00|𝐄𝐏𝐈́𝐆𝐑𝐀𝐅𝐄

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epígrafe

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O dia naquele dia, não estava legal.

Jae-na havia se atrasado para seu emprego de meio período e sendo um universitário tinha a maioria de seu tempo ocupado, era-se consideravelmente difícil de arranjar um emprego digno que lhe pagasse o suficiente para sobreviver.

Sendo também um bolsista, devia, a todo custo, manter suas notas altas.

Mas isso o estava desgastando tanto ao ponto de que tinha dormido mais do que era necessário tamanho era o cansaço que tinha pelas noites em claro, estudando e também pelos serviços extras. Estava, aos poucos, morrendo a cada dia que se passava e ele sentia isso mas, sendo quem era e tendo a personalidade que tinha, o que mais fazia era ignorar tudo e seguir em frente, sempre em frente.

Suspirou e apoiou o corpo na bancada do caixa, suas costas doíam e seus pés também. Correu da faculdade ─ localizada no centro da cidade de Seul ─ até o bairro onde morava e, sistematicamente, onde trabalhava como balconista de uma loja 24h, um baita de um exercício desnecessário para ele que, preguiçoso como era, não via o necessidade de faze-los a menos que fossem realmente necessários como hoje.

Ouviu o sininho tocar e se levantou, rápido. Curvou-se e baixinho murmurou um boa noite ao homem.

Homem este que tropeçava a cada andada que dava e, ao passar por ele deixou um rastro do cheiro de bebida. Franziu o nariz, incomodado e coçou-o disfarçando um bocejo, bem, não exatamente disfarçando já que ele de fato estava bocejando um minuto depois de se curvar ao mais velho.

Ele entrou em um dos corredores e puxou um punhado de biscoitos, os segurando debaixo dos braços. Continuou andando, desengonçado, até outros corredores e então, abandonou os biscoitos perto das geladeiras onde as bebidas, tanto alcoólicas quanto normais, estavam. Abriu ambas portas duplas da geladeira e pegou um engradado de soju e o segurou firmemente em mãos, coisa que surpreendeu Jae-na já que o homem estava claramente fora de si e era capaz até de se ferir, coisa que o mais novo esperava que acontecesse bem longe dali.

Viu o homem tropeçar de novo e se apoiar na prateleira de revistas e jornais, as derrubando com o peso do próprio corpo e logo após ir ao chão também. Os papéis se espalharam e o som das garrafas de soju se estilhaçando deixaram Jae-na alerta e assustado.

Andou, rapidamente depois de dar a volta no balcão, até onde o homem mais velho estava e vendo-o caído e rolando no chão, riu.

Mais parecia um peixe fora d'água do que um bêbado infeliz.

─ Está rindo de mim moleque? ─ o mais velho bradou, a voz embolada, ainda no chão.

─ Não senhor. ─ Jae-na mordeu a ponta da língua, levemente, para controlar o riso e estendeu a mão. ─ Quer ajuda?

─ Seu maldito desgraçado, você tava rindo de mim sim. ─ bateu contra a mão de Jae-na e se pós de joelhos, apoiou-se mais uma vez em algumas prateleiras e quase as derrubou também, porém Jae-na as segurou. O homem, já de pé, apontou para o rosto do mais novo e gritou. ─ Cadê a porra do gerente desse lugar? Vou te colocar na rua, garoto maldito!

─ Oh, vai nessa, ─ Jae-na riu, dessa vez sem esconder o sorriso branco e alinhado que tinha, o homem soluçou e quase caiu, de novo. O mais novo aponto para as cameras e continuou. ─ vai levar uma baita multa, senhor.

𝐋𝐎𝐎𝐊 𝐀𝐓 𝐌𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora