Diário de Melanie

O que trazes para mim?

Domingo 9:00 AM.
17 de abril de 2022.

Querido diário,
Hoje finalmente é a Páscoa! Eu estava muito ansiosa para esse dia, pois... há muita caça aos ovos por minha cidade, então vou poder comer muito chocolate!

Domingo 23:30 PM.
17 de abril de 2022.

Querido diário,
Acordei agora porque tive um sonho terrível. Eu... estou com medo. Ele tinha dentes pontudos e não quadrados e fofos, de fato, não é como pensamos.

O quê? você me pergunta. O Coelho, sim o coelho o qual nós, sempre pedimos para nos visitar e dar-nos doces. Mas, não é bem como imaginamos.

Depois que cheguei da caçada aos ovos, tomei meu banho e me deitei, estava muito cansada e com enjoos por ter comido tanto chocolate. Então, assim que eu me deitei senti um frio, mas a janela estava fechada, não fazia sentido, mas eu ignorei e fui dormir.

Derrepente, abro meus olhos e sento sobre a cama olhando para os lados, confusa. Quando me dou de cara com o escuro, só que... havia uma silhueta próxima da porta, o que mais me assustou é que não era do meu pai ou de minha mãe, pois era muito mais alto que ambos.

Ao olhar bem, vi que havia uma mão ali, só que ela era coberta por pelos brancos. Respirei fundo e resolvi me levantar, caminhei em direção a porta e a abri por completo tendo uma visão vasta do completo escuro. Senti um arrepio imenso por todo meu corpo, tanto no meu quarto quanto fora dele estava muito frio, mas, nunca foi tão frio naquela época do ano, pelo menos não onde morávamos.

Procurei pelo interruptor de luz e ao achar o apertei para acender a luz, não obtive sucesso. Tremendo, resolvi buscar por minha lanterna, quando finalmente achei ouvi um barulho muito perto de mim, ou melhor, logo atrás de mim. Tomei coragem e me virei, já ligando a lanterna que piscava sem parar.

Mirei por todo lugar quarto e nada vi, então pude soltar o ar que prendia. Saí pela porta aos poucos já estava muito assustada com tudo aquilo. Logo, fui no quarto de meus pais, estranhei a porta estar entreaberta mas, resolvi entrar. A cena que vi... foi muito pior a tudo que já tinha visto. A cama dos meus pais estava ensopada de sangue, levando a mão para minha boca e guiando a lanterna para o chão vi as entranhas espalhadas.

Não aguentei e desabei em lágrimas grossas de horror, então, tremendo guiei a lanterna para a parede vendo ele... um coelho... enorme! Só que ele não era como eu pensava. Ele estava coberto de sangue, sua barriga... estava boa parte para fora, seus dentes eram pontudos e afiados e seus olhos eram todos brancos.

Eu não sabia o que fazer, ele tinha sorrido para mim enquanto se aproximava cada vez mais. Não pensei muito em relação a correr, só corri, ouvindo os passos pesados atrás de mim. "Céus, o que estava acontecendo?" Isso passava a cada passo que eu dava. Até sentir arranhões nas minhas costas, tombando com algo pela sala e caindo no chão. O Coelho se aproximou mais de mim dando para sentir um cheiro de carne podre e derrepente ouvi o rádio ligar e tocar:

"Coelhinho da Páscoa o que trazes para mim?"

Vi ele se afastar e sorrir ainda mais.

" 1 ovo, 2 ovos, 3 ovos assim..."

Ele com aquele sorriso macabro enfiou a pata felpuda direita na barriga e retirou os três ovos de um em um, me fazendo ficar ainda mais aterrorizada. Mas, ao olhar bem aquilo não eram bem ovos... eram as cabeças de meus pais e de meu irmão.

Meu irmão também...

Encarei aquele ser, ele se aproximava mais e mais de mim, minha mente estava a milhão, o que eu poderia fazer? Apenas morrer junto da minha família. Fechei os olhos com força e...

Quando os abri, vi que estava em minha cama novamente. Não havia nada fora do lugar ou arranhado.

- Foi tudo um sonho? - Me perguntei encarando o local, assim, podendo respirar normalmente.

Me levantei para ir ao banheiro e encarando o espelho foi que eu vi... não tinha sido um sonho, meu ombro tinha a marca de garras.

Corri para meus pais e... não havia ninguém, apenas os restos mortais deles, fui verificar o meu irmão, novamente, mais sangue.

Desesperada fui atrás de algo que pudesse me ajudar, até mesmo ligar para alguém, só que a casa estava um completo escuro, não conseguia enxergar nada, então apenas comecei a gritar por socorro.

Nada...

Me sentei em algum canto e voltei a chorar.

Parei ao escutar algo atrás de mim, ao me virar, senti algo perfurar minha garganta e antes que eu pudesse apagar eu ouvi:

"Coelhinho da Páscoa o que trazes para mim? ..."