Capítulo 2

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Celso

Mais um dia. Era isso que eu pensava,  quando eu acordava toda manhã. Levantei, me olhei no espelho, as olheiras estavam mais visíveis do que nunca. A noite anterior foi a base de whisky, eu só conseguia dormir assim. Desde aquele maldito acidente, ele assombrava as minhas noites e tudo que me restava era aquela garrafa de liquido, de cor caramelada que me fazia companhia até me fazer apagar.

Meu terapeuta Henrique, me dizia que não era saudável, mais os relaxantes não eram suficientes para me dar paz.

Molhei o rosto, e fui para o chuveiro com água quente, a água era um bálsamo pra mim, me fazia relaxar. Eu estava atrasado mais isso não era importante. Eu devia me recompor e fingir que estava bem, era isso que eu fazia a meses, ou melhor anos. Fingir que estou bem.

Depois que sai do banho, escutei dona Eunice na cozinha, ela foi a pessoa que me restou naquela casa enorme, eu gostava da sua companhia, afinal já trabalhava para a família Cunha a anos.

Desci para a cozinha, tomei um copo de suco de laranja, e comi uma torrada com requeijão. Aquela mesa vazia me deixava triste. Os sorrisos, o bater dos talheres, os olhares deles, tudo me fazia sentir a falta das duas pessoas que mais amei na vida.

— Dona Eunice não precisa vir amanhã. Será seu dia de folga no meio da semana aproveite. — falei enquanto pegava minha mala na qual guardava alguns papéis da AnglosTur.

— Tem certeza seu Celso que não irá precisar de mim? — ela pergunta já tirando a mesa do café da manhã.

— Tenho sim. — afirmo. Pego minhas chaves penduradas próxima a porta de saída e vou para a garagem.

Entro no meu SUV preto, coloco meus óculos de sol, e dirijo até o centro da cidade. Uns trinta minutos depois entro na recepção recebendo "bom dia" dos funcionários, "não tenho um bom dia, a anos" pensei seguindo para o elevador principal, olho no meu relógio já era bem tarde, acho que nunca cheguei tão atrasado.

Alguns segundos com o elevador subindo ao sétimo andar noto que nem precisei apertar o botão para o saguão sete, uma interrupção elétrica faz o elevador parar bruscamente, senti o peso de um corpo em meus braços, fiquei até satisfeito com o meu bom reflexo.

Segurei nos braços uma mulher. As luzes piscaram e quando voltou ao normal, pude prestar atenção na aparência da jovem, "eu não tinha notado a presença dela, no elevador" eu pude jurar que conhecia aqueles traços.

Rosto redondo, olhos profundos, bochechas rosadas, cabelos negros, com cachos definidos, senti o cheiro do finalizador do cabelo dela.  Olhos negros como o céu da noite. Sua semelhança com Luiza me assustou.

Apertei minhas mãos em volta de sua cintura, desejando não solta-la, desejando que ela jamais saísse da minha visão. Mas logo senti o elevador voltar a funcionar. Eu a soltei e perguntei se estava bem. Ela falou que sim. Ao ouvir sua voz doce, branda, me remeteu a voz mais doce que eu não ouvia, a exatos três anos.

Não era aquela mulher que estava falando, era Luiza, a minha Luiza. Abri os olhos assustados, só percebi que não estava mais com os óculos no rosto quando a ouvi pela segunda vez , perguntando se eu estava bem.

Mais uma vez fiquei perplexo e surpreso com a semelhança. Responde que sim e corri para fora do elevador ao ver as portas se abrirem. Depois de ver aquele anjo meu dia teve uma pequena melhora. Considerando a obsessão de revê-la.

Mas por agora minhas preocupações eram outras. No caminho para minha sala sou interrompido por Pedro, ele é meu assistente na Anglos a mais tempo do que me lembro, eu diria que ele é como um irmão para mim, mas seria exagero.

O Lado Garota de Amar Onde histórias criam vida. Descubra agora