prólogo

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O céu estava clareando. Ele sabia que já passava das cinco da manhã àquela altura. Pela janela, o vento frio invadia o quarto pouco iluminado e arrepiava sua pele quente aquecida pelos lençóis; pelo corpo que cobria o dele.

Ele estava nu, um dos braços apoiados atrás da cabeça, os olhos presos nas nuvens que se moviam no céu infinito que acordava a cidade. Em seu colo, uma cabeleira cacheada cobria boa parte da sua virilha. Vez ou outra, o quarto se enchia de fumaça, apenas para que escapasse pela janela no segundo seguinte – assim como aquela noite.

— Ei — o garoto chamou sua atenção.

— Hm?

— Vamos fugir?

Ele franziu o cenho.

— Fugir? Para onde?

— Não sei. Qualquer lugar — ele se levantou, buscando suas roupas jogadas no chão. — Você vem?

— Sim — respondeu, sem nem ao menos pensar.

Sim, ele queria dizer. Me leve para onde quiser, só não esqueça o meu coração com você.

lisboa - l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora