Prólogo

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You gotta know

That you're one in a million

— Calma, meu lindo amor. Você pode esperar só um pouquinho mais? — perguntava a jovem mulher ao pequeno humano alinhado em seus braços, sendo embalado suavemente. O tom de voz e a delicadeza no balançar estava em total contraste com a agonia do bebê em desespero no colo.

A face minúscula vermelha e o choro estridente do garotinho deveriam deixar Nayeon desesperada. Mas, indo contra todas as apostas das amigas que a apontaram como uma provável futura mamãe paranoica, a castanha era a que lidava melhor com os momentos de alvoroço do filho.

— Eu também não gosto de ficar com fome, é doloroso, eu sei meu pequeno Bolinho de Arroz, mamãe já vai dar seu mamá — era adorável como tentava, em vão, fazer o bebê entender o motivo daquela demora toda. Claro que o choro não cessava, a agonia do recém-nascido só parecia aumentar.

Apesar da calma, Nayeon estava para averiguar o que acontecia pela demora. Por sorte e alívio, Sana entrou no quarto com pressa, amarrando em um coque desleixado seus cabelos loiros e abrindo o fecho do sutiã.

— Olha só quem chegou Jiwon, agora você pode parar de ser desesperado — comentou divertida, tratando de passar o filho para os braços da companheira que se ajeitava na poltrona de amamentação.

Cacete, eu não demorei nem dois minutos no banheiro e poderia jurar que os vizinhos nos denunciariam por maus-tratos — brincou Sana enquanto aninhava o menino nos braços, posicionando seu rostinho rente ao seio esquerdo.

Jiwon logo começou a sugar. Era reconfortante ver seu Pacotinho se alimentado com vontade, aquela imagem trazia tremenda paz para as duas mamães de primeira viagem.

Realmente deve ser desesperador pra ele sentir fome. Sana pensava, tentando imaginar o que se passava pela cabeça do filho quando aquela sensação totalmente nova o afetava com apenas dez dias de nascido.

No útero, Jiwon estava protegido, enquanto Sana tratava de se cuidar e garantir ao bebê um desenvolvimento saudável, até o precioso momento do parto. No mundo externo, o bebê lidava com todas as novas sensações oferecidas em tão pouco tempo.

Nayeon suspirou alto, de braços cruzados, admirando a cena. Vivia tudo aquilo que pensava não ser possível para ela. Achava que um amor como aquela nunca a encontraria. Em menos de dois anos, tudo mudou de forma drástica, quando conheceu a companheira. Agora, estavam no auge de tudo aquilo que desejavam para uma vida conjunta: Nayeon com seus 30 anos e Sana com 28.

Algumas pessoas as julgavam, diziam: Vocês estão indo rápido demais, um filho logo agora? Não estão nem há um ano casadas. Sem contar que casaram tão rápido.

Mas as duas poderiam ligar menos para aquilo. Depois de tanto tempo tendo influências externas, de pessoas as comandando como se a vida delas pertencessem a terceiros, apenas para suprir as necessidades alheias. Se libertaram e tomaram sua decisão, não se arrependiam nem um pouco daquilo.

Ambas gritaram fodam-se, iam viver suas vidas de acordo com seus desejos. Casaram com apenas cinco meses de namoro, decidiram aumentar a família com pouco mais de dez meses de matrimônio. Partiram para o procedimento de fertilização in vitro. Na terceira tentativa, o desânimo e a expectativa deram lugar a imensa felicidade que surgiu com o anúncio da gravidez de Sana.

Se há dois anos Nayeon jogava aos ventos que tinha desistido do amor, que aquilo não era para ela e estava conformada com a possibilidade de morrer sozinha, se via em um cenário totalmente diferente no momento. Era arrebatador sentir toda aquela carga de afeto voltada para sua esposa e filho.

Muitas das vezes, ao se dar conta que pura e simplesmente os amava, precisava puxar o ar com um pouco mais de força. Sentia tudo ao seu redor ficar um pouco mais pesado, porque nem sempre amar implicava em leveza. Sentia todo aquele amor estourar dentro do peito, costumava categorizar aquele peso como algo que se alastrava de um jeito delicioso por toda a sua existência. Nesses momentos, ela tinha certeza de estar viva.

Com o coração aquecido, Nayeon sorriu para a esposa, que por sua vez acariciava os cabelos ralos do recém-nascido, observando o rostinho pequeno bem de perto. Sana murmurava algumas palavras para o bebê, como se fosse uma conversa secreta entre os dois.

Lembrou de quando segurou as mãos de Sana no primeiro encontro. Recordava dos sorrisinhos envergonhados diante da atitude e de como Sana encostou os lábios em seu ouvido, sussurrando que queria a convidar para conhecer sua tartaruga de estimação em seu apartamento no centro da cidade. Tinha sido o convite mais ridículo da vida da mais velha, mas a derreteu totalmente quando ouviu aquele tom baixo e trêmulo, parecendo exatamente uma melodia que aquecia diretamente seu peito. Levou menos de duas horas para se apaixonar perdidamente.

Em poucos minutos o bebê cairia em um sono profundo, dando um pouco de paz as duas mamães cansadas, mas felizes. 

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Hello! É a minha primeira tentativa de algo um pouco maior nesse site, com talvez quatro caps no máximo, mas ainda vendo o desenrolar. 

Eu gosto muito de sanayeon e depois da última temporada de ttt, fiquei com mais vontade ainda de trazer essa ideia guardada. Amo tudo que envolva twice e maternidade, então pensei nessa história como um amontoado de pequenos momentos sanayeon mamães de menino.

Logo trago  o primeiro capítulo. Espero que alguém goste 😊.  

Uma em um milhãoOnde histórias criam vida. Descubra agora