Deixo meu chocolate quente pela metade e alguns pãezinhos intocados em cima da mesa. Caminho em direção ao jardim e vejo a figura alta de Chan em pé, mesmo havendo diversos bancos ali.
Me aproximo um pouco do garoto, me certificando de deixar um espaço seguro entre nós dois, já que não queria cair em nenhuma tentação estando perto demais.
Seu rosto estava completamente pálido, assim como seus lábios e ele não parecia nada bem e, pela jaqueta pesada que vestia no calor escaldante do Rio, eu tive certeza de que Chan estava doente.
— O que queria me dizer? — dou um tom indiferente à minha voz, mas por dentro estava tomada por preocupação.
— Maya, por favor... me perdoa — sua voz era baixa e soava um pouco rouca. — Me perdoa por ter sido tão idiota. Me perdoa por te decepcionar e te fazer passar por tudo isso.
Me mantenho apática, apenas analisando o garoto ali parado.
— Não é pra mim que você tem que pedir perdão. Viu a situação em que deixou o seu melhor amigo?
— Sei disso... — ele abaixa a cabeça e vejo uma lágrima pesada pingar diretamente no chão — Eu me arrependo tanto, Maya... me arrependo todo segundo pelo que fiz. Peço perdão ao Seung todos os dias, mas sei que nunca vai ser o suficiente.
— Você tem falado com o Seungyoun todos os dias? — franzo as sobrancelhas sem encontrar nenhum sentido naquilo — Ele não parou de falar com você?
— Ele foi me procurar assim que saiu do seu quarto — Chan limpava as lágrimas na manga de sua jaqueta. — Quando pedi perdão, ele só me abraçou e disse que me entendia.
— Ele é realmente uma ótima pessoa... — digo baixo, mas o moreno escuta e concorda com minha fala.
— Acha que vai conseguir me perdoar um dia? — ele se esforça para perguntar, parecendo exausto.
Respiro fundo sem tirar os olhos dele, ainda sem saber o que responder. Dentro do meu coração eu já perdoei Chan, só não queria dar a ele o gostinho de saber disso. Talvez eu devesse dizer isso a ele logo. Ele parece realmente esgotado.
Me preparo para contar ao garoto que já havia o perdoado por tudo quando noto suas pernas vacilarem de fraqueza. Ele levou a mão à cabeça, demonstrando estar com dor e eu corri até ele, passando seu braço sobre meu corpo para dá-lo algum apoio.
— Chan, você precisa se deitar, está queimando em febre! — coloco a mão em seu rosto, confirmando o que eu já sabia — Acha que consegue ir até o elevador?
Ele confirma com um ruído e eu ajeito melhor seu braço sobre meus ombros, segurando o máximo de seu peso que conseguia. Caminhamos devagar até o elevador e com um pouco de dificuldade chegamos ao quarto do moreno. Abro a porta com o cartão que estava no bolso da jaqueta do garoto e o direciono até a cama, deitando-o.
Ele estava acordado, mas seus olhos estavam pesados, quase se fechando. Tiro seus sapatos e o cubro com o edredom. Vou até o banheiro do quarto, umedeço uma toalha de rosto e coloco em sua testa, torcendo para isso abaixar pelo menos um pouco a sua febre.
— Descansa um pouco, Chan. Eu tô aqui, não se preocupa — sussurro e sento no chão, ao lado da cama.
Ele tinha um semblante triste e preocupado em seu rosto, mas assim que peguei em sua mão ele se tranquilizou e adormeceu instantaneamente. Fico ali o observando por algum tempo; eu disse tantas coisas duras para Chan antes de me afastar dele. Acho que ele não é o único arrependido nessa história.
Passo a mão livre em seu cabelo e acaricio os fios que estavam molhados pelo suor que a febre causou. Ergo a cabeça e uma ideia surge em minha mente quando vejo a pequena cozinha do lugar.
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I Want You ☆ Bang Chan
FanfictionQuanto vale um sonho? Para Maya, que decidiu se demitir da cozinha de um dos restaurantes mais famosos do país depois de sofrer nas mãos de um chefe abusivo, responder essa pergunta não era mais tão simples assim. Mas ela precisava seguir em frente...