te destruir.

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quando yeonjun acordou, sentiu a cama vazia. estava acostumado a dormir e acordar sozinho, mas sempre que dormia com beomgyu ao seu lado... era como se sentisse completo uma única vez na sua vida. e não ter aquela sensação ao acordar era como um banho de água fria. por vezes yeonjun já pensou que nunca chegaria a ter a vida dos sonhos ao lado de beomgyu, dormindo e acordado ao seu lado, passando seus dias juntos como um verdadeiro casal e até mesmo com filhinhos correndo pela casa. esse sempre foi o desejo de yeonjun, mas tinha medo de passar o resto da vida preso naquela cidade escondendo o relacionamento que tinha com o filho do pastor.

poderia passar o resto do dia ali, se afundando em pensamentos e se sentindo ansioso por planos que poderiam nunca se realizar, mas mal teve tempo de começar e já tinha soobin, seu melhor amigo e dono da casa que morava, entrando em seu quarto segurando uma caneca que só de ver a fumaça saindo, o choi já sabia que era o típico café de choi soobin.

"bom dia, bonitão." o garoto disse logo ao entrar e sentou-se na cama de yeonjun, entregando a caneca para o amigo. "dormiu bem? acho que contei longas 13 horas de sono desde que cheguei em casa."

yeonjun riu baixo. costumava dormir bastante, principalmente por ser desempregado, mas sequer se lembrava da hora que havia dormido no dia anterior. lembrava apenas de ir para casa com beomgyu e deve ter apagado logo após a transa que tiveram. "13 horas? aposto que foi mais. não lembro de mais nada depois que saí da delegacia com beomgyu."

"ah, sim, isso... devia ter me avisado que já estava solto, idiota! fui correndo te soltar e o delegado quase riu da minha cara!"

o choi mais novo não conseguiu segurar a risada ao ouvir a fala indignada de soobin, e acabou levando um soco fraco em seu braço por isso. realmente havia esquecido de avisar o amigo que já estava solto, mas, sinceramente? quem lembraria desse detalhe com choi beomgyu rebolando em seu colo? yeonjun quase se justificou assim, mas soobin o interrompeu antes que desse detalhes mais... quentes, fazendo com que o mais novo soltasse mais uma gargalhada.

"tô indo trabalhar, viu? vê se não apronta nada antes que eu volte."

o mais novo apenas assentiu positivamente antes de voltar a tomar seu café. estava novamente sozinho em casa e, em um dia normal, ficaria apenas vendo tv ou desenhando em seu caderno, mas aquele estava longe de ser um dia normal. yeonjun sabia disso no momento em que ouviu soobin o chamar dizendo que alguém estava ali para vê-lo.




"gyu, isso é loucura!"

foi a primeira coisa que yeonjun exclamou ao ouvir o plano mirabolante do namorado. era, de fato, uma loucura. a maior que beomgyu já havia inventado desde que se conheceram.

"amor, olha... eu sei que é loucura, mas pensa comigo!" beomgyu se ajeitou no colo do mais velho, de forma que não perdessem o contato visual. yeonjun quase cedeu ao ver o brilho nos olhos do mais novo, mas ainda precisava de um impulso. "se a gente não fizer isso vamos ficar presos nessa cidade pra sempre. yeon... eu não quero perder a minha vida como todo mundo aqui, e tenho certeza que você também não quer. se a gente seguir com o plano podemos ter uma vida juntos! uma vida de verdade."

e aquele foi o impulso que yeonjun precisava. ele queria. queria mais que tudo no mundo viver uma vida de verdade ao lado de beomgyu, mesmo que pra isso tivesse que deixar tudo pra trás - ainda que a única coisa que importasse de verdade para yeonjun fosse soobin.

um suspiro pesado saiu dos lábios do choi mais novo, que olhou para o namorado em seu colo e assentiu levemente. beomgyu não hesitou em agarrar seu pescoço e enchê-lo de beijos, dizendo que a vida dos dois mudaria a partir daquele dia. e yeonjun sabia que realmente tudo estava para mudar, e ele apenas pedia que fosse para melhor.




os dias passaram voando durante aquela semana. beomgyu e yeonjun mal se viram, apenas quando o mais velho aparecia de surpresa na janela do namorado durante a noite, mas ia embora antes que alguém aparecesse. quando se deram conta já era domingo a noite, mas não qualquer noite, e sim a que mudaria a suas vidas para sempre.

