Capítulo Um

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Oi, vocês que estão lendo!

Finalmente, o primeiro capítulo de iwaow está entre nós! Lembrando que a história tem três playlists e que vocês podem acessá-las por meio do carrd na bio

Não se esqueçam de curtir e comentar!

Boa leitura!!!

Caminhante sobre o mar de névoa

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Caminhante sobre o mar de névoa

1818

Óleo sobre tela

Caspar David Friedrich (1774-1840)

Ouço o barulho da água abafando tudo ao meu redor antes mesmo de ter consciência de que estou nela. Abro os olhos e sinto aquela ardência familiar da água limpa com cloro e imediatamente sinto-me em casa. Uma voz no fundo da minha consciência diz que ela está gelada demais, mas a temperatura parece perfeita para mim. A escuridão ao meu redor me impede de ver o que está ao meu redor, mas ela não me assusta.

Lá em cima, o Sol ilumina a água em um ponto específico acima de mim, como se eu estivesse em uma peça de teatro com uma multidão escondida que observa minha performance. Olho para os lados, ainda perdido, sem saber ao certo o motivo pelo qual estou aqui. De qualquer forma, não me mexo, porque sinto que estou onde sempre quis e onde sempre precisei.

Estou acostumado a permanecer embaixo d'água por longos minutos, então, continuo flutuando em algum lugar entre o tudo e o nada enquanto sinto paz como nunca senti antes. A água dança por entre meus braços e pernas e agarra meu tronco como se me quisesse para si e eu danço com ela de bom grado, como a Cinderela fez com o príncipe durante o baile. No entanto, assim como ela perde seu sapato meia-noite, meu fôlego finalmente acaba e eu tento nadar para cima em busca de ar.

Começo a nadar para cima em direção àquela luz insistente que apenas me ilumina enquanto todo o resto permanece no escuro, mas, diferente do príncipe, a água não me deixa ir. Ela me prende suavemente, como se fosse seda deslizando pela minha pele, me agarra com suas garras gentis e me puxa para baixo violentamente como se quisesse me reivindicar somente para si. Tento lutar contra e me debato, sentindo meus músculos protestarem como se tivessem se esforçado por dias sem descanso, mas ela vem de todas as direções e me invade até que meu ser seja constituído apenas por água, porque ela me aprisiona e me transforma em parte de si.

Acordo ofegante.

Sinto que fiquei embaixo da água por uma eternidade, porque minha garganta dói como se eu tivesse me afogado mais uma vez, mas sei que tudo foi apenas um sonho e que, da mesma forma que dormi em minha cama, acordei nela. Sinto os lençóis pegajosos de suor grudando em minha pele e a sensação é desconfortável, mas não tenho forças para me mexer. Permaneço encarando o teto escuro, fingindo que nenhuma lágrima cai apesar de saber que há um rastro molhado que desliza dos meus olhos e segue caminho por minhas têmporas até se perder na raiz do meu cabelo. Respiro fundo, mesmo que isso pareça doer, porque não parece justo que caiba tanto oxigênio em meus pulmões expandidos e presto atenção na pressão que sinto em meus ouvidos conforme meu coração bate rapidamente. Espero até que ele volte a bater com uma frequência menor e mais tranquila e mexo os dedos dos pés, depois os pés. Balanço levemente as pernas e, por fim, os dedos das mãos, antes de me sentir seguro para levantar.

I was afraid of water until I swam in your blue eyes | l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora