A floresta

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     A noite sempre fora conhecida como o cenário perfeito para os fugitivos, os amantes, os ladrões e assassinos, e naquele momento a noite que cobria a floresta fechada guardava um fugitivo e seus protetores. A floresta murmurava a cada passo do senhor que tropeçava em cada pedra e em cada galho que eram ocultados pela escuridão, ele não era como os ninjas da Folha que pagara para ter a proteção, ele não era habilidoso como aqueles homens, mas para o próprio bem, era bom o fato dele ter dinheiro o suficiente para pagar a melhor proteção, afinal, ele queria fazer uma mudança segura até sua nova casa. Mas ele não achava que os cinco ninjas que o guardavam era o suficiente, ela já havia matado os outros cinco anteriores, e os anteriores a estes, era por sorte que havia conseguido escapar e chegar inteiro até Konoha, local onde a mulher e o filho estavam lhe esperando, seu perseguidor não teve coragem o suficiente para entrar na vila, talvez tivesse ficado com pena de o assassinar na frente da família, ou somente estivesse planejando uma forma melhor de o matar, uma mais poética e teatral, ou somente mais brutal. Ele odiava a floresta com todas as suas forças, odiava porque era onde se sentia mais indefeso, porém se odiava ainda mais, ele havia começado aquilo, ele havia criado seu perseguidor, cavara seu próprio túmulo e agora com todas as forças, tentava escapar da morte que lhe sussurrava ao pé do ouvido da mesma forma gélida que o vento soprava em sua nuca. E em meio a floresta, com passadas mais leves que uma pena e em total silêncio, a morte o seguia de perto e ela possuía olhos carmim vibrantes.

Aquela que era conhecida como "A morte escarlate", se sentia em comunhão com o cenário a volta e também já havia se acostumado com aquele trabalho, estava o fazendo a quatro anos, matar homens como aquele gorducho que tropicava pela trilha inexistente na floresta era algo relativamente fácil, ele não tinha técnicas únicas de luta e muito menos possuia chakra o suficiente para fazer um jutsu. Não era nem sequer bom com armas, sejam estas pequenas ou grandes, leves ou pesadas, ele não era parecido com suas antigas vítimas, ele era covarde e por isso o deixara por último, matara todos os outros primeiro para que ele soubesse que estava chegando, que ele seria o próximo. Mas ele ainda possuía o sujo dinheiro e por isso conseguia comprar proteção. E mesmo que "a morte" tivesse conseguido se encontrar com os ninjas anteriores, mesmo que ela continuasse no rastro dele, já não era para o velho estar vivo, era odioso como ele estava conseguindo adiar o inevitável, por que ele não podia ser como os outros e simplesmente aceitar que era seu destino morrer? Ela o deixara entrar na vila, mas não se lembrava bem o motivo, simplesmente travara em meio as árvores e deixara ele ir, e por conta disso, estava decidida a acabar com aquela maldita situação naquela mesma noite, sendo a única coisa em seu caminho aqueles quatro ninjas que o guardavam, eles eram tão barulhentos, chamavam atenção demais, nem parecia que queria se esconder por entre as árvores, parecia que queriam...

Fora então que se dera conta, estava tão distraída com sua linha de pensamento, com que forma escolheria para matar o velhote, que perdera um dos ninjas de vista, distraída demais com os sons dos outros quatro para se preocupar com aquele que não ouvia, mas a quanto tempo ele havia sumido? Seus passos pararam no mesmo instante em que percebera que aquele individuo havia desaparecido de sua linha de perseguição, por um instante, parara de se importar com o velho para se preocupar com o ninja desaparecido, melhor, para se importar consigo mesma. Um vulto voara rapidamente por de trás de si e seus olhos em escarlate se semicerraram, a kunai fora tomada em uma das mãos e calmamente a figura se ergueu, outro vulto passou e rapidamente ela se virou, seus ouvidos se atentaram quando pequenas e negras lâminas voaram em direção a sua cabeça e garganta, se abaixara tão sem jeito que quase escorregara do grosso galho da árvore. Foi quando as lâminas se afundaram no tronco atrás de si, onde antes estava parada sua cabeça, que ele apareceu, o ninja que faltava surgiu do nada, sua presença ali fora mais ágil do que aqueles olhos de morte, então seu olhar passou de atento para assustado, se arregalando quando não pôde evitar o chute certeiro que atingiu sua face e a lançou ao chão da floresta, ela deixara de caçar para ser caçada e odiou a sensação.

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