naquele dia beomgyu acordou fingindo uma dor de barriga terrível. se sacrificou o dia inteiro para convencer os pais que estava doente de verdade, recusou guloseimas feitas pela sua mãe e se obrigou a comer uma canja de galinha - que ele particularmente odeia - e aproveitou a sua atuação para vonitar de verdade a comida. apesar de mesmo depois de fingir o dia inteiro, não tinha convencido a família inteira, mas, bom, havia convencido seus pais, nada poderia atrapalhar, não é?

era o que beomgyu pensava enquanto arrumava suas coisas ao mesmo tempo que seus pais saíam de casa em direção a igreja. achava estar sozinho em casa, e devia estar sozinho em casa, porém tudo foi arruinado quando seu irmãozinho entrou pela porta, assustando o choi. por um momento, beomgyu sentiu o coração sair pela boca. o que diabos jungwon estava fazendo ali? ele devia estar no culto, afinal nenhum dos dois irmãos podia faltar a não ser que estivesse com problemas sérios - e foi por isso que beomgyu precisou encenar o dia inteiro. como diabos jungwon tinha fugido de suas obrigações tão facilmente?

o mais velho até começou a falar, mas jungwon o interrompeu bruscamente, arrancando a mala quase pronta de sua cama e a jogando no chão com brutalidade, para então se sentar de frente para o irmão. "me poupe de seus questionamentos, beomgyu. você sabe bem que não caí nesse seu teatrinho e sei que você tá tramando fugir com aquele trombadinha."

"não chama ele assim, pirralho." precisou respirar fundo para não agarrar a gola da camisa social do mais novo, que exibia um sorriso debochado no rosto. odiava aquele sorriso e odiava mais ainda ser o motivo daquele deboche todo. "o que é, hein? veio me impedir de ir? devia saber que não vou desistir."

e então jungwon riu, o que fez o sangue de beomgyu ferver. sabia que o irmão estava se divertindo o provocando, e isso só o deixava ainda mais irado. odiava e como odiava ser provocado daquela forma. jurava estar se segurando para não o jogar pela janela e fingir que foi um acidente.

"eu não vim te impedir, muito pelo contrário!" o garoto ergeu as mãos, ainda com um sorriso cínico no rosto. "mas saiba que se você for... vai ser muito fácil pra mim te encontrar e te dedurar pro papai. aí não vai adiantar nada e você ainda vai virar assunto na cidade. legal né?"

"você não faria isso."

"ah, eu faria. e faria com muito prazer."

ao ouvir aquelas palavras, beomgyu quase caiu para trás. como poderia aquele garoto tão novo, que tanto protegeu, estar agindo assim com o próprio irmão? era a única coisa que passava na cabeça do choi mais velho naquele momento. beomgyu sempre se esforçou para ser um bom irmão, as vezes defendia o mais novo das amarras do pai, tentava fazer com que não se estragasse como estava se estragando aos poucos, mas nada parecia o suficiente para jungwon. beomgyu sabia que o mais novo o odiava, só... não sabia o porquê.

"pra que, jungwon?" perguntou baixo, mas quando viu o irmão rir novamente, se descontrolou de uma vez só. "o que CARALHOS eu fiz pra você me odiar desse jeito? EU SEMPRE FIZ TUDO POR VOCÊ, INFERNO!"

"tudo? TUDO? me poupe disso, beomgyu." o mais novo se levantou, empurrando o mais velho para poder se afastar. "você sabe que SEMPRE foi o favorito, e sabe como isso DESTRUIU a minha vida. e por isso eu vou destruir a sua também."

foram as últimas palavras de jungwon antes de sair do quarto, ignorando os gritos do irmão mais velho - que se encontrava desolado e até mesmo chocado. ouvir aquelas palavras foi como ter centenas de facadas direto no seu coração. o choi nunca tinha pedido para ser o favorito, sequer gostava de ser filho daquele casal, mas o que ele ia fazer? não tinha aquela culpa toda que jungwon estava jogando em seus ombros.

mas aquela pequena briga instigou uma raiva que beomgyu não sentia no peito há tempos. não deixaria seu plano e sua vida serem destruídas por um moleque mimado de apenas 17 anos. não deixaria mesmo.

"então vamos ver quem vai destruir a vida de quem."

chasing highs | beomjunOnde histórias criam vida. Descubra agora