💜 1 - Deixando a Coréia💜

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Eu e o Tae sempre fomos muito próximos, temos o que se costuma chamar de conexão de gêmeos. Um sempre sabia o que o outro estava sentindo.

Apesar dos meus nove centímetros a menos,fazíamos tudo que era possível juntos. Até  seus melhores amigos se tornaram os meus melhores amigos também.

E tudo estava bem até uma manhã nublada de terça-feira, era nosso aniversário de 15 anos, mas  ao invés de o despertador nos fazer acordar para irmos a escola, o primeiro som que ouvimos foram de gritos e a louça quebrando.

-- Eu não aguento mais isso Kim. Sempre dizendo que vai mudar mas nunca muda. Já basta! Vou voltar para o Brasil.-- A omma grita enquanto joga alguma coisa contra a parede.

Depois de ouvir o grito dela, saímos do nosso quarto ainda de roupa de dormir e corremos escada a baixo, fomos para a cozinha tentar entender o que estava acontecendo.

--Não há nada que eu possa fazer para te impedir?--O appa ainda tenta argumentar.

--Não, não há. E meus filhos vem comigo.

--Você sabe que o Taehyung não pode deixar a Coréia. Ele é meu sucessor. Não queria ter que escolher mas se você não me dá opção fique com a S/N.

-Não omma! Por favor não separe a gente.-- Dizemos em uníssono e com voz chorosa e eu não podia mais segurar as lágrimas.

Ainda tentamos argumentar mas não teve jeito ,eles foram para o escritório, enquanto arrumavamos a bagunça, porque disseram que tinham coisas que não deveríamos saber e saíram de lá uma hora depois.

O que tinha de tudo pra ser mais um dia comum de outono, estavamos empolgados pro nosso aniversário,onde iríamos pra escola com nossos amigos se transformou em uma despedida no aeroporto. 

Antes do embarque, pedi ao Taetae pra não perdemos o contato de jeito nenhum.

-Oppa!? Promete me ligar e mandar mensagens sempre que possível? 

-Claro S/N! Prometo de dedinho .- O Tae faz uma cara triste mas juntamos nossos dedinhos e tentamos forçar um sorriso.

-Oppa não conta aos meninos para onde vou.

O Tae concordou porque ele, graças a nossa conexão e ao fato de me conhecer como ninguém, ele sabia que além do sentimento de amizade que eu tenho por todos eles, tem um em especial, que ele sabia que eu sentia algo alem da amizade.

Me despeço do Tae quando nossa  me chama e avisa que precisamos embarcar, prometendo ligar quando estiver instalada no Brasil.

Ambos estamos muito magoados com nossos pais por simplesmente nos separar assim. Appa nem quis sair do carro pra se despedir de mim.

Entramos no avião e eu coloco meus fones mas antes que eu coloque alguma música, mamãe me chama atenção. 

--S/N , eu sinto muito por isso, mas um dia irá me entender e agradecer. E a partir de agora me chame de mamãe. Vamos morar com seus avós, mas ninguém além deles pode saber que você veio da Coréia e é uma Kim.- Mamãe estava com uma cara séria.

Eu continuo quieta, tentando entender porque me tirar de perto do meu irmão, dos meus amigos e dele pode ser bom pra mim. Essa história de viver como fugitva me intrigava. Mas preferi me abster em pensamentos.  

Entre paradas em aeroportos, novos chek-ins e toda essa bagunça que envolve viagens finalmente chegamos ao Brasil. Mais específicamente, no Rio de Janeiro, que é onde meus avós moram.

Eu tinha um conhecimento razoável sobre o português porque a mamãe sempre fez questão de ensinar a mim e ao Tae a língua materna dela.

--Ficaremos em um hotel até fazermos contato com seus avós. 

--Certo mamãe. --Concordo com ela porque não me resta opção. Ter um relacionamento ruim com ela não me ajudaria em nada. E sei que não vou descobrir as coisas assim.

Dois dias depois estavamos morando com meus avós.  Na segunda-feira eu já estava matriculada em uma escola nova com um nome brasileiro.  Meu nome agora era Bianca Silva.

Vocês devem estar se perguntando como e porque isso aconteceu e a resposta é:eu ainda não faço ideia e inclusive se vocês descobrirem antes de mim fiquem a vontade para me contar.

Com 15 anos, estávamos no primeiro ano do ensino médio. E eu teria que começar do zero no quesito amizades e ainda por cima começar mentindo mas okay.

A única conexão com a minha antiga vida era o Tae. Me recusei a abrir mão dele também, então, em segredo, conversávamos todos os dias por mensagens e quando sabíamos que estávamos sozinhos fazíamos chamadas e ligações de vídeo.

Eu queria descobrir os mistérios que cercavam nossa família, ninguém  sabia que eu ainda mantinha contato com o Tae e ninguém poderia saber. Eu estava procurando saber sobre os documentos falsos e a história inventada.Sempre conversamos sobre isso, sobre quais seriam os segredos da nossa família.

Fiz dois melhores amigos na escola, Ana e Pedro,   eles achavam que eu vivia em um colégio interno na Suíça antes de voltar para o Brasil, isso também foi forjado junto com meus documentos.

Tá eu era uma mentirosa. Tinha uma vida todinha inventada onde em nenhum momento eu poderia mencionar a Coréia.
Mas eu havia prometido a ele que não faria mais nada a respeito então eu só segui fingindo.

Vocês devem estar se perguntando se eu sentia a falta deles. E a resposta é: cada maldito dia, aqueles sete eram tudo que havia de mais importante.

Mas o tempo passou e eu me resignei a deixar a vida na Coréia lá para poder recomecar.

Eu me policiava para não pensar e muito menos perguntar sobre eles. Então mais um ano se passou. Nada anormal aconteceu.
Eu saia com meus amigos, estudava, comia e dormia. Essa era a minha rotina.

Até que um dia , próximo ao nosso aniversário de 18 anos eu senti que o Tae tinha descoberto algo mas estava me escondendo, ainda tínhamos aquela conexão mesmo com a distância e os anos longe eu senti que o Tae só queria meu bem então respeitei a vontade dele temporariamente.

Fazia 3 anos que eu estava no Rio. Era nosso aniversário de 18 anos. 30 de dezembro de 2013. Uma segunda, mas minhas aulas já tinham acabado, faltava só a festa de formatura, então estava deitada em minha cama ainda. Acordei com o entregador batendo em minha porta.

Era uma caixa bem pequena mas era de um remetente desconhecido. Quando me sentei no sofá com a caixa no colo Tae me ligou.

--Feliz aniversário!!-- Exclamamos ao mesmo tempo e depois rimos juntos.

--Recebeu o meu presente?-- Então a caixa desconhecida era dele.

--Vou abrir agora. Não tinha certeza que era seu. Gumaweo, oppa!

--Saudades de ouvir essa frase S/N-ya(ah).
Depois disso ele desligou.







Nota da autora: sempre no final de cada capítulo eu vou colocar uma pequena tradução do hangul que eu usar no capítulo.

*Omma=  mamãe
*Gumaweo= Obrigada informal.
* Ya ou ah = são sufixos colocados no nome para indicar informalidade com alguém mais novo. ( Depende se o nome termina com consoantes ou com vogais)

Espero que estejam gostando até aqui
Beijinhos iluminandos 😘😘😘

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