corretamente, o gosto era bom, tinha uma pitada de menta e isso me incentivou a fumar mais um e mais outro.

- Bom, eu tenho que ir. Espero que sua irmã melhore e fique tudo bem entre você e sua amiga.

- Valeu, também espero.

Ele se levantou e antes de ir, pegou minha mão e beijou.

- Sou Jamie.

Eu sorri, em meio a cigarros e a perca de memória da Cate, nem lembrei de perguntar o nome dele.

- Sou Cass.

Sorrimos um pro outro e ele sumiu novamente na escuridão.

Todos esses pensamentos foram interrompidos quando minha mãe abriu a porta que dava pra varanda e tocou meu ombro.

- Filha... acordou cedo, o que aconteceu? Você chegou agora?

Voltei pro dia atual e olhei pra minha mãe, fiquei um tempo pensando e acordei.

- Oi mãe, não cheguei agora, só perdi o sono.

- Ah, tá tudo bem?

- Tudo sim, mãe, tudo ótimo.

Ela beijou minha cabeça e tirou a xícara de chá vazia da minha mão.

Depois de ter passado alguns minutos, me forcei a levantar da tão confortável cadeira de balanço e me arrumar pro café, tomei um banho demorado, onde tive tempo pra colocar meus pensamentos em ordem, quando saí do banho a Jessie estava sentada na cama, provavelmente me esperando.

Fui indo em direção do guarda roupa. - Eu posso me trocar no outro quarto.

Ela logo se levantou e veio na minha direção. - Você não precisa fugir de mim, Cass.

- Só queria entender porque você fez aquilo, por que enviou aquela mensagem?

Podia ver que Jessie queria me dizer algo.

- Sabe, eu tô com medo de você se magoar de novo e confesso que tenho medo dessa Phenny se tornar sua melhor amiga e você me esquecer.

Não pude evitar a risada e o revirar de olhos.

- Isso é sério? Não acredito que você pensa isso. Jessie, eu te conheço desde que me entendo por gente, nós moramos juntas, nem se eu quisesse deixar de ser sua amiga eu conseguiria.

Sorrimos juntamente e nos abraçamos. Era tão ruim brigar com ela, me distanciar dela mesmo que ela estivesse bem ali, era horrível.

Terminei de me trocar e descemos pro café. Meu pai havia saído pra resolver algumas coisas da empresa, como sempre. Era bom sentarmos a mesa, eu, Jessie, Cate e minha mãe, éramos uma verdadeira família... Ok, não posso incluir a Jessie nesse "família", a lembrança dos beijos dela vinha me cercando, mas confesso que evitava, foi algo feito por mera curiosidade de ambas partes. 

Meu celular apitou várias vezes durante o café, senti o olhar de Jessie sobre mim a cada apito. Era Phenny.

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