Presenciando

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Explorando aquele apartamento vejo a vista perfeita da copa das árvores balançando com o vento que o céu nublado me proporciona.
Depois de desfazer as malas pego minha bolsa para sair para comer, nossa umas balas de caramelo e alguns pacotes de M&M não foram capazes de sustentar meu corpo.

Ao abrir a porta me deparo com a pior situação que poderia me ocorrer.

- Vejo que você também mora por aqui, está saindo para almoçar?

Sério, tá de brincadeira comigo? O que o Nathan estava fazendo saindo do apartamento enfrente ao meu? Ai que saco.

- Sim sim, estou sentido os efeitos do jet leg e morrendo de fome.
- Posso levá-la ao meu restaurante predileto na cidade?
- Não estou afim de um restaurante, quero mais uma lanchonete com um bom hambúrguer de frango.

Pode parecer ironia, eu Amo, com A maiúsculo, hambúrguer mas só como hambúrguer de frango frito com maionese de alho e cebola.

- Posso te apresentar a melhor hambúrgueria da cidade, sério você vai adorar.

Penso duas vezes antes de...

- Claro, adoraria.
- Certo vou pegar minhas chaves.

Eu sei eu não sou simpatizada com ele, mas eu tô morrendo de fome, não vou negar a oportunidade de comer o melhor hambúrguer de Washington.
Descemos o elevador, evito contato visual com ele, porém todas as minhas chances são fracassadas, a todo segundo ele tira assunto do fim do mundo para comentar.

- Sim, eu amo o crepúsculo, é o momento do dia que eu mais aproveito sem nenhuma dúvida. O jogo de cores que pinta o céu é algo sem igual no qual eu não me canso de inversão e admirar.
Digo esperando por um fim em todos os assuntos inimagináveis que ele tira do estômago.
Finalmente aquela porta se abre e vamos a caminho do carro dele, por incrível que pareça ele dirige um tesla, UM TESLA, nossa que carro meu Deus acho que em lugar algum existe um carro tão bonito e tão bem projetado igual aquele.
Ele abre a porta e com gesto da mão me diz

- Primeiro as damas.
- Obrigada.

Digo sem graça só querendo minha comida mesmo.
Ele entra e com um único comando o carro anda, tipo, lindamente, sem acelerar demais sem ir muito devagar, perfeitamente alinhado com a pista.
No fim das contas, Nathan é um cara legal até.

Depois de longos e quase inacabáveis 25 min, chegamos a um lugar rústico, mesas de tora de madeira incrivelmente maravilhosas um cheiro mais que delicioso de carne sendo defumada em madeira de macieira que além dar um cheiro ótimo deixa a carne com um gosto adocicado.
Nos sentamos perto da cozinha e uma moça de uniforme completamente preto vem em nossa direção.

- Good evening, may I take your orders?
- thank you, I'll have a chicken smash burger, a portion of fries and a glass of tonic water.
- okay, and you?
Ela pergunta apontando para Nathan, que, eu já esperava, estava me olhando.

- For me a beef steak sandwich
- will be ready in 10 minutes.
- Thank u.

Falamos em uníssono, ele realmente é bem bonito, mas estou decidida a não fazer crescer nenhum sentimento, qualquer que seja, para cima dele.

- Qual o motivo da sua vinda para Washington?
- Trabalho, consegui uma excelente proposta de emprego por aqui.
- Ehhhhhh... qual seria esse emprego?
Ummmmm acho melhor ele não saber, vai que ele é um terrorista e algum dia eu vou prendê-lo? Nossa eu sou besta né?!

- Melhor ficar em segredo, sabe, se você já espera a decepção...
-Você nunca se decepciona.

U-A-U, com toda certeza desse mundo ele se tornou 1000% mais interessante do que ele era

- Excuse me

A mesma moça diz com um sotaque meio francês falido

- Bon appettit

De fato Nathan tinha razão, aquele era o melhor hambúrguer da cidade, eu não mordi nenhum pedaço, mas só de vê-lo e sentir o cheiro daquele belo pedaço de gostosura minha boca se encheu d'água.
Nossa a cada mordida eu sentia alguma crescendo dentro de mim, uma coisa nova que me deixava sem palavras.

- Nossa você tem razão, esse é o melhor hambúrguer do mundo mesmo
- Hahaha bem que eu te disse né?! Você poderia confiar um pouco mais em mim agora né?

Ele termina a frase colocando um pedaço do sanduíche na boca e me olhando com aquele olhar maliciosamente lindo.
Antes mesmo que eu pudesse responder recebi uma ligação do tio Phill.

- Licença, meu tio, preciso atender.
- Tranquilo, não vou a lugar nenhum.
- Agradeço a compreensão.

-Oi tio, já com saudades?
- Oiiiiiii bonequinha, claro que sim, como foi o voo?
- Foram 11h comendo aqueles M&M's que o senhor me deu.
- Que eu acredito que não fez nenhum efeito é pode ter te dado um pré-diabetes?
- Hahaha não me faça rir assim tio, eu não tenho nenhum pré-diabetes não tá!

Mesmo no telefone eu percebo que Nathan fica me olhando, uma vez pro rosto e duas pra baixo da cintura, o que eu não acho nenhum pouco confortável.

- Uhum, continua comendo aqueles hambúrgueres de frango e vê se não vai ter diabetes, aliás, você abriu a caixinha que eu te dei?
- Não tio, ainda não tive tempo, estava arrumando meu apartamento e saí pra comer agora, depois quando eu abrir eu ligo pro senhor tá?
- Ah, claro, promete me ligar?
- Prometo tio Phill.
- Beijos bonequinha.
- Beijos tio Phill.

Nossa conversa durou uns 3 min e eu voltei pra mesa, Nathan, havia terminado de comer,
EM 3 MIN AQUELE CARA COMEU UM SANDUÍCHE DE MAIS OU MENOS 17CM.

- Ja vou terminar, mas se você quiser ir indo eu não me importo de voltar de ônibus.
- Claro que não, eu espero você terminar de comer, posso fazer uma pergunta por enquanto?
- Claro pode sim.
- Passou pela sua cabeça me oferecer um pouco dessa batata?
Mano eu engasguei rindo depois daquela pergunta, jurei que ele fosse tentar dar encima de mim, percebo o quanto eu sou iludida e emocionada nesse sentido.
Empurrei meu pote de batatas na direção dele rindo com a mão na boca.

- Do que você tá rindo sua palhaça?
- Aí mano você não existe sabia?!
- Quer dizer que eu fiz você rir?

Eu terminei de comer estava limpando minha minha boca.

- Pede a conta por favor, eu pago minha parte.
- Como assim? Eu te convido pra jantar e você acha que vai mesmo pagar alguma coisa?
- Acho, por favor pede a conta?
- Você é hilária, enquanto você estava falando com seu parente eu paguei a conta.

Ai mano, meu orgulho tá apitando e minha vontade de levantar e pagar um sapo é grande, porém ele só quer ser gentil.

- Ah, ehhh muito obrigada então.
- Podemos ir? Eu te deixo em casa.
- Ué, você não vai pra casa agora?
- Não... agora eu vou pro trabalho e depois eu volto pra lá.

Trabalho? Mano são 19:00 pm
Como não achar aquilo suspeito? Será que ele era traficante ou sei lá?

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