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— Seu pé. — apontei
— O que há de errado com o meu pé?
— Você não serve para dançar. — ri.
— Estragou todo o meu vídeo para me xingar, você é ridícula. Finalizando a gravação número...Quem se importa com o número? Tchau! — ria.
Sua risada… Sua linda risada, contagiante e linda, tudo em Hanna era assim, cada pequeno detalhe. Tudo que me restou foi isso, gravações que ela costumava fazer, pensava que era chato, até isso ser a única coisa que ela me deixou. Faz uma semana desde que Hanna desapareceu, seus pais procuram desesperadamente por toda a cidade, a polícia não ligou para o caso, afirmam que deve ser apenas mais uma das vezes em que adolescentes fogem de suas casas sem deixar rastros, mas esse não é o caso, Hanna não faria isso, ao menos, a minha querida Hanna.
O relógio indica duas da manhã e a chuva corre tristemente pela janela, seus barulhos parecem entristecer meu quarto cada vez mais. Eu estou sozinha, nessa bela e maldita casa, estou sozinha, sempre estive. Não fui planejada, não é atoa que meu irmão, Jon, é anos mais velho que eu. Nunca vi ele pessoalmente, apenas por fotos, não sei se nunca fez questão de me conhecer ou nossos pais que o proibiram, mas ninguém me mostrou algum esforço para isso acontecer.
Sim, eu era sozinha, solitária, deprimida, ou era, até Hanna chegar. Ela sim, é minha família, mesmo eu não sabendo onde está, é minha família, sempre será. Foi ela que esteve ali quando eu comecei a beber, ela me defendia de brigas na escola, ela que abraçava meu braço cortado, ela quem fez o que era para minha família de sangue fazer. Era a peça que faltava para mim, para toda a minha vida, mas eu acabei de perder essa peça do meu quebra-cabeça e não sei aonde vou encontrar.
— Se você matasse alguém, onde esconderia o corpo?
— Que pergunta é essa, Lê? — riu.
— ‘Tô falando sério! Eu esconderia, provavelmente...Sabe a montanha perto de Levary?Atrás dela.
