Sexta-feira 18:30 PM.
10 de junho de 2022.Então, faz um tempo que não tenho escrito por aqui, sentiu saudades?
Bom, o que eu vou contar aqui hoje, aconteceu tem muito tempo e por algum motivo hoje me lembrei. E é um dos meus piores traumas.
Enfim, era por volta de 2011, na verdade, bem perto de acabar aquele ano. Esse circo tinha acabado de chegar na minha cidade e eu como criança fiquei realmente muito animada, com o que a minha mãe havia falado parecia ser algo bem diferente e divertido.
Quando minha mãe finalmente conseguiu os ingressos, ela preferiu deixar os ingressos comigo por eu ser a mais velha e ter, consequentemente, mais responsabilidade. Mas, quando ela me entregou os pedaços de papel uma sensação de aflição percorreu por todo meu corpo, eu não sabia o que significava então apenas ignorei e sorri para minha mãe, assim indo os guardar.
Cada vez que eu olhava para o relógio e seus ponteiros indicavam que faltava tão pouco para irmos, aquela sensação me invadia, misturando-se com uma espécie de ansiedade.
Assim que chegou a hora de irmos fui atrás dos ingressos, os quais eu havia guardado numa gaveta da minha escrivaninha. Ao abrir a gaveta, encontrei apenas meus livros, confusa, caminhei pela casa procurando. Mas ao chegar no corredor que dava para o quarto do meu irmão, vi os ingressos jogados pelo chão e novamente, aquela sensação de que algo iria dar muito ruim me consumia. Balançando a cabeça repetidas vezes peguei os papéis e corri para minha mãe.
Eu estava vacilante a ideia de ir, mas minha mãe estava empolgada, já meu pai não estava muito diferente de mim, ele sempre foi muito caseiro. Mas, minha mãe nos venceu, então fomos, obrigados.
Só de estar pisando do terreno me dava arrepios por toda minha espinha. Eu lembro da sensação de estar sendo observada de longe e como qualquer criança, encarei todo o local com cores divertidas e luzes. Até... olhar para uma espécie de cabana e ao lado havia um palhaço, ele me encarava sorrindo. Porém, não era um simples sorriso, era totalmente macabro e ele segurava um balão vermelho próximo do rosto. Mas um detalhe me deixava totalmente aterrorizada, suas roupas manchadas de um vermelho vibrante, não posso afirmar com certeza, mas me lembrava sangue. Lembro de ter minha mãe me sacudindo, pois eu não respondia. Saindo do transe, olhei para ela e para o local, só que só havia o balão flutuando.
Nossas cadeiras eram bem próximas do palco, eu já estava mais calma porquê me entupiram de doces, já tinha esquecido do que aconteceu ou até mesmo aquela sensação, bom... até o espetáculo dar-se início.
Foi divertido nos primeiros minutos, mas depois começou a ser medonho pelo menos para mim, porque eu olhava para meus lados e todos estavam se acabando de rir. Mas por quê? Um dos palhaços que estava apresentando havia chamado um candidato para, aparentemente, fazer graça. Só que... ele estava desmembrando e todos estavam dando risadas! O que diabos estava acontecendo?
Vi os membros daquele homem serem arrancados de forma impiedosa, de seu corpo, o sangue jorrando e ossos expostos pelo palco, mas as risadas continuam, inclusive do candidato, sabe a expressão "sorriso de orelha-a-orelha"? Era exatamente o que eu via em seu rosto. Vi um dos autores daquele ato pegarem uma faca simples, de cozinha e foi nesse momento que o sorriso sumiu daquele rosto, dando uma feição totalmente contrária, dando espaço para uma expressão de completo horror e... dor. Aquele palhaço cortou sua cabeça de forma calma, apenas para ouví-lo gritar e chorar, antes da cabeça dele ser totalmente arrancada do torso, ele morreu.
Vocês pensam que acabou por aí? Não. Reparei que, um deles havia pegado uma serra ligado-a e levando para o corpo, vi as vísceras sendo lançadas ao redor do palco e o sangue jorrando na plateia, mas ainda assim, só se ouvia as risadas doentias.
E com isso, seus restos foram comidos. Sim, os palhaços se ajoelharam ao lado dos restos do candidato e começaram a saborear os órgãos em pedaços. Eu não conseguia me mover nenhum centímetro de onde eu estava, não parava de chorar e querer gritar.
Foi aí que... um deles olhou diretamente para mim e, com aquele sorriso macabro pingando sangue se levantou, caminhando de forma lenta até onde eu estava. Comecei a me desesperar e chorar ainda mais, eu estava presa, não tinha como sair dali. Estava tão desesperada que só pensava na forma que eu iria morrer. Foi assim que pensei.
Seria meu fim? Fechei os olhos fortemente e senti alguém me sacudindo, ao abrir os olhos me dei de cara com um dos palhaços e assim me desesperei ainda mais, saindo dos braços daquela coisa com certa dificuldade me fazendo cair no chão, fui me arrastando até próximo uma das barracas de comida, escondendo o meu rosto e gritando em pavor.
Só quando eu ouvi a voz de alguém familiar perto de mim voltei a encarar o local. Notei minha mãe com um olhar confuso a minha frente e frequentemente me perguntando se eu estava bem. Ao passar do tempo, eu daria uns 10 minutos, eu me acalmei até realmente notar onde estávamos.
Nós estávamos na entrada do circo, olhei para uma barraca e aquele palhaço se aproximava de mim, com seu sorriso medonho, seus dentes estavam manchados de algo vermelho e sua maquiagem borrada, seu balão da cor branca, o seu odor não era nada agradável, era um odor de ferro igual ao sangue, assim ele se aproximou de mim ele disse:
– Aqui, doce criança. Um balão. – Sua voz parecia de um humano normal mas aquele odor forte de ferro se fazia presente, não deixei de suspirar, o seu sorriso medonho todo em vermelho e seus dentes sujos. Suas roupas também estavam manchadas. Foi aí que eu voltei a me encher de desespero.
Ele tinha estendido a mão para que eu pegasse o balão branco, eu o peguei com as mãos tremendo, querendo chorar mais uma vez e ele sorriu ainda mais, olhei para o balão e...
Ele tinha algo dentro que sujou o balão de vermelho.
Minha mãe me perguntava se eu me sentia bem e se queria voltar para casa, acho que estraguei o dia de "descanso" dela. Então apenas balancei a cabeça de forma positiva e voltamos para casa.
O caminho todo vim refletindo sobre o que havia no balão e sim, eu me sentia desconfortável para caralho com aquilo.
Chegando em casa, lembrei de um truque que havia aprendido na TV, num programa que passava todas as sextas-feiras, chamado "Umbrella show" e foi quase de imediato quando corri para a cozinha a procura de palitos para churrasco. Quando achei, estava bem no fundo de uma das gavetas do armário, meu pai provavelmente que colocou lá, eu e meu irmão faziamos de hashi para tudo. Ri com o que pensei.
Correndo para o quarto, com os palitos e o balão em mãos tranquei a porta do quarto. Me sentei sob a cadeira e, obviamente me afastei um pouco da escrivaninha. O truque consistia em atravessar o balão sem que o estourasse.
Assim, coloquei meus conhecimentos em ação. Peguei um dos palitos e tremendo espetei a parte superior do balão, mas aquilo não funcionou e como o esperado, o balão explodiu espalhando aquele líquido espesso e vermelho por boa parte do meu quarto.
Eu estava em estado de choque, não me mexi até que reparei algo em meu colo. Não acreditei no que estava diante dos meus olhos... era um órgão. Um fígado humano mordido.
Hoje eu entendo o que aquele maldito palhaço quis dizer... queria que eu também fizesse parte daquilo.
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Diário de Melanie
HorrorEm andamento | Onde uma garota descobre que pode enxergar o inimaginável e descreve suas vivências em seu diário, mas o que será que acontecerá com Melanie?