oito

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"E quando a gente ama a gente fica bobo, e que mal isso tem?"


Harry

O problema, Harry percebeu entre um drink e outro, era que o tempo passava. O tempo passava, mesmo quando ele não queria que passasse, mesmo quando ele fechava os olhos e desejava um pouco mais, só alguns minutos, só um único segundo a mais.

O tempo não pararia só porque Louis estava indo embora, e Harry não sabia o que fazer com isso.

— Meu deus, é Anaconda! — Lilith gritou por cima da música, agarrando o braço de Zayn com os olhos arregalados. — A gente precisa dançar.

— Você precisa parar de beber se quiser continuar em pé depois dessa coreografia — Nina disse com carinho. Harry tinha percebido muito rápido que suas amigas pareciam apaixonadas o tempo todo, mesmo quando estavam brigadas. Era meio irritante e ele não sabia se era só inveja ou... bom. Definitivamente era só inveja. — Bebe água.

— Você cuida tão bem de mim — Lilith fez um beicinho, pegando a garrafa das mãos da garota antes de beijá-la com carinho. — Agora vem, Zayn!

Harry não estava em um dos seus melhores dias. Na verdade, ele estava cansado e realmente queria tirar aquela noite para dormir um pouco, mas seus amigos não o deixariam em paz se ele deixasse de sair outra vez. Ultimamente, Harry só conseguia pensar em como tinha que terminar a escultura do concurso que tinha decidido participar no início do mês – um dos grandes. Ele podia ter muita coisa, se ganhasse.

O problema era que ele e Louis tinham criado uma rotina e então ela tinha sido destruída porque eles estavam tão atolados em seus próprios empregos e preparativos que se encontrar tinha se tornado impossível.

Eles ainda conversavam toda noite. Louis ligava para ele, todo dia, no mesmo horário, e dizia:

"Ei, você," como se estivesse sorrindo.

E Harry sorriria também, é claro, porque ele adorava a voz de Louis e aquele tom bem humorado e ansiava pelo tópico que surgiria para que eles conversassem até que estivessem com sono. Então, quando suas vozes estivessem baixas e roucas pelo sono, Louis diria:

"Me diga algo que ainda não sei"

"Só se me disser algo que não sei também," Harry responderia. Então ele diria algum fato aleatório até que tivesse a certeza de que Louis estava dormindo antes de desejar boa noite e encerrar a ligação.

Ele sentia falta da rotina que eles tinham. Sentia falta do apartamento, das noites de filmes, de Patroclus, e de Louis. Do cheiro de Louis. Dos beijos. Do corpo.

E talvez ele tivesse aceitado sair aquela noite porque ele sabia que Louis estaria também, mas ele ainda não tinha chegado e Harry não sabia como se animar quando estava cansado até o fundo dos seus ossos.

— Não pareça tão triste — Dan disse, sentando do seu lado. Curiosamente, ele parecia tão desanimado quanto Harry. — Seu namorado já vai chegar.

— E cadê o seu namorado? — Harry perguntou, olhando para o amigo com olhos afiados.

— Não sei do que está falando.

— Só te fiz uma pergunta.

— Não sei o que quer que eu diga.

— Quero que me diga o motivo de estar parecendo tão triste — Harry debochou. Então, cuidadosamente: — Por que não fala com ele, Dan?

— Porque nada é tão fácil quanto parece — Daniel riu com escárnio. — Ele acha que estou brincando.

— Então precisa mostrar que não está — Harry disse. — Palavras não podem expressar tudo o que uma pessoa sente.

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