A garota do baixo - Hunter Sylvester. | Metal Lords•

07

Hunter subiu as escadas apressadamente, na expectativa que realmente fosse a baixista o esperando na porta, mesmo com algo em seu inconsciente o incomodando, por que, apesar de Prissy ser louca o suficiente para andar com a caminhonete em alta velocidade para chegar no ensaio o mais rápido que é possível, ela ainda demoraria mais alguns minutos.

Mas ele tentou revelar isso, talvez hoje ela tenha ido mais rápido ainda, provavelmente consequência de mais uma vez esquecer de tomar os remédios para o TDAH.
Só de pensar mais uma vez Prissy em sua casa fazia o estômago de Hunter revirar, mas de um jeito bom, como borboletas na barriga.
Ele gostava de admirar o pescoço livre da menina enquanto tocavam, e até mesmo errava as partituras das músicas por se concentrar demais no pescoço bronzeado da menina.

Mas desviou os pensamentos ao notar que estava com a mão na maçaneta e olhando para o nada como um doido.

Abriu a porta e para sua decepção, não era Prissy, mas sim o entregador de pizza, pizza na qual pediram a meia hora, e esqueceram totalmente da existência.

Talvez Prissy tenha decidido vir em uma velocidade comum.
Ou não.

∞

O telefone de Richard tocou, era um número que não estava salvo na lista extensa de contatos do celular. Ele olhou de relance para o aparelho por baixo das pernas, não poderia atender no momento por que estava em uma reunião importante. A perna do homem vibrou mais uma vez, e ele se sentia extremamente desconfortável.

A reunião estava acabando.
Talvez a pessoa poderia esperar.
Mas não podia.

Quando a reunião finalmente terminou, ele saiu desesperado da sala, enquanto todos ainda estavam se cumprimentando e parabenizando a ótima reunião que tiveram. Depois de ficar um tempo tentando se lembrar da onde reconhecia o número, se tocou que era o mesmo número que ligaram para ele quando informaram que a mãe falecerá a mais ou menos quatro meses.

Ele ligou para o hospital, ninguém atendeu.
Ligou em seguida para Prissy, que também não atendeu.

Uma onda de preocupação invadiu seu corpo. Como sua irmã não o atendeu? Ela sempre o atendera, ao não ser que ela estivesse em horário de aula ou o aparelho dela tivesse descarregado. Ele tentou se acalmar, respirou, contou até três e bebeu um copo d'água. E então, para seu desespero total, ele verificou o relógio acima do bebedouro da empresa.

16h30... Prissy já havia largado, á mais de uma hora.

∞

Uma luz fraca atravessou a camada de escuridão dos olhos fechados da menina, que tinha a cabeça afundada em um travesseiro duro.
Quando abriu os olhos, ainda zonza, ela se levantou um pouco e logo observou um mini criado mudo de madeira branca a sua esquerda, e em cima, um vasinho com uma orquídea roxa e algumas freesias coloridas. E parou de admira-las quando escutou um suspiro forte. Seus olhos a levaram para um garoto dormindo no sofá minúsculo do quarto, era Hunter...Era Hunter! O que ele fazia ali? O que ela fazia ali? Perguntas assim tomaram conta de sua cabeça.

Ela pareceu desesperada até notar que estava em um quarto de hospital, assim como vira sua mãe uma vez. Quando o seu irmão mais novo - Oliver - nasceu, tinha vagas memórias sobre aquele tipo de lugar.

Então, escutou vozes ao fundo, familiares.
Richard, com certeza.
Madylnn talvez.
E Emily, talvez Kevin junto a ela, não era possível que Hunter tenha vindo sozinho.

Respirou fundo e tentou se levantar da cama, péssima desição por sinal, por que ela sentiu uma dor enorme de cabeça, então a tocou de leve.
Hunter acordou assustado, talvez pelo barulho alto que a menina fez ao tentar levantar.

- Não faça isso. - disse ele levantando, se recompondo, ainda com a voz rouca.

- Quem é você pra ditar o que eu faço ou não?

- calma lá, acordou com o pé esquerdo é? - ele sorriu.

ele sorriu? realmente tinha sorrido ou Prissy estava ficando louca? aquilo era realmente um sorriso, ele sorriu para ela, sorriu.
Ok, certamente, Prissy tinha entrado em uma realidade alternativa onde Hunter era gentil e amigável, e principalmente, não a odiava.

- O que aconteceu? Por que eu to aqui, e principalmente por que você tá aqui? - ela perguntou ao voltar para a cama.

- Bom, Richard nos contou - Ah graças a deus, ele não tinha ido sozinho - "que ele recebeu uma ligação do hospital, dizendo que você sofreu um acidente de carro. " - ele explicou, ainda sonolento.

Legal, que ano incrível que Prissy estava tendo, primeiro, sua mãe é assassinada pelo seu próprio pai, depois, é assediada na escola e agora sofrerá um acidente de carro.
Ela tentou imaginar quantos espelhos tinha quebrado ou quantas escadas ela passou por baixo.

Ela abriu a boca e não falou nada
depois soltou:
- Uau, que legal, e por um acaso, meu irmão está la fora, dando uma palestra de como se deve dirigir corretamente e que eu sou um péssimo exemplo. - eles ficaram em silêncio por um momento.

- exatamente. - Hunter sussurrou.

A porta se abriu e Emily, Kevin e Richard entraram, assim que a viram acordada e estável, o olhar preocupado de todos se tornou aliviado.

Emily correu para abraçar a amiga.
Em seguida, lhe deu um tapa no braço.

- Ai, Cacete! - Prissy colocou a mão no braço, o segurando forte.

- Você me assustou! Pensei que tinha morrido! - ela falou desesperada.

- Eu costumo ter esse tipo de sorte. - ela sorriu.

O coração de Hunter começou a bater forte, nunca soube que um sorriso poderia acelerar um coração tanto assim, o que diabos estava acontecendo com ele?
Ele pigarreou e fingiu que estava tudo bem olhando fixamente para a janela.

- Eu quero ir ai e te esganar! - disse Richard - Você sabe o quanto eu te ensino sobre o trânsito e quanto é perigo...

- Tá bom! Eu entendi, foi mal, não faço de novo.
Richard suspirou.
- Sabe, eu to cheia de energia, quando eu vou levar alta?

- Não sei, o médico disse que se você se sair muito bem nos testes, talvez daqui uns três dias.

- Três dias?! É muita coisa, eu não vou aguentar...

Mas antes que Prissy pudesse terminar a frase, a porta fechada do quarto se abriu com força.
A baixista arregalou os olhos quando viu quem era.

Ele usava calça jeans preta, jaqueta de couro de mesma cor, e os irreconhecíveis cabelos vermelhos.
E estava...ofegante?