Familiarização com o passado

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Minha história começa no meu nascimento, por onde todos nós passamos e somos jogados no mundo para deixar seus órgãos trabalharem sozinhos, a primeira dor da sua vida inteira... deixar seus pulmões capturarem ar e tudo dentro de você funcionar como um relógio que nunca para de girar.

Quando somos bebês ou crianças não nos damos conta de como a vida em si é difícil de lidar e sempre achamos os adultos um tanto complicados pelo fato de não entendermos, até então de fato crescermos e irmos para a vida real, gosto de chamar essa fase de "descoberta das dores em tamanho real". O tamanho real se refere sempre ao "de verdade", porque é quando envelhecemos que nos damos conta do quanto um machucado no joelho realmente dói e assim sucessivamente.

Mas vamos começar do início... Minha infância foi um tanto solitária, sem amigos e muita briga dos meus pais (eles eram ótimos, sempre me mimavam demais, mas todos temos nossos defeitos) e esse era o defeito deles, as brigas. A pergunta é "por que sem amigos? Toda criança tem amigos", pois é, nem todas... eu ia para a escola sim desde bebê e na verdade, meio que a escola era minha segunda casa, desde sempre vou para escola porque minha mãe só trabalha e meu pai viaja muito a trabalho e voltando no por que, eu só podia ter contato com outras pessoas na escola porque meu pai nunca deixava eu falar com alguém que não fosse quem ele confiava. Horrível na minha opinião porque isso se espelhou na minha adolescência.

Aos 7 anos ganhei um irmão. Já tinha uma irmã 6 anos mais velha que eu, fruto de um relacionamento da minha mão (ou seja, meia irmã) e eu gostava muito dela mas ela não era muito amigável comigo e eu sempre me senti sozinha porque era só eu na minha casa (minha irmã sempre morou com meus avós) e ai sempre pedia um irmão que brincasse comigo. Enfim, lá veio ele, Gabriel. Amo ele mas ás vezes penso que foi uma péssima ideia ter pedido tanto. Eu e ele crescemos juntos, tive que cuidar dele a minha vida toda, tipo uma segunda mãe mesmo e até troquei as fraldas dele e nossa... não era muito legal pra falar a verdade. Tivemos muitas brigas de irmãos só que ele sempre me respeitou como autoridade e responsável dele.

Muita coisa aconteceu na minha infância, memorias que um dia irei bloquear e elas irão vir no momento certo. Sei de algumas memorias que agora não parecem boas e sim solitárias e tristes assim como eu sempre fui. E realmente sempre foi eu e eu pra tudo. Fui uma criança que resolvia os próprios problemas porque os pais nunca tiveram tempo pra me acudir a tempo e com meu irmão tive que ser mãe sendo criança e sanar minhas vontades de criança. Algumas pessoas que conheci ao longo do tempo sempre me diziam que eu era madura demais pra minha idade... tinha que ser, se não algo ruim aconteceria e eu não iria ser quem sou mesmo que tenha me proporcionado vários traumas e um psicológico extremamente adulto pra a idade.

Sempre soube o que era certo e errado, nunca tive a oportunidade de cometer um erro só que isso mudou na adolescência e hoje em dia cometo vários erros dos quais acho satisfatório cometer, nada grave apenas dizer um "não" de vez em quando pra eu conseguir viver minha vida em paz como um ser humano que pode errar e acertar quando convém pra o universo. Ah.. o universo, acredito muito que tudo acontece por uma razão, "para toda ação, tem uma reação" e o universo é vasto e cheio de falhas e brechas pra sonhos que ainda estão por vir e vinganças que não precisam ser feitas antes da hora.

Uma coisa que sempre apreciei foi músicas, elas sempre me mantiveram na linha quando estava a um passo da loura. Eu nunca ouvi uma música por ouvir, sempre escutei elas e senti com o coração aquelas que me erguiam como uma mão me oferecendo ajuda e assim foi a vida toda até aqui. Sempre umas me ajudam mais que outras mas todas são especiais assim como a brisa do vento numa madrugada na praia á beira do mar me traz paz e acalma minha alma como nunca havia sentido antes.. sinto muita falta desse sentimento e só senti uma vez mas essa sensação me traz calmaria desde então, é só me lembrar e sentir com o coração que lá está ela, pronta pra esticar a mão pra mim.

Outra coisa que sempre me acalmou foi andar na chuva a noite molhando quase todo o corpo por não ter o que cobrir, é um dos melhores sentimentos que alguém poderia sentir. O vento batendo e deixando a chuva gelada enquanto você anda pelas ruas com pressa de chegar por estar se molhando demais. Passei muito por isso na minha infância e sinto falta na verdade.

Enfim, muita coisa realmente aconteceu e muitas memorias vêm na minha mente pra um lembrete de que eu posso um dia ser feliz de novo e sentir todas essas sensações antes de morrer, o que espero que não seja logo mas se for, irei dar um jeito de ter ótimas lembranças e fazer as pessoas se lembrar de mim como a garota louca da paixão por chuva a noite e resfriados com sorrisos no dia seguinte. Acho que por enquanto é essa familiarização que aos poucos irá sendo desenrolada, é apenas uma pena não poder transmitir exatamente a sensação de cada situação vivida por mim. No final das contas sou grata por estar viva e sentir cada coisa porque sei que cada sentimento é único assim como a paz na praia de madrugada, aconteceu uma vez e apenas uma mas sou grata pela lembrança que me deixou e o quanto confortou meu coração por anos.

OBS: Estarei decidindo a capa e esse primeiro capítulo foi só lembranças boas para um bom começo de algo que está por vir. Um pouco de sentimentos bons.

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⏰ Última atualização: Jul 15, 2022 ⏰

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