CAPITULO 13 - PREOCUPAÇÕES

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Entrei em casa e me tranquei em meu quarto, meu quarto era bem isolado, ficava no final do corredor do segundo andar, paredes cor rosa bebê, porta de madeira estilo neoclássico, minha cama era enorme com colchas em motivos florais e minha escrivaninha ficava do lado com meu laptop e a tv de 29 polegadas modelo tubo que ganhei quando tinha 12 anos, queria pensar, e agora refletia todo meu pensamento em Letícia, seria possível ela estar mesmo grávida?! Conheço Rafael ele não reagiria bem a notícia de uma gravidez, sempre traiu Leticia com outras vagabundas por ai, e no mais, Leticia não tinha responsabilidade, era louca de pedra, criada pela avó pois os pais morreram num acidente automobilístico, que estrutura teria Leticia para criar um bebê? Preocupações tomavam conta de minha mente, e nessas horas agradecia aos céus por ainda ser virgem, quando meus devaneios são cortador pelo toque do celular "Te Levar - Charlie Brown Jr.", olhei no visor e vi a foto de Leticia, atendi de imediato.

-Fala Leti! - falei em sobressalto, meu coração já palpitando.

-Ai amiga! - Leticia falou em prantos, soluçando que eu mal podia ouvi-la.

-Leticia, pelo amor de Deus! Foi positivo não foi? - Eu sabia o motivo daquele desespero.

-Amiga, o que vou fazer? Rafael não vai querer esse filho! Ele nem me valoriza! E eu ainda nem passei no vestibular! Acabaram-se meus sonhos! - O pranto de Leticia era justificável, um filho aos 19 anos não iria favorecê-la em ponto algum.

-Leticia, tem calma. Com nervosismo nada se resolve!

-Como você acha que isso tem solução Suelem?! A unica coisa que pode solucionar essa merda toda é tirar essa criança!

-Você não tá nem louca!!! Um filho é sagrado! Eu juro Leticia, que você fizer uma merda dessas você não tem meu apoio e eu esqueço que sou sua amiga. - Era veementemente contra o aborto!

-Suelem! Não posso cuidar desse filho! Não tenho condiçoes psicologicas! E minha avó me mataria! - A avó de Leticia era uma pessoa bondosa, mas vivia as tantas na Igreja assim como minha mãe.

-Leticia, você já pensou em contar para o Rafael? - falei cautelosa.

-Claro que não! Ele não pode saber dessa criança, ele se revoltaria e faria de tudo para mim não tê-la. É capaz até de me matar!

-Leticia, você estar julgando o livro pela capa! Eu sei que Rafael não presta! Mas daí te matar por causa de um filho, é demais! - repreendi.

-Ai Suelem, eu tô confusa. Mas sei que não vou poder esconder essa gravidez, logo minha barriga cresce e eu vou ficar com cara de tacho.

-Eu entendo Leticia, e você tem toda razão. A melhor coisa que você faz é procurar um ginecologista para acompanhar sua gravidez e descobrir de quanto tempo você esta, se o bebê está bem e você começar a fazer o pré-natal.

-Aff, só de imaginar isso eu já sinto arrepios! Odeio médico!

-Pensasse nisso antes de esquecer o comprimido do anticoncepcional e transar sem proteção!

-Tá certo, mamae! Você quando quer dar lição de moral se supera!

-Leticia, só não demora em contar pro Rafael tá?

-Tá, vou pensar!

-Fica bem. - e desliguei a ligação. A coisa agora era real, Leticia grávida de um cafageste, quem diria! Minha amiga perdeu a virgindade aos 15 anos e sempre se preveniu, e justamente com ele acontece uma gravidez indesejada.


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Jantei com minha mãe e a chata de minha irmã, tomei o suco, conversamos amenidades, inclusive que ela estava pedindo remoção da escola em que trabalhava como professora para ficar num colégio mais próximo de casa e evitar se desgastar tanto, concordei, era o melhor que ela fazia. Fui para o quarto, me tranquei, e meu telefone estava tocando, era meu pai:

-Suelem!

-Oi pai! Como vai?

-Muito bem, melhor ainda em saber que você estar namorando com José Ricardo Gomes!

-Quem te disse isso?

-O próprio José Ricardo, ao descobrir que você era minha filha. - Jesus! Pára o mundo que quero descer! Que história é essa?

-Como assim? Vocês se conhecem? - a curiosidade tomou conta de mim.

-Conheci ele a algumas semanas atrás, ele está hospedado em meu hotel a pedido do pai dele, ele é um bom rapaz, e é o futuro dono da maior rede de lojas de departamento do país. - Ta ok, é muita informação para minha cabeça em um dia só, acho que vou ter um surto!

-Ah, é? Não sabia! -falei em tom de desinteresse.

-Leticia! Toma vergonha. Começa a namorar sem nem saber quem é a pessoa! Sempre foi assim! Aquele Vitor, é filho de o maior bandido, aquele prefeito vagabundo! Nunca aprovei! Agora trata de se fixar nesse namoro e enlaçar esse rapaz, acho que ele já está bem apaixonado por você e afinal de contas, isso é de meu interesse, pois eles planejam trazer uma das filiais para Canavial e fechar parcerias comigo, isso só vai melhorar o fluxo em meu hotel se tivermos um centro de compras como esse!

-Como é pai? Está dizendo para mim continuar um namoro com um cara apenas porque ele é rico e vai favorecer seus negócios? - não estava acreditando em nada que estava ouvindo! Senhor Miguel Fidalgo era um prepotente, arrogante e só pensava no próprio bem-estar.

-Sim, isso mesmo! E ai de você se não seguir o que estou dizendo! Você perde tudo que tem! Afinal de contas só tem a vida boa por minha causa, pois se dependesse de sua mãe que é uma reles professora de meia-tigela do Estado você seria só mais uma coitada no mundo. - Argh! Dava raiva em suas palavras! Me humilhava sempre com esse argumento de que tinha melhor condições de me dar qualidade de vida do que minha mãe.

-Você não tem o direito! - falei exasperada!

-Tenho sim! Olha no teu RG! E me respeita! Vou desligar, chegou gente no hotel e preciso atender! - nem me despedi, desliguei o telefone e chorei, chorei, chorei, agarrada ao travesseiro, sem saber se continuaria com José, era um carma ter que sustentar esse namoro por interesses escusos de meu pai. Estava começando a gostar dele, mas se meu coração não quisesse continuar? E se eu continuasse meu pai continuaria achando que estaria fazendo a sua vontade, e isso era totalmente contra meus príncipios!


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