O silêncio na escuridão

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Dentro de mim.
Havia algo que não parava de doer.
Não me deixava dormir.
Não me deixava chorar.
Não me deixava sentir.

Dentro de mim.
Havia perguntas fáceis.
Havia respostas óbvias.
Havia silêncio no pensar.

Dentro de mim.
Haviam lágrimas que não paravam de cair.
Haviam choro.
Cansaço.
Vontade de parar de tentar.

Sou uma latina americana.
Moro no lugar sub.
O que há de especial em mim?
Eu sabia a resposta.

E não podia reclamar.
Meus olhos enchem de lágrima americana.
Meus olhos castanhos escuros.
Como os olhos de Renato Russo.
Como os olhos da maioria das pessoas.

Havia culpa.
E eu não entendia.
Havia solidão.
No meu quarto cheio de amargura.
Minha cama carregava o peso das minhas intenções toscas.

Só havia algo que não saciava.
A vontade de aprender.
Era em mim uma criança cheia de perguntas.

Na intensa noite escura de maraba.
Olhava ao céu e vinham perguntas.
Sempre, muitas perguntas.

E não havia respostas.
Apenas o céu escuro a noite.

No meio desse céu escuro.
Um universo gigante.
Podia abraçar esse universo com meu ser infantil.

Só não podia ainda não.
- Quem sou eu para abraçar esse céu lindo feito por Deus nosso Senhor?

Mamãe respondia:

- Nada menina. Apenas volte para dentro, venha jantar para dormirmos.

Mamãe respondia minhas perguntas assim.

Me despedi do céu, e entrei sob a luz da lamparina que me permitia ter novos sonhos, ter novos questionamentos.

O que sou? Especial?

No final, apenas uma latina americana.

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