Alec estava animado assando pequenas linguiças que achou no armário. Segundo ele, "aqueles enlatados tinham de servir para alguma coisa, afinal". O resultado era bom, principalmente com o molho de alho, mostarda e mel que fez para acompanhamento.
Ele ainda se desculpava todas as vezes que falava sobre seu ataque de medo de ficar sozinho, mais cedo. Disse que aquilo era algo que precisa trabalhar em si, porque Magnus tinha razão, logo estaria novamente sozinho na cidade. _ Eu sinto muito por ter parecido tão bobo e infantil… Às vezes parece que eu esqueci de crescer. Logo eu, tão grande… _ ele riu da contradição.
_ Pare de se desculpar… E pare de pensar sobre isso… Está se martirizando _ Magnus advertiu, entregando a ele um espeto com marshmallows dourados.
A chegada de uma caminhonete na entrada da casa chamou a atenção de Magnus, que ouviu e se levantou. _ Espere aí, vou ver quem está aqui a essa hora… _ ordenou, e Alec apenas assentiu, apertando o agasalho em seu pescoço, como se estivesse com mais frio.
Magnus subiu pela varanda e andou até a frente, respirando fundo ao ver Sebastian descer da caminhonete. _ Você não foi… Eu liguei… Você não atendeu… Fiquei preocupado…_ falou, um pouco desconsertado. _ Fiz mal? _ fez uma careta, encostando-se no próprio carro.
_ Desculpe, acho que deixei o celular no carro. Eu tive um problema de última hora com… o trabalho… _ tentou esconder o total esquecimento do compromisso. Como pode? Isso era tão constrangedor…
_ E ainda está com esses "problemas com o trabalho"? _ Sebastian indagou. Magnus engoliu em seco e o loiro continuou. _ Eu trouxe cervejas. De repente podíamos conversar um pouco, na varanda… _ sugeriu.
_ Eu… _ Magnus começou, mas foi cortado por Alec, que surgiu na varanda.
_ Não vai chamar seu amigo para comer marshmallows conosco, na fogueira? Ele trouxe cervejas…
Os dois homens se voltaram para ele, que sacudiu o espeto com os doces.
Magnus quis um buraco para se enterrar. Era impressão sua ou o tom de Alec foi algo como desafiador?
_ Uau, temos marshmallows… eu adoro marshmallows… _ Sebastian sorriu largo, indo até a carroceria da caminhonete e pegando seu cooler.
A noite estava no mínimo estranha e Magnus não fazia ideia de como ela iria acabar, vendo Alec e Sebastian conversando como velhos amigos, enquanto comiam linguiça e bebiam cerveja. Alec parecia tão angelical e receptivo, agora.
Apesar de ser nove anos mais novo do que ele e Sebastian, Alec demonstrava maturidade, na maior parte do tempo, talvez por ter sido obrigado a tomar as rédeas da própria vida tão cedo. Mas, Magnus sabia que o ponto fraco dele era a insegurança.
_ Não pensei que fosse tão novo… _ o loiro comentou, sentado em uma das cadeiras preguiçosas colocadas ao redor do fogo.
_ Deve ser porque eu sou grande…_ Alec ergueu as sobrancelhas. _ Já estou acostumado…
_ Aquelas tortas que você faz… elas são boas. Eu provei… _ o vizinho contou e Alec sorriu, satisfeito. _ Muito boas mesmo. A velha Strudell disse que propôs sociedade a você. Está pretendendo ficar por aqui? _ sondou.
Os olhos de Alec caíram sobre Magnus, que o estava fitando, sem entender nada. _ Eu não sei ainda… _ respondeu, desconfiado. _ Ela me ligou hoje, logo depois que recebeu as encomendas… Mas eu não pensei sobre isso, ainda.
Magnus sabia que seu olhar tinha um enorme ponto de interrogação que perguntava "por que não me contou?", embora Alec não tivesse nenhuma obrigação de dar qualquer satisfação de seus atos a ele. _ Eu ia contar… _ o rapaz pareceu ler seus pensamentos. _ Mas aí aconteceu aquilo…
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Uma vida nova...
FanfictionAlec já havia sofrido o suficiente para três vidas e merecia sossego, mas parecia que estava querendo demais. Ele não imaginava, no entanto, que aquelas férias em uma cidadezinha cercada por uma espessa floresta, mudaria sua vida. Aquele ex-fuzilei